quinta-feira, dezembro 31, 2009

DOU OU NÃO DOU


Por Letícia Vidica

Por mais modernas que nós mulheres tenhamos nos tornado e por mais sutiens que nós tenhamos queimado, há uma dúvida que vem desde os tempos das cavernas até o dos dias de hoje que nos ronda: dar ou não no primeiro encontro? Eu nunca ouvi que há uma regra de que não deva dar para o cara na primeira vez que vocês saem juntos, mas eu também nunca ouvi uma regra que diga que você tem que dar. Isso é muito subjuntivo e da cabeça de cada um...

- E aí, Lili, como foi o encontro ontem?
- Ai, o Cristian é um fofo..Acho que finalmente eu esqueci do Otávio...e gente o apartamento dele é o máximo!!!
- Eu sabia!! Você já foi pro apartamento do cara? E aposto que já deu para ele também.
- Ih, Betina. E o que que tem? - questionava Lili - Lá vem você com esse seu falso moralismo de que eu não devo dar pros caras na primeira vez. Isso não tem nada a ver.
- Ah, Bê...eu também acho...o que tem? Se os dois estiverem afim. - eu dizia
- Por isso que vocês vivem se lamentando depois...que o fulano não ligou mais, fugiu e ficam aí desesperada. Claro!! Vocês vão logo dando o doce na primeira!!! O que os coitados vão querer depois?

Para variar, a Betina jogava um balde de água fria em nós com suas duras declarações realistas. De certa forma, até que fazia sentido... ou não?
A Lili sempre foi uma romântica ao extremo. Cai em qualquer lábia e faz tudo pelo o amor. Até o próprio amor. Não faz jogo duro mesmo. Dá logo na primeira. Ela acha que é uma tática para segurar o príncipe encantado. Mas como sempre ela arruma sapo, ele come a perereca e sai zarpando no dia seguinte.

Já eu ainda estou em cima do muro. Nunca sei se dou ou não na primeira. Depende muito do pretendente. Prefiro analisar o cara, sentir o terreno e, acima de tudo, analisar as minhas pretensões com o tal homem e daí então eu decido se vou pro abate ou não.

Se eu estou há muito tempo na seca e pinta um peixão na rede que vá satisfazer os meus desejos, não faço doce não. É pimba na cachulinha logo na primeira. Produção fatal e amor foraz. Costumo usar essa tática também para aqueles carinhas que conheço na balada.

Mas, de vez em quando, pinta na minha rede aquele príncipe que eu tanto esperei e com esse, é claro, eu faço doce...

******

O Pedro foi um desses caras que eu fiz questão de fazer um docinho. Nós nos conhecemos em um bar. Naqueles típicos dias de depressão feminina quando a gente acha que o mundo está contra nós. Mas daí aparece um cara legal te enchendo de elogio e você até acredita que o cupido existe.

Começamos a sair. Primeiro, uma vez por semana, encontros casuais, cineminha, restaurante. Tudo na maior inocência. Mão dadas e beijinhos apenas. Porém, como todo relacionamento, as coisas começaram a esquentar. Passei a frequentar o apartamento dele para assistir a alguns DVDs com a desculpa de que ele queria algo mais reservado para nós. E daí começaram os amassos no sofá no meio do filme e os beijos mais acalorados até o dia que chega a hora final...

- Calma, Pedro. Vai com calma - eu dizia esbaforida e seminua no chão da sala da casa dele.
- O que foi? - perguntava o coitado com cara de assustado.
- Olha - eu dizia tentando me desvencilhar dos braços dele - o nosso lance tá muito legal, você é uma gracinha, mas acho melhor irmos com calma.
- Você não tá afim?
- Olha, eu tô super afim, mas acho que não é a hora. Me desculpe e espero que você me entenda...

.... - Como assim, Diana? Você deixou o cara de braguilha, literalmente aberta, e se mandou? - questionava Lili
- Certíssima. Finalmente você fez a coisa certa - aplaudia Betina
- Ai, gente, eu não quero que o nosso lance acabe de repente...tá tudo tão legal que eu acho que o sexo agora ia acabar com a magia.
- Pára de besteira, Diana. Isso não tem nada a ver. Aposto que o cara nem vai mais te procurar.
- Nem todos os caras são os sapos que você arruma, Lili. Só porque você dá para todo mundo não quer dizer que a Diana tenha que fazer o mesmo ne? - esbravejava o feminismo de Betina
- Calma, meninas. Não briguem por isso. O que importa é que eu acho que fiz a coisa certa e se ele não me procurar é porque não me merecia não é?
- Viu, Lili? Tem hora que a gente tem que valorizar o produto.

****

Confesso que na primeira semana da ausência do Pedro, a minha autoconfiança caiu geral e estava já assumindo o fora que eu tinha levado só porque não dei a periquita. Mas, milagres acontecem ...

'Trimmm'
- Alô? Pedro?
- Oi, Diana, tudo bem? Me desculpe te ligar só agora ... é que eu fiquei uma semana fora a trabalho e estava incomunicável.
- Não, tudo bem - mal ele sabia que eu já estava super feliz apenas com a sua ligação
- Queria saber se você não está afim de uma pizza lá em casa...o que acha?

Em menos de uma hora, eu estava na casa dele. O Pedro era um cara bem romântico e tudo já estava preparado. Velas na mesa, um bom vinho e ele de pizzaiolo. Enquanto, ele preparava as pizzas ficamos conversando.

- Di, eu queria te pedir desculpas.
- Desculpas? Pelo quê? O que você me fez, Pedro?
- Eu fiquei pensando e acho que fui realmente muito afoito com você. Espero que você não tenha ficado brava comigo.
- Que isso! De jeito nenhum... eu espero que você tenha me entendido.
- Claro. Acho mesmo que é melhor esperarmos o momento e quando você se sentir preparada.

Apesar de ter me sentido uma adolescente virgem boba com medo da primeira vez, fiquei mais e mais admirada por aquele homem. Passamos a noite toda comendo pizza, guloseimas e nos esbaldando no vinho. Como ficou tarde, acabei dormindo na casa dele, mas nada , nadica de nada rolou.

****

- Como assim o cara se desculpou por querer te comer? Ele não existe!
- Não é lindo, Betina?
- É inacreditável isso sim. Até eu que não acredito na integridade dos homens, confesso que tenho que me curvar para esse ser.
- Ai, como você exagera rs. Mas não vou conseguir ficar segurando por muito tempo e nem sei se quero...
- Tava bom demais para ser verdade.
- Betina! Faz três meses que a gente tá junto...está mais do que na hora de ver se vale a pena...e se não for tudo isso? Caio fora logo né?
- Você é quem sabe amiga...usando camisinha, você pode tudo e claro me liga no dia seguinte.

Mais alguns encontros, amassos, vinhos, jantares e o clima esquentando e como não podia deixar de ser tudo rolou bem natural.

Numa noite, o Pedro resolveu reunir alguns amigos na casa dele para comer uma pizza e conversar e, sem dizer oficialmente, fazer com que seus amigos conhecessem quem era a garota com quem ele estava saindo. Quando todo mundo já tinha ido embora, resolvi ficar para ajudá-lo a limpar a casa. Depois da faxina, suados, caímos no sofá e foi incrível. Apenas nos olhamos e o fogo surgiu. Beijos, amassos, roupa pra cá, roupa pra lá e tudo rolou. Ali mesmo no meio da sala. E foi incrível e no momento certo.

****

- Gentem...rolou!!!
- Até que enfim...e aí como foi? - perguntava Lili afoita
- Usou camisinha né?
- Usei, Dona Betina... Foi maravilhoso, intenso, incrível...não sei descrever...só sei que quero mais ... duas semanas e meia de amor sem parar hahahaha
- Ih...já vi que ficou apaixonada, né?
- Sabe como é, Betina, tem amor que quando bate fica...e acho que ficou.
- E o Cristian, Lili?
- Sumiu!
- Num falei? Já comeu o doce e para quê repetir né? - alfinetava Betina

Nem vou terminar nosso diálogo porque esse tipo de discussão não tem fim. O que importa é que com o Pedro fazer um doce foi a melhor saída, mas não sei se farei isso com todos...a não ser que muitos Pedros surjam na minha vida né?

PAPO DE CALCINHA: E você transa ou não no primeiro encontro?

domingo, dezembro 06, 2009

OU FODE OU SAI DE CIMA


Por Letícia Vidica

Uma das coisas que eu mais ODEIO no mundo é homem indeciso. Sabe aquele tipo que nem fode, mas também não sai de cima? Me dá gastura. Mas, como toda mulher que eu sou, já fiquei com uns tipinhos desse e o pior é que eu demorei para largar o osso. Ledo engano meu pensar que eu tinha conseguido fugir da peça...

- E aí, amiga, que cara é essa? - perguntava Betina ao ver os meus olhos vermelhos e inchados
- Aposto que passou a noite toda chorando por causa do Pierre.
- Pois é, Lili, por mais que eu odeie admitir ter chorado por um homem, mas eu chorei...
- Sabe eu não consigo entender..o Pierre parecia o homem perfeito... e do nada assim ficou confuso? - se indignava a princesa encatada da minha amiga Lili
- E desde quando existe homem perfeito, Liliana? - Betina respondia com choque de realidade
- Mas afinal de contas o que houve?

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Vamos então rebobinar a história.
Tudo parecia ir muito bem entre eu e o Pierre. Namoro numa boa, sexo umas tres vezes por semana, éramos cumplices e eu já até começava a amadurecer a idéia de dividir para sempre o resto dos meus dias com ele. Porém, de uma hora para outra. Assim como num passe de mágica, o Pierre perdeu a magia.

O gato começou a se calar, se ausentar...os nossos encontros que era diários passaram a quase que quinzenais, sexo então?! o que era isso? não me ligava mais todos os dias...Nosso namoro de quente foi ficando morno, frio, gelado e congelou. E o que eu como boa mulher fiz? Quando me dei conta que eu estava quase que perdendo o gato dos meus sonhos, comecei a pressioná-lo. Comecei a cobrá-lo por sua ausência e ele como bom homem...entendeu tudo errado. Virei a chata da história.

- Alô? Pierre?
- Quem fala?
- Como assim quem tá falando? A distância é tanta que já nem lembra mais da minha voz né? É a Diana. Sua namorada, se é que ainda posso me denominar assim.
- Oi, Diana. Desculpe a ligação estava ruim.
- Foi a ligação ruim que também te fez esquecer o meu endereço? O meu telefone? Faz mais de uma semana que você não dá um sinal de vida.
- Desculpe é que eu ando com a cabeça cheia de problemas.
- E que tal se você os dividisse comigo? Sempre pensei que seríamos parceiros na alegria e na dor. Sumir não vai resolver os seus problemas.
- Ok, ok. Mas para que esse desespero todo? Foi só uma semana.
- Saiba que uma semana para mim é muita coisa...mas acho que eu não tenho mais importância na sua vida
-Ai, Diana, pára. Sem melodrama. Essa encheção de saco já tá ficando chata.

Pois é, amigas, era daí para pior. E foram duas semanas nessa onda de cobrança e agindo como se eu fosse a errada da história. Os homens são mesmo engraçados. Virei a errada por cobrar a presença e a atenção do meu namorado.

Certo dia, Pierre me ligou e me convidou para sair. Queria conversar. Traduzindo, aí vinha bomba. Porém, resolvi agir completamente diferente do que eu vinha agindo. Até porque pensei muito antes daquela conversa e conclui que se é para ficar nessa loucura insana de cobrar atenção melhor seria ficar comigo mesma. Resolvi mais ouvir do que falar.

- Olha, Diana, não me leve a mal. Eu gosto muito de você. Você é a mulher que eu sempre sonhei, mas não dá. Eu preciso de um tempo para mim. Não estou num bom momento. E eu não acho justo te fazer sofrer mais, empatar a sua vida só por minha causa. Talvez seja melhor a gente parar tudo por aqui. E se eu me acertar um dia e você ainda me quiser né?

- Tudo bem, Pierre. Talvez seja melhor assim mesmo. Acho mesmo que eu mereço mais atenção e mendingá-la é tudo que eu menos quero. Espero que você se encontre. Seja feliz. - levantei, dei um beijo no rosto dele e saí sem me despedir.

É claro que eu queria ter dito várias e várias para ele, mas do que adiantaria? Nada ia mudar. Um cara que quer terminar, mas diz que me ama é algo que eu não consigo entender. Preferi chorar por uma noite calada e seguir sorrindo o resto dos dias.

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Voltando ao bar...

- Como assim ele tá confuso?Confuso com o quê, meu Deus!! Essa eu fiquei sem entender...
- Não força o cérebro, Lili. Vai sair fumaça e você não vai chegar a conclusão nenhuma.
- Mas e você, como está?
- Olha, gente, apesar de ter chorado, eu estou bem. Gosto muito do Pierre, eu achava que ele era um cara bacana, mas me decepcionei com a sua indecisão e fragilidade. E homens assim é o que eu não preciso. Já fiqueo tanto tempo sozinha o que custa mais um pouco?

Naquele momento, meu celular tocou. E eu atendi com cara de Gerson. Era o Pierre. Queria saber se eu estava bem e disse que tinha umas coisas para pegar na minha casa e se podia passar lá no dia seguinte.

E, no dia seguinte, Pierre apareceu para pegar os resquícios do nosso relacionamento. Convide-o para entrar e comer a minha nova gororoba. Ficamos conversando e ele simplesmente passou o dia todo em casa. Algo me dizia que ele não queria sair do meu lado. Era preciso, mas não era o que ele queria. Com muito custo ele foi embora, mas me fazendo prometer que eu não iria sumir, que eu ligaria para ele etc...Prometi, mas obviamente era algo que eu não cumpriria. Pelo menos, por um tempo.

O problema é que o Pierre cumpriu ao pé da letra. Quase toda semana, ele me ligava para saber como eu estava, para me perguntar alguma coisa, para inventar conversa, para buscar mais alguma coisa esquecida no meu apartamento. Cada hora era uma desculpa para ouvir a minha voz. Parecia um garoto inseguro que não sabe o que fazer.

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- Ai, gente, eu não aguento mais o Pierre!!
- Como assim? Vocês voltaram?
- Melhor seria viu? Nos não voltamos, Betina, mas ele simplesmente não me abandona. Não fode mais não sai de cima sabe? Fica me ligando todo dia toda hora com uma desculpa diferente.
- Típico de homem inseguro. Ele gosta de você, Di. Isso é fato.
- Ok. Mas eu estava aí cheia de amor para dar. Levei um pé na bunda e agora ele não quer desatolar? Assim não dá.
- Você vai ter que tomar uma atitude. Joga a real com ele, amiga. Não vai ter outra saída.

E foi o que eu fiz. Como já era previsto, Pierre inventou que tinha esquecido um par de meias verdes na minha casa e que ele iria precisar muito (como se não tivesse outros pares) e apareceu lá em casa. Era a minha deixa...

- E aí, Diana, como anda a vida?
- Então como eu te disse na semana passada, tá tudo bem. Sabe..eu preciso te dizer uma coisa...mas não me leve a mal...por favor, some da minha vida! Sem querer ser grossa, mas desde que a gente terminou você não me deixou respirar...nao que eu não queira manter uma amizade...mas não há ser humano que consiga se desligar tão rápido assim...eu preciso de um tempo para mim...e quando eu estiver preparada para assumir essa amizade...eu te procuro com certeza...
- Poxa, Diana...eu nem tinha percebido que estava sendo tão pentelho assim...mas é que eu tenho que confessar que eu não consigo ficar sem você...tenho necessidade de te ver, ouvir sua voz...mas prometo que vou desaparecer...

Ele me olhou fundo nos olhos e os seus brilharam com lágrimas a transbordar. Ele me deu um abraço apertado e saiu em silêncio.

Confesso que meu coração palpitou ao vê-lo partir, mas prefiro esperar se ele vai decidir de fode ou se sai de cima.

PAPO DE CALCINHA: Você gosta e/ou já se envolveu com homens confusos?

quinta-feira, outubro 22, 2009

RATA DE PROMOÇÃO


Por Letícia Vidica

'Não, eu não vou olhar'. 'Se segura, Diana. Você vai resistir...'. 'Ai, meu Deus, que tortura chinesa'. 'Ai, não deu'. Entrei, provei, comprei. A cena era sempre a mesma quando eu me deparava com uma loja de sapatos. Eu sou fanática por sapatos. E quando passo em frente a uma loja parece que um imã me suga e eu não consigo resistir. Pior do que ser megalomaníaca por sapatos, eu sou tarada por promoção. Sou uma rata de promoção. Mas que mulher não é?

Maldito o bisavô do Aurélio que inventou essas palavrinhas mágicas: PROMOÇÃO, LIQUIDAÇÃO, 50% DE DESCONTO. E pior ainda esse primo lorde inglês que deu uma gabaritada nas palavras as deixando ainda mais atraente. OFF. Essa palavrinha soa como música aos meus ouvidos.

E aquele era mais um daqueles dias que eu não tinha conseguido resistir aos sapatos. Vi um par lindo que eu tanto estava namorando e em promoção?! Eu tinha que entrar e comprar. Seria um crime se eu não tivesse feito isso. Entrei, comprei e pronto. E que importância faz se eu já tinha um igual, mas era de outra cor né?

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- Que sapato lindo, Di - babava Lili nos meus pezinhos graciosos naquele sapato
- Comprei essa semana. Não resisti. Em promoção, gente?! Tive que comprar. Cartãozinho de crédito nele , 10 vezes sem juros...
- Depois reclama que fica toda endividada... - resmungava a sobrinha do Tio Patinhas, Betina Maria
- O que importa é ser feliz, Betina! Dessa vida é isso que a gente leva...depois a gente vê como paga...
- Eles são lindos mesmo, mas ... peraí, você não tem um vermelho desses?
- É, Lili, pois é...eu tenho um preto e um vermelho...mas eu não tinha o roxo né? Vai combinar direitinho com um brinco que eu tenho...
- Diana, qualquer dia você vai ter que sair de casa para os seus sapatos entrarem!!!
- Meninas, sábado vai rolar um bazar de multimarcas irado...só marcas internacionais...vamos né?
- Nem precisa insistir...eu tô dentro!
- Podem me incluir fora dessa. Ficar naquela loucura se estapeando por uma roupa?! Deus me livre.
- Depois reclama que só tem roupa velha. Você está intimada a ir conosco, Betina. Você tá precisando urgentemente renovar o seu guarda roupa. - intimava Lili porque ela até podia não entender os homens, mas de moda ela entendia.

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- Gata, vamos para praia amanhã tá? - intimava o meu querido namorado Pierre esparramado no meu sofá naquela noite quente de sexta-feira.
- Como assim?! E você me avisa agora? Eu não vou.
- E posso saber porque?
- Tenho um compromisso inadiável amanhã...
- E posso saber com quem?
- Amanhã vai rolar um mega bazar e eu vou com as meninas. Não posso perder.
- E deixar de ir para praia comigo você pode? Diana, comprar roupa para quê?
- Como para quê? Eu estou praticamente pelada...não tenho nada para vestir...além do mais eu nunca perco uma promoção.
- Depois fica chorando as pitangas para mim que não tem dinheiro para pagar o cartão, né?
- Vai ficar jogando na cara agora é? Pode deixar que eu me viro para pagar as minhas contas ok?
- Não precisa ficar brava...só acho que você anda gastando demais com roupa...nunca vi...porque mulher tem essa mania de comprar roupas sem parar?
- Talvez porque a gente não queira ser como vocês...sempre a mesma bermuda bege e a camiseta branca...e você não tinha que reclamar não...eu quero ficar bonita para você...
- Linda, até de trapo você fica bonita ok? E aí vamos à praia?
- Posso até ir...mas só depois que eu comprar um biquini lindo que eu já vi e está com 30% de desconto...

Não adiantava. Nem pelo Pierre eu perco uma promoção.

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Sábado. 30 graus. Seis horas da manhã. Eu, Lili e Betina já estávamos com o pé na estrada rumo às compras. Eu e a Lili seguíamos alegre a cantar a imaginar o que compraríamos no bazar. A Betina, com os seus óculos escuros, permaneceu bicuda e calada o tempo todo. Quando abria a boca era para reclamar do calor, da demora e da loucura que ela estava fazendo por nós.

Depois de duas horas de estrada chegamos ao Outlet. Foram mais 30 minutos para achar uma vaga no estacionamento e mais uma hora em pé na fila esperando a porta da esperança abrir. Mas vale tudo para comprar né?

- Gente, vamos embora. Olha isso...a gente não vai conseguri comprar nem uma calcinha.
- Larga mão de ser chata, Betina. Até parece que eu não vou embora justo agora. - dizia Lili
- Parem de brigar e vamos logo que a porta abriu.

O portão abriu e parece uma boiada em disparada. Loucura total. Tropecei no pé de alguém, quase perdi a bolsa e me perdi das meninas, mas conseguimos nos reencontrar e entramos na nossa loja preferida a Mary's. Acho que dei soco numas dez, pisei no pé de umas vinte, até briguei com uma loura empinada por causa de uma blusinha que eu peguei primeiro e a folgada ainda hesitou que a blusa não serviria em mim?

Depois de beliscões, empurrões, pisadas no pé, muito calor e três horas na disputa por boas roupas e baratas, consegui sair de lá cheia de sacolas e feliz da vida.

- Ué cadê suas sacolas, Betina?
- Vocês acharam mesmo que eu ia me estapear nesse lugar?
- E perder a oportunidade de comprar uma Mary's com 90% de desconto? Você é maluca mesmo, Bê...mas não se preocupe. A gente comprou umas roupitchas novas para você.

Entramos no carro e enfrentamos mais duas horas de viagem felizes da vida e satisfeitísimas pela economia ilusória que fizemos, mas valeu a pena. E uma promoção sempre valerá. Aguardo a próxima!

PAPO DE CALCINHA: E você, também é louca por uma promoção?

quarta-feira, outubro 14, 2009

DISCUTINDO A RELAÇÃO


Por Letícia Vidica

Crise...eu sempre ouvi falar que todo casal - seja namorado, casado, enrolado ou amante - um dia vai passar por uma crise. Seja hoje, amanhã ou depois, mas ela vai chegar. E a minha havia chegado. E num momento como esse nada melhor do que conversar e beber umas cervejas (na ordem que você quiser) com suas melhores amigas...

- Que cara é essa, Diana? - perguntava Betina percebendo que eu não estava nada bem
- Meu namoro está uma merda!! - eu disse ao dar o último gole na cerveja e bater o copo com força na mesa.
- Nossa, mas o que o Pierre fez?
- Esse é o problema, Lili...o Pierre não fez nada...não faz nada...
- Então eu não tô entendendo, Diana... você está querendo terminar o seu namoro, é isso?
- Ai, Bê...eu não sei...não é isso...eu gosto do Pierre, mas tá tudo muito na mesma, a mesmice de sempre sabe? O mesmo beijo, os mesmos filmes, as mesmas meias amarelas que ele usa deitado no sofá de casa, as mesmas posições...esse mesmo do mesmo tá me irritando...sem contar que eu não aguento mais ver ele enfurnado na minha casa.
- Quem não te conhece que te compre hein, Diana?! Nunca vi pessoa mais confusa.

Minhas amigas estavam certas. Eu estava confusa. Ou melhor, nós mulheres somos confusas. Queremos sempre aquilo que não nos dão e se nos dão não queremos mais. Se tenho o preto quero o branco, se tá gelado quero quente, se está inverno quero verão... Ai, meu Deus, bem que Eva poderia ter facilitado né?

Eu e o Pierre estávamos juntos há um ano e meio e parecia (pelo menos para mim) que a gente tinha caído na rotina. Tudo que eu sempre odiei (e temi!!!) num relacionamento era a rotina. Já vi muitos relacionamentos que morreram por causa dela. No começo, nosso namoro foi fogo, paixão, surpresas, novidades. Só que agora a gente parecia um casal que acaba de completar bodas de ouro e com sua vidinha programada. Nos víamos nos mesmos dias de sempre, nos falávamos na mesma hora cotidiana, ele sempre chegava na minha casa e fazia as mesmas coisas, até na cama a gente já não inventava mais (será que eu já tinha testado todas as posições do Kama Sutra?). O que eu sabia é que daquele jeito não dava mais para ficar.

*********

Domingo. Três horas da tarde. Como sempre, o Pierre estava deitado de meias amarelas no sofá da minha casa embaixo do meu edredon preferido de infância zapeando de canal. Como sempre, ele pediria que eu sentasse do ladinho dele, fizesse cafuné, o clima ia esquentar e a gente ia transar até o jogo do Corinthians começar. Foi dito e feito.

- Amore - pediu com voz de gatinho manhoso - senta aqui do meu ladinho e me faz um cafuné
- Não quero. Não tô afim - eu dizia debruçada na sacada do apartamento enquanto olhava o movimento na rua para ver se me animava um pouco
- Mas você sempre faz isso?! - questionava o gato manhoso com voz de criança mimada
- Por isso mesmo. A gente sempre faz isso.
- Não tô te entendendo, Diana...o que foi que eu fiz?
- Nada, Pierre, você nunca faz nada.
- Você está de TPM?
- Caramba, meu Deus...será que nós mulheres não temos o direito de ficarmos com a pá virada sem estar de TPM?!
- Claro que tem desde que eu entenda o porquê você está tão irritada assim.
- Será que você não percebe que estamos vivendo uma crise, Pierre?
- Crise?! Que crise? Eu não estou vendo crise nenhuma...isso deve ser coisa da sua cabeça, Diana.
- É sempre coisa da minha cabeça né?
- Quer saber de uma coisa? Eu vou embora e amanhã a gente conversa quando você estiver mais calma.
- Ahá...homens, homens...são todos iguais. Sempre saindo pela culatra para evitar discutir a relação né? Mas tudo bem...pode ir...vai, mas vai e só volte quando eu pedir.

Pierre me olhou com olhos de raiva e de quem também não estava entendendo o porquê tinha sido o alvo, pegou suas coisas e saiu batendo a porta sem dizer nada. Eu sei que eu estava colocando em jogo o meu namoro e que ele poderia nunca mais voltar, mas eu precisava nos testar. Uma coisa eu aprendi nos tombos que levei na vida: homens só agem sob pressão. Quem sabe assim o Pierre ia parar e repensar o nosso relacionamento? Ou então ia acordar e ver que a gente estava precisando de mais cor?

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Duas semanas se passaram e o Pierre tinha sumido do mapa. Nenhum telefonema, nenhum email, nenhum scrap ou sinal de fumaça. Confesso que já estava achando tudo aquilo muito estranho. Será que ele tinha desistido de mim?

- Diana, pelo amor de Deus, para de comer chocolates!! - brigava Betina enquanto eu me empanturrava de uma caixa de bis deitada no sofá
- Os chocolates são a única coisa que curam minha carência.
- Carência? Me poupe, Diana...foi você quem escurraçou o Pierre da sua vida
- Eu não escurracei o Pierre!!!!...eu apenas pedi um tempo ...só isso!
- E se você pediu o tempo porque tá com essa cara de enterro?
- Porque eu tenho confessar que ele está fazendo falta.
- Liga para ele.
- Mas eu não queria que fosse assim. Ele tem que se tocar que a gente está em crise e que precisamos melhorar.
- Diana, você depois de trocentos relacionamentos ainda não aprendeu que os homens não tem sexto sentido e por isso nunca enxergam que estão numa crise se a gente não disser?

A Betina estava certa, apesar de relutar por uma semana eu tive que dar o primeiro passo e ligar para o Pierre. Combinamos de nos encontrar na sexta à noite na minha casa. Ele chegou pontualmente e com uma cara não muito boa.

- Pode falar, Diana - como eu odeio esse ar de superioridade que os homens tem o dom de assumir quando a gente vai ter uma DR - discussão de relacionamento
- Acho que a gente precisa conversar né? - eu disse com voz meiga e doce para amansar o clima
- Por isso mesmo eu estou aqui...pode falar...sou todo ouvidos - respondeu Pierre com o seu pior grau de arrogância, mas eu não podia cair no jogo dele.
- Acho que você não deve ter entendido nada do que eu fiz, mas era necessário. Eu gosto muito de você, mas a gente está passando por uma crise e isso não dá para negar. Será que você não vê? Nós não somos mais aquele casal cheio de vida , de energia, de tesão...lembra como a gente era? A gente se perdeu...descumprimos a promessa de que não cairíamos na rotina, mas a gente caiu...eu sei que a culpa não é só sua...é minha também...mas me irritou muito o fato de você achar que estava tudo bem.
- Olha, Diana, eu ainda não sou adivinha. Esse dom, infelizmente, Deus não me deu (ele nem precisava falar isso. Eu já sabia). Tudo bem que você ache que a gente já não é o mesmo, achei que isso era normal. Acontece com todos os casais. E teria sido bem melhor se ao invés de me expulsar da sua casa como uma blusa velha que você não quer mais usar...se a gente tivesse conversado. Como agora. Como dois adultos.
- Eu sei que eu posso até ter sido infantil, Pi...mas eu não sei o que me deu...na hora subiu aquela raiva, aquele desespero de sair da mesmice que foi a primeira reação que eu tive...mas essas três semanas longe de você me fizeram pensar e eu descobri que viver na mesmice é ficar sem você.
- Eu também pensei muito nesses dias e cheguei a conclusão, Diana, que eu preciso de um tempo.

Como assim ele precisava de um tempo?! Ele tinha que me lascar um beijo, dizer que me ama, pegar as flores no carro e fazermos amor desesperadamente no chão da minha sala. Dizer que queria um tempo não fazia parte do script. Mas infelizmente a vida não é um filme.

- Tudo bem, eu entendo. Vou respeitar o seu tempo. E quando você chegar a uma conclusão espero que eu possa ser comunicada.

Nos abraçamos num tom de último abraço e ele saiu pela mesma porta que eu o expulsei. Riam. Podem rir...eu sei que estava provando do meu próprio veneno. Mas poxa, ele poderia ter facilitado né?

- Facilitar, Diana?! Me poupe...você cria uma crise entre vocês que nem existia...ela realmente aparece, você enxota o cara da sua vida e espera que ele te receba jogando rosas de helicópteros na varanda da sua casa?
- Você bem que podia ser menos realista né, Betina?
- Se eu fosse você corria atrás dele...esse negócio de tempo só vai fazer ele escapar e se afastar de você.
- E onde fica o meu orgulho, Lili? Eu disse a ele que respeitaria o tempo e preciso cumprir a promessa por mais duro que seja.

**********************************

E duro foi...o Pierre desapareceu da minha vida por um mês. Ficou incomunicável. Até a Dona Mary, minha sogra, me ligou algumas vezes para entender o que estava acontecendo, mas se nem eu estava entendendo como eu ia fazê-la entender, você me entende? Cheguei a pensar que meu namoro realmente tinha chegado ao fim e por culpa minha. Não, não era culpa minha. Era culpa nossa. Culpa do nosso orgulho, da rotina que nos enfiamos, do nosso cotidiano que nos matou e da nossa falta de coragem de dar o braço a torcer.

Foi num dia desses desesperançado da vida que o Pierre apareceu na minha casa. Estava com um semblante enigmático. Desses que só os homens conseguem fazer. Tentei disfarçar, mas meu coração acelerou. Era a hora da decisão final...

- Posso entrar? - perguntava Pierre num certo tom de formalidade
- Claro...fique à vontade...você nem precisa pedir. Quer um café, uma água? - é incrível como a gente fica sem saber o que falar, perde o tom , fica parecendo barata tonta na frente de uma pessoa que até ontem era tão íntima
- Não, não quero nada não.
- Então...
O silêncio prevaleceu. O Pierre esfregou as mãos suadas de nervoso e eu fiquei ali esperando que ele dissesse algo.
- Olha, Diana...eu pensei muito na gente esses dias...
- Ah que bom...e pensou o quê? - fala, fala logo
- Pensei e cheguei a conclusão de que você está certa.
Eu certa? Certa do quê meu Deus...
- A gente realmente se perdeu e não percebeu. Eu não tinha reparado que tudo estava na mesmice como você me disse...agradeço por me fazer enxergar isso...a mesmice cansa mesmo né?
- E como...
- Mas eu gosto dela.
Já vi tudo...
- Eu gosto de acordar todos os dias depois de ter sonhado com a mesma mulher, de ligar pela manhã e dar bom dia para a mesma mulher, de me acabar de prazer suado nos braços da mesma mulher, de beijar, abraçar e chorar nos braços da mesma mulher. Eu gosto da sua mesmice, Diana. Mas o que me preocupa é que eu acho que você já não gosta mais da minha mesmice.

Naquele momento, um punhal cravou meu peito e eu fiquei sem palavras, sem ar e sem saber o que dizer. O Pierre com toda a sua objetividade masculina tinha chegado a melhor conclusão de toda a minha vida. Eu não tinha parado para pensar nisso...

- Não fale besteira, Pierre...
- Não é besteira, Diana. Seja sincera. O nosso problema é que somos os mesmos e talvez a mesmice que te incomoda seja a mesmice de ter o mesmo homem por tanto tempo. Será que você está preparada para isso? Um ano e meio com o mesmo homem não é fácil.
- Desse jeito você está me ofendendo, Pierre.
- Não é isso que eu quero...só quero saber se você ainda gosta da minha mesmice...porque eu posso até mudar, te encher de rosas, fazermos sexo em locais inusitados...mas ainda serei o mesmo Pierre.

O Pierre conseguiu atingir o meu ponto fraco. O problema de toda nossa relação estava no fato de eu estar tanto tempo com o mesmo cara. Eu - que era uma pessoa tão inconstante na busca incessante pelo príncipe - e agora quando acho quero pular do cavalo?!

- Olha, Pierre...realmente não é fácil para mim ficar tanto tempo com uma única pessoa. Você sabe muito bem que por anos eu pulei de galho em galho...mas se eu pulei não era porque eu gosto disso ou não goste de mesmice...é porque simplesmente eu não tinha encontrado ninguém como você...e em toda a minha loucura de mulher acho que me assustei um pouco com o fato de que eu achei o meu ponto de parada e isso me assustou um pouco que eu comecei a exigir a inconstância dos meus relacionamentos nada duradouros...mas que adianta viver de sonho se ele é em vão né?

Nos olhamos, nos aproximamos e nos beijamos com o mesmo ardor da primeira vez. Naquele beijo que era tão o mesmo mas ao mesmo tempo tão diferente, eu percebi que eu amo a mesmice do Pierre.

Confesso que aquela crise reacendeu o nosso amor. Nos acostumamos com as nossas mesmices e continuamos felizes para sempre. Ou pelo menos até a próxima crise nos pegar?

PAPO DE CALCINHA: Qual foi a pior crise que você já passou? Como superou essa DR?

segunda-feira, outubro 05, 2009

CADA UM NO SEU QUADRADO


Por Letícia Vidica


Aquele era um dos meses que minha conta bancária estava sorrindo. Eu havia recebido uma bonificação bem gordinha, por sinal, por um trabalho que fiz na agência. Por isso, resolvi aplicar a grana na reforma do meu apartamento que há muitos anos estava com a mesma cara, o mesmo tapete, a mesma parede e mesmo do mesmo me irrita profundamente. Resolvi radicalizar e reformar. Só tinha um probleminha. Eu teria que sair para que a reforma entrasse e para onde eu iria?

- Ai, amiga, você pode ficar lá em casa se quiser...vou adorar ter uma companhia para conversar - oferecia gentilmente Lili a sua casa.

Apesar do convite ter sido feito de forma tão doce e sutil, eu tive que recusar. Eu não aguentaria passar um mês entre as brigas e vai e vem da Lili e o Otávio. Docemente eu recusei.

- Di, se quiser já sabe né? Meu apê é pequeno, mas parece coração de mãe. - oferecia Betina com aquele seu jeito despojado.

Mesmo sabendo que eu e a Betinha tinhamos muito em comum e que eu escaparia das brigas da Lili e do seu sapo príncipe, sei muito bem o gênio que a Betina tem e seria briga na certa. Somos amigas, mas cada uma no seu quadrado é melhor.

- Diana, que história é essa de que você vai reformar o seu apartamento e não me fala nada?

Nem preciso dizer que era minha mãe me ligando e me cobrando porque eu não avisei que ia reformar minha casa. Apesar de estar fora da casa dos meus pais há anos, minha mãe ainda acha que tem domínio sobre a minha vida e fica desapontadíssima se eu não aviso a ela sobre os meus passos.

- Agora não vai me dizer que não vir para cá né?

Seria uma ofensa dizer não para a minha mãe, mas preferi ofendê-la do que passar um mês em meio a guerra.

- Gata, fica lá em casa. Não tem problema...
- Ah, Pi, mas e a sua mãe?
- Tá tudo certo...já falei com ela. Ela topou e já está te esperando.

Resolvi fazer as malas e me mudar para casa do Pierre. Achei que ia ser uma boa idéia, afinal de contas seria um mês mais próxima do meu gatinho. Não tinha como ser uma cilada, tinha?

******************************************

Cheguei de mala e cuia na casa do Pierre. A mãe dele me recebeu super bem como era de praxe. Me instalei no quarto do Pierre e na primeira semana bem que eu estava gostando da experiência. Trocávamos confidências, a mãe dele me tratava com o se eu fosse a filha que ela nunca teve, era Diana para cá, Didi pra lá, mandava a Neide (a cozinheira) todos os dias fazer o cardápio à minha moda. Confesso que até me espantei com tanta hospitalidade...

- Diana, meu amor, desça logo para comer porque eu mandei a Neide preparar um salmãozinho que eu sei que você ama!!!
- Hmmm...que delícia...não precisa tanto...
- Desse jeito eu vou ficar com ciúmes, mãe - lamentava Pierre com ciúmes do tratamento da mãe comigo.

Porém, tudo que é bom dura pouco né e com o passar dos dias aquela cordialidade toda começou a me sufocar...

...certo dia cheguei em casa (ou melhor na casa do Pierre) cansada, estressada depois de um dia estafante de trabalho. Subi para tomar banho e quando entrei no quarto cadê a minha mala? Minhas coisas haviam sumido!!!!

- Neide, você viu as minhas coisas?
- Ah, a patroa pediu que eu arrumasse no armário... e eu coloquei umas roupas para lavar também. Ah e sabe aquela sua jaquetinha rosa que estava na cadeira? A Meg comeu!!

Detalhe: quase todas as minhas roupas estavam lavando. Será que eu sou tão suja assim? Se não bastasse minhas roupas terem virado alimento da cachorrinha e estarem todas na lavanderia, minha querida sogra simplesmente se deu o direito de fazer uma triagem nas minhas roupas e mandou algumas para reforma, outras foram para o bazar beneficente das donas de casa sem nada para fazer , ganhei outras novas, ou seja, invasão total de privacidade. Tentei engolir essa, desceu com gosto amargo, demorei para digerir mas não quis criar conflitos porque eu era apenas uma visita e briga com sogra é coisa que toda nora deve evitar.

****************************************************

- Ai, meninas, ainda bem que vocês puderam me ver. Eu precisava respirar.
- Nossa, Diana, o que foi?
- Ai, Lili, eu não aguento mais a mãe do Pierre. A veia simplesmente está me sufocando.
- Eu disse para você ficar lá em casa, mas você preferiu ficar na casa do gatinho!!!
- E eu ia adivinhar que ela era louca e sufocadora, Betina?!
- Mas o que aconteceu?
- Aconteceu que eu não tenho mais liberdade. Acreditam que ela reformou todo o meu guarda roupa? Jogou minhas roupas fora porque achou que estavam velhas e bregas. O que aquela perua entende de moda?! Deu aquele meu vestido de bolinhas retrô que eu amo para o bazar beneficente daquelas velhas sem ter o que fazer?!! Ai, meninas, vocês precisam ir no bazar recuperar o meu vestido!!! Sem contar que ela controla a hora que eu chego, que eu levanto, que eu saio, que eu como...fica ouvindo conversas minhas e do Pierre atrás da porta...eu não aguento mais...
- E o Pierre?
- Ah, o Pierre...ele é um palerma...não faz nada...só diz para eu ter calma que a mãe dele só quer me agradar...é mãe né? Ele nunca vai ficar contra ela.
- Então porque você não arranja uma desculpa e fica lá em casa?
- Ai, obrigada, Lili...mas eu não posso sair assim e só faltam duas semanas para reforma acabar... eu vou ter que aguentar esse inferno.

***************************************************

Resolvi que não me abalaria com a falta de privacidade, mas estava cada dia mais difícil.
Era sábado. O Pierre tinha saído para jogar bola com alguns amigos e eu fiquei dormindo. Estava tão cansada que embalei no sono e nem vi que estava passando dos limites. Mas até aí eu não estava incomodando ninguém. De repente, fui acordada (ou enxotada) pela Neide com sua vassoura e minha sogra gritando atrás:

- Hora de acordar mocinha...está um lindo sol lá fora e você vai lá no bazar comigo.
- Bommm dia... - eu disse com a cara amassada - eu vou onde?
- No bazar comigo...já falei para todas as minhas amigas que você vai nos ajudar...
- Poxa, dona Mary, eu adoraria...mas hoje eu fiquei de fiscalizar a obra lá no meu apartamento...o pedreiro está me esperando...
- Ah, ele ligou aqui e já desmarquei com ele.
- Como assim a senhora desmarcou???!!!
- Desmarquei, meu amor. Você estava aí hibernando e como você vai comigo no bazar.
Como eu não tenho sangue de barata, resolvi atacar a velha.
- Como assim desmarcou e eu vou no bazar? Eu não vou a lugar nenhum!!! A senhora ficou louca? Só pode ser...como pode desmarcar um compromisso meu? Sabe muito bem que eu estou reformando o meu apartamento...
- Eu só quis te ajudar, meu amor...além do mais para que pressa de ir embora??? Acho até que você devia vender esse apartamento e se mudar para cá.
- Isso é uma piada né?

Nesse momento, Pierre chegou e pegou nossa conversa acalorada. Logo se tocou que estávamos trocando palavras nada carinhosas.

- O que está acontecendo aqui?
- A sua mãe - eu comecei a tentar me explicar, mas a minha sogra logo se intrometeu...
- Nada, filho. Besteira da Diana. Olha, Di, tô te esperando lá embaixo...vê se desce logo porque não podemos nos atrasar hein?

....

- Eu não aguento mais, Pierre. Eu vou embora!
- Como assim vai embora?
- A sua mãe...a sua mãe me sufoca. Você nao sabe o que ela fez...ela desmarcou com o pedreiro e está me obrigando a ir nesse bazar com ela...sem contar que ela doou as minhas roupas...se eu ficar aqui mais um minuto eu vou morrer sem ar...
- Você não acha que está exagerando, Diana? A minha mãe só quer te agradar...
- Exagerando eu?! Sua mãe não quer me agradar, ela quer me sufocar...olha eu amo você, mas se eu ficar aqui mais um minuto vai ser a morte do nosso relacionamento e eu não quero me desentender mais com a sua mãe do que eu já me desentendi.
- Dá um tempinho, gata. Eu vou falar com ela.

*********************************

O Pierre até falou com ela, mas nada adiantou. Ela começou a se fazer de vítima e tudo que ela fazia para mim se justificava que era para o meu bem, se eu não me incomodaria e dessa forma sobrevivi aos últimos dias.

- Obrigada pela estadia, dona Mary - eu disse aliviada e pronta para voltar para meu apartamento reformado em folha
- Que isso. Espero que tenha gostado. Sempre que quiser voltar será um prazer.
- Claro...- claro que eu jamais voltaria aqueles tinham sido os dias mais difíceis da minha vida.

...

- Oi, Di, o bom filho a casa torna? - dizia Betina ao telefone para saber como tinha sido o retorno para o apê
- Graças a Deus eu tenho casa para retornar né?
- Ué achei que você tinha gostado da vidinha a três (risos)
- Nem por brincadeira, Bê... eu amo o meu namorado, mas aguentar a mãe dele é amor demais para mim...só sei que eu aprendi uma lição...eu amo a minha privacidade e namoro a parte e melhor cada um no seu quadrado...hahahahahahaha

Papo de Calcinha: Você já passou por alguma situação semelhante ou teve sua privacidade diminuída por dividir a casa com alguém?

sábado, setembro 19, 2009

AQUELE PORRE


Por Letícia Vidica

Primeiro porre é como primeira vez. Todo mundo vai ter um dia, nem sempre é tão bom e ninguém nunca mais esquece. Apesar de ser uma experiência vivida por muita gente os efeitos não são os mesmos para todo mundo, mas as desculpas de quem quer tomar um porre são quase sempre as mesmas:

Tem gente que toma um porre para se libertar. Sabe aqueles caras ou aquelas minas que são tímidas, mas aproveitam a bebedeira para se libertar dos paradigmas, dançar o Créu em cima da mesa do bar na maior naturalidade e não sentir a menor culpa por isso? Ou para dar para o primeiro cara que te olha e acordar descabelada no dia seguinte na cama de um desconhecido sem o menor pudor?

Tem gente que toma um porre para afogar as mágoas, o típico porre romântico. Levou um fora do gato e precisa de um consolo. Nada melhor do que um porre para consolar. O porre nesse caso se torna o melhor terapeuta que alguns podem ter. É beber e chorar, chorar e beber na ordem que você quiser.

Tem gente que toma um porre para se socializar. Já parou para pensar que se não fosse aquele porre muita gente por aí não teria amigos?

E tem gente que toma um porre porque simplesmente quer tomar e pronto! "Hoje eu vou tomar um porre não me socorre que eu tô afim..."

Geralmente, eu costumo tomar um porre por essa última opção. Simplesmente porque tô afim.

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- Diana, não acha que está na hora de parar? Já bebeu demais por hoje!
- Ihhhhh, Betinaaaa...pô parar...eu avisei que hoje eu queria sair para beber e eu vou beber até cansar...eu vou tomar um porre não me socorre que eu tô afim...larga a mão de ser chata.
- Vixi, Betina, quando começa a cantar é que o negócio tá feio hein? - dizia Lili já reconhecendo os meus típicos sinais de que eu já havia bebido demais.
- Ok, Diana, não quero cortar o barato de ninguém, mas já são quase 5 horas da manhã e a gente está aqui desde às 22h?!
- Olha, eu fui...vocês são muito chatas, sabia? ...eu vou dançar que eu ganho mais... Uhuuuu

Não sei como e qual foi a ordem dos fatores só sei que amanheci no dia seguinte com a maior dor de cabeça, daquelas que um simples barulho de folhas balançando se assemelham ao tiro de canhão ao pé do ouvido.

- Hora de acordar, mocinha...
- Ai, Betina, fecha essa janela, pelo amor de Deus - eu disse cobrindo o rosto para esconder os raios solares que infiltravam na minha mente - que horas são?
- Hora de acordar, moça. Mas você abusou ontem hein?
- Eu?! Não consigo me lembrar de nada...
- Talvez porque você apagou e tivemos que pedir pro Pedrão te carregar até o carro né? Nunca vi...vai ter pique assim para beber hein?
- Só sei que minha cabeça tá doendo muito...eu não vou levantar da cama hoje...
- Acho difícil que isso aconteça hein? O Pierre já ligou umas dez vezes atrás de você...

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a minha campainha tocou e o Pierre entrou como um furacão no quarto.

- Caramba, Diana, custa atender a p... do celular?!
- Tchau, gente, tenham um ótimo dia. - disse Betina saindo pela tangente e já sentindo que o clima ia esquentar.
- Ai, que estresse, Pierre. Eu estava dormindo.
- Até essa hora? A farra foi boa ontem hein? E que cara é essa? Aposto que você bebeu até cair. Já falei para você que isso é ridículo e que eu não quero mulher minha bebendo em porta de bar...
- Menos, Pierre, muito menos. Em primeiro lugar, eu não sou sua. Não tô à venda. Somos apenas namorados. Segundo, pimenta nos olhos dos outros é refresco né?

Eu acho engraçado os homens. Nós somos obrigadas a aguentar a ressaca deles depois de várias noites de bebedeira e com a gente isso não pode acontecer?!
Mas eu estava acostumada. Isso sempre acontecia. Toda vez que eu tomava um porre, o Pierre sempre me dava um sermão. Eu fingia que escutava tudo, mas na verdade só conseguia me concentrar na minha dor de cabeça. No fim sempre acaba tudo bem, ele me ajuda a tomar banho, prepara uma comidinha para mim e terminamos o dia de pés coladinhos se é que me entende...

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A Lili é o tipo de bêbada romântica e chata. Quase nunca bebe, mas quando resolve é sempre para afogar as mágoas. Tudo bem se eu e Betina não tivéssemos que ficar aguentando e ouvindo a noite toda, nossa amiga se lamentando pelo canalha do Otávio...

- Ele não podia ter feito isso comigo...eu faço tudo por ele..Di, ele não me ama mais? - dizia Lili segurando sua décima caneca de chopp
- Ele te ama sim, Lili - nessa hora nunca é bom contestar. A situação pode ficar pior e o porre ficar eterno.
- Não, ele não me ama não...como pode fazer isso comigo...você acha que ele me ama mesmo, Betina?
- Lili, já chega...hora de criança ir para cama né?
- Não...eu vou beber até morrer ...ele não me quer mais e eu não tenho porque viver...minha vida é uma desgraça...

O pior momento do porre da doce Lili era quando começava a chorar. O choro seria perdoável se não fosse um berro e as pessoas do bar não ficassem olhando para a nossa cara espantadas. Depois do choro, vinha a ânsia e, na sequência, o vômito. É nessas horas que a gente vê que amigo é mesmo para qualquer parada.

Sempre terminávamos a noite carregando a Lili pelos ombros e ouvindo o caminho todo as lamentações dela sobre o amor questionável do Otávio por ela. No fim, ela caía num sono profundo e acordava na manhã seguinte envergonhadíssima pelo que fez a gente passar. Desculpas mil, mas nós sabíamos que no primeiro fora começaria tudo de novo.

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Soltar as feras era o motivo para que a durona da Betina caísse na bebedeira geral. Minha amiga é a mais centrada de todas, durona, nunca quer dar o braço a torcer e vive recriminando nossas atitudes , mas quando ela ficava de porre...aprontava mais do que nós duas juntas.

- Hoje, eu vou deixar a vida me levar hein? - dizia Betina com um copo de whisky na mão e sambando no meio da balada.
A imagem pode suar um pouco forte para vocês, minhas amigas, mas essa era a Betina depois de cinco copos de whisky com altas doses de energético.

Confesso que, em alguns momentos, prefiro mais a Betina bêbada do que sóbria se não fosse as consequências que ela arrumava para gente.

- Diana, eu não tô acreditando...olha lá onde está a Betina...
Simplesmente, nossa amiga estava em cima de uma mesa (quase caindo) dançando "Creu"

- Minha nossa, esse porre é dos bons hein...

- Betina, desce daí, pelo amor de Deus...você vai cair...
- Uhu...subam meninas...créu-créuuuu

A gente não subiu, mas a homarada de plantão resolveu fazer companhia a ela que, em poucos segundos, desapareceu. Ficamos até o final da balada esperando o retorno da Betina, o que foi em vão. Era sempre assim. Ela bebia, dançava como uma louca na pista e acabava perdida com alguém na noite.

- Bom dia, cinderela - eu disse ao telefone para a perdida da Betina que já tinha encontrado seu local de origem
- Ai, Diana, eu estava dormindo...
- E posso saber com quem?
- Como assim com quem?
- Não se faça de louca, Betina...você sumiu depois da dança do Creu...
- Dança do creu?!
- E com direito a dançarinos e tudo...você arrasou dançando funk em cima da mesa...
- Créu?! Funk?! Em cima da mesa?! Minha nossa senhora, eu preciso parar de beber....
- Hahahahahahaha


PAPO DE CALCINHA: Qual foi o seu pior (ou melhor) porre?

sexta-feira, setembro 11, 2009

MAMÃE EU QUERO...SER?


Por Letícia Vidica

- Nossa, Lili, espero que seja algo muito importante que você tenha a dizer por que não foi nada fácil conseguir desdobrar o meu chefe... – eu disse toda esbaforida, suada e curiosa pelo que Lili tinha de tão importante a dizer que não pode esperar e nos escalou para um encontro de plantão no meio do expediente.
- Acho bom mesmo...não é porque eu sou autônoma que não tenho nada a fazer hein? – resmungou Betina
- Calma, gente...vocês não vão se arrepender.
- Então fala logo – gritamos eu e a Betina
- Eu acho que estou grávida!!! – disse Lili como uma criança que estava prestes a ganhar a tão esperada boneca da Xuxa de Natal. – Não é ótimo?

Fiquei tão surpresa que não consegui espantar reação. Deixei que o veneno da Betina falasse por mim...

- Como assim grávida? E o que você vê de ótimo nisso, Lili?!
- Vai ser o máximo...vocês vão ser titias – disse Lili batendo infantilmente palminhas e nos dando um abraço apertado
- Peraí, Lili...como assim ‘acha que tá grávida’...ou você está ou não está!
- É, Diana...faz um mês que minha menstruação está atrasada, ando me sentindo meio diferente, sabe...
- Mas você já fez o teste?
- Por isso mesmo que eu chamei vocês aqui.
- Agora tenho cara de mãe Diná por acaso? – disse Betina já vermelha de tanta raiva com a felicidade de Lili diante de notícia tão absurda.
- Chamei vocês aqui porque quero que venham comigo até a farmácia comprar um teste, daí a gente vai pro meu apê e fazemos o teste lá. Eu não poderia de deixar de dividir esse momento com vocês...eu sempre sonhei em ser mãe...e no Sim da maternidade, vocês tem que estar comigo...
- Amiga, eu adoraria estar com você...apesar de eu ainda estar tonta com tudo isso...fico muito feliz por você, mas se eu não chegar daqui a 30 minutos no meu trabalho, eu estou na rua! Bê...
- Já sei, já sei...lá vai a mãe Betina...vamos fazer assim, eu vou com você, Lili... a gente compra o tal teste e de noite a Diana passa lá na sua casa e fazemos o teste juntas ok?

Confesso que voltei para o trabalho e passei o resto do dia ainda um pouco tonta com a notícia da Lili ser mãe. Não sei se eu me espantava mais pelo fato dela ser mãe ou de eu me tornar titia...tão nova e sem casamento?! Seria esse o meu fim?


À noite, corri para a casa da Lili e ela estava ansiosíssima me esperando. A Betina já tinha fumado uns dois maços de cigarro de tanto nervoso com a falação da Lili e seus planos futuros com o bebê.

- Ainda bem que você chegou...eu não agüentava mais esse papo de fralda, mamadeira...
- Desculpa, gente, eu tentei saí o mais rápido possível. E aí fizeram o teste?
- Eu prometi que ia esperar vocês duas aqui. Vamos lá ao banheiro?
- ‘Peraí, Lili. E o pai da criança? Cadê? Quem é?
- Diana, deixa de ser ingênua...é claro que o pai do pivete é o cachorro do Luis Otávio.
- Lili do céu...ficar com o Otávio já era a maior merda da sua vida, agora engravidar dele é um cagaço total...como isso pode acontecer? Você não tava tomando pílula?
- Ai, gente, eu não sei...eu tô me prevenindo...mas sei lá vai ver a pílula é de farinha né? Mas não importa...vamos fazer o teste logo.

Trinta longos e intermináveis minutos depois, Lili saiu do banheiro cabisbaixa e silenciosa...

- E aí? Deu positivo?
...
- Fala logo, Lili
...
- Dá essa porra aqui logo...hmmmm...faixinha rosa, faixinha azul...hmmmm – Betina arrancou o teste da mãe da Lili
- Deu negativo... - disse
- Ufa, você não está grávida... – respirei aliviada
- Não estou para a porcaria desse teste, mas eu não vou desistir!!!!
- Como assim não vai desistir?!
- Amanhã mesmo vou ao laboratório fazer um teste ... sempre me disseram que esses testes nunca erram para o positivo, mas para o negativo...é de duvidar.


Não adiantou retrucar muito menos fazer com que minha amiga desencanasse da idéia de ser mãe. E parecia que o espírito materno tinha tomado conta do ar...
...era domingo, almoço de família na casa do Pierre. Os homens estavam na sala assistindo o tradicional jogo das quatro da tarde e as mulheres fofocavam no seu habitát natural, a cozinha...

- Nossa, mas que maravilha, Patrícia...um filho é sempre uma benção... – dizia Luzia, a tia do Pierre para a prima dele que estava grávida de dois meses e revelara naquele almoço para a família.
- E você, Diana, não pensa em ter um também? – essa era a pergunta que eu sabia que viria, mas que tinha a esperança de que não viesse
- Ainda não, tia Luzia. Tenho muitos planos ainda...
- Vai esperar até quando. minha filha?! Já tá quase com 30 anos nas costas. Se esperar mais vai virar mãe avó!!! – naquele momento saía uma resposta afiadíssima para aquela gorda da tia Luzia, mas minha querida sogra fez o favor de me interromper...
- Ah, eu adoraria ter um neto mesmo...e acho uma ótima idéia você e o Petico providenciarem isso... já passou da hora...todas as minhas amigas tem neto, menos eu...

Resolvi não encarar essa briga pela maternidade, mas saí de lá me sentindo um ser extraterrestre por querer ser normal e não compartilhar do mesmo espírito materno.

- Amor, sua mãe e sua tia me pressionaram hoje para que eu tivesse um filho!!! – disse ao Pierre enquanto assistiamos a um filme no sofá do meu apê.
- Jura?! Até que não seria má idéia? Eu sempre quis ter um pivete... – disse o Pierre como um garoto de 10 anos que abre seu presente de Natal – e se você quiser podemos fazer agora mesmo...
- Para, para Pierre, eu tô falando sério!!!
- Mas eu também ou você acha que eu tô brincando? Acho que poderíamos mesmo pensar em ter um filho....
- Você tá ficando louco né?
- Não entendo qual é o problema, Diana...a gente tá junto há um ano, somos adultos, crescidos, praticamente moramos juntos...
- Falou e disse praticamente, mas não somos casados. Mal consigo me sustentar...
- Já te falei que isso não é problema, mas pensa no assunto e depois a gente volta a falar disso.

E eu realmente pensei. Era o que eu mais pensava naqueles dias. “Eu deveria ser mãe agora?” Não estaria cometendo uma loucura? E para me deixar mais doida, a mãe do Pierre não parava de falar e sonhar com a idéia de ser avó e o Pierre, para ajudar, também viajou na idéia. Resolvi ligar para a pessoa que tem a maior sanidade do planeta...

- Bê...eu não sei mais o que eu faço...não aguento mais ouvir..’Você tem que engravidar’, ‘Eu quero um filho’, ‘Eu quero um neto’...tô ficando louca!!! Outro dia até esqueci de tomar meu anticoncepcional acredita?
- Relaxa, Diana... isso é normal...sua sogra tá empolgada com o sobrinho, mas daqui a pouco ela vê que não é bem assim...
- Espero. Teve notícias da Lili?
- Ai, nem me fala dela...tem me ligado todos os dias para falar da ansiedade do resultado...inclusive pediu que eu te ligasse porque quer todas juntas lá no laboratório...
- Minha nossa senhora, como a Lili é dramática.Já transformou a gravidez dela em reality show!


E o tão esperado dia do resultado chegou. Fomos as três para o tal do laboratório. Lili chegou tão nervosa que nem conseguiu buscar o envelope. Fui retirar no nome dela.
Como uma cena final de filme de suspense, Lili abriu o envelope. Respirou, suou frio, pensou e abriu...

- Eu NÃO acreditooooo!!!! – berrou
- Tá grávida?
- Não, Diana, eu não estou grávida!!! Como assim?
Enquanto a Lili se desconsolava, eu e a Betina comemorávamos.
- E vocês comemoram?
- Ai, Lili, relaxa...continua treinando, mas vê se com a pessoa certa. – eu disse
- Só vocês mesmas para verem graça nessa situação...eu queria tanto ser mãe...já tinha até comprado uma roupinha de bebê, pesquisei berços...jurava que eu estava grávida...
- Mas não está! E vamos bebemorar que a vida é bela. Vai ver foi um sinal de que o Otávio não te merece e muito menos merece ser o pai do seu filho. – disse Betina toda animada e aliviada por não ter mais que ouvir as ladainhas de mãe da Lili

Eu confesso que fiquei triste pelo fato da Lili não realizar o sonho de ser mãe, mas também me senti aliviada por tirar das minhas costas a sensação de que eu teria que ser a próxima, ou pior ainda, que eu teria que ser titia...


Papo de calcinha:
E você pensa em ser mãe um dia ou já foi pressionada em ser?

sábado, setembro 05, 2009

MULHERES QUE AMAM DEMAIS


Por Letícia Vidica

- Nossa, Lili, como você está magra!!! Tudo bem que precisava perder um quilinhos, mas não precisava virar um esqueleto... - comentava ao encontrar minha amiga com a pior cara do mundo, enfurnada em seu apê.
- Aposto que isso tem coisa de um tal de Luis Otávio...
- Não me fala o nome desse canalha, Betina! - dizia a amante enfurecida
- Calma, mas meu Deus, o que ele fez dessa vez?
- O Luis Otávio terminou comigo ... ontem...
- E qual a novidade nisso?
- Pega leve, Betina, não está vendo que a coisa não tá boa?
- Pega leve o c...!!! Isso não é mais novidade para ninguém aqui. Eu já perdi as contas das vezes que você e esse canalha do Otávio terminaram.
- Nisso, eu tenho que concordar, Lili. A Betina está certa. Vocês terminam praticamente quatro vezes por mês. Você nem tinha que se assustar mais com isso...
- Para vocês duas que são corações gelados é fácil falar né? Parece até que não me conhecem...

Realmente, parece que naquele momento por um instante eu e a Betina havíamos esquecido quem era a Lili. A Lili é uma mulher romântica por natureza que acredita e que faz de toda história de amor um conto de fadas, acredita em príncipes encantados montados em um lindo cavalo branco. O problema é que os príncipes não aparecem para ela, ou melhor, ela insiste em escolher os dragões e acha que são príncipes, entende? Daí, quando o dragão solta seu fogaréu e abandona a princesa, Lili entra numa depressão e num sofrimento profundo. Ela é a típica Mulher Que Ama Demais. Se não bastasse amar demais, minha querida amiga sofre demais também e por quem nunca merece o seu sofrimento.

Naquele dia, Lili estava enfurnada em seu apartamento porque levara um fora do seu dragão encantado, o Otávio. Um sedutor pirata e um canalha de primeira. Porém, foi por ele que Lili se apaixonou e é capaz de morrer se for preciso.

- Tá, Lili, não adiante te convencer que o Otávio não presta. Mas peraí, vai ficar nessa cama até quando? - dizia Betina já sem paciência com mais uma das crises de amor da Lili.
- Me deixem em paz, eu vou ficar aqui até ele voltar. Eu não tenho forças para levantar.
- E se ele não voltar? Vai morrer aí?
- Quem sabe assim, Diana, ele se dá conta de que eu o amo de verdade.

Estava difícil convencer Lili a levantar daquela cama. Já que ela não sairia da cama, nos também não sairíamos do apê dela. Para passar o tempo, resolvemos fazer uma faxina no chiqueiro. Quando Lili entra nas crises depressivas de amor, se tranca no quarto, não toma banho, esquece de comer e também esquece de manter o mínimo de higiene e limpeza da sua casa. Parece loucura, pode até ser, um transtorno psicológico, sei lá, mas é a pura verdade.Dolorosa verdade.

- Amiga, já que você não quer sair da cama. Nós também não vamos te abandonar. Não arredamos o pé daqui!! - dissemos eu e Betina nos juntando a nossa amiga depressiva com um balde de pipocas na mão.

- Lili, você já tentou procurar ajuda? Outro dia você comentou que estava fazendo terapia...
- Parei. Terapia para quê? Aquela mulher só sabia dizer que eu tinha que largar do Otávio, que ele não fazia bem para mim, que eu estava me autodestruindo...
- Ah (risos) Talvez ela estivesse certa né, Lili? - questionou Betina
- Você tem que insistir. Uma boa terapia é o único remédio para te ajudar a lidar com esses sentimentos. Não adianta ficar fugindo da verdade né? Ela é dura, mas necessária.
- O que vai ser da minha vida sem ele? Eu não posso ficar sozinha, eu não sei ficar sozinha...me sinto sem chão...tô com uma dor no peito que parece que vou enfartar...tenho falta de ar durante o dia, não tenho fome, não tenho sono...perdi a única coisa que dava sentido a minha vida.
- Não seja exagerada, Lili. O Otávio podia te dar tudo, menos sentido à sua vida. O Otávio suga as suas energias. Olhe para você. Olha o estado que ele te deixou?

Por mais que a gente tentasse argumentar, não entrava na cabeça dela que sofrer daquele jeito não adiantaria nada. O problema é que aquilo não era um sofrimento normal. Era uma doença. E eu ali naquele quarto vendo minha amiga se definhar por causa de um canalha que não vale meio centavo de dólar, me sentia impotente.

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Eu sou do tipo de mulher que também sofre por amor, mas é um sofrimento na medida. Pelo menos, eu acho. Toda vez que eu brigo com o Pierre me sinto muito mal. Não tenho fome e também fico triste por dias e dias. Mas nada que se compare ao sofrimento que Lili sente.

Me lembro apenas de um único episódio que me levou a um sofrimento extremo. Eu devia ter uns vinte anos. Jovem, cheia de sonhos, esperanças, bonita. Uma presa fácil para qualquer sem-vergonha. Acabei me apaixonando por um garoto do último ano de medicina que também morava no mesmo campus que eu. Nos conhecemos numa dessas festas de faculdade, ficamos e ficamos e ficamos. O rolo já estava bem sério. Ele me apresentava para todos os amigos como sua namorada, fui visitar os pais dele em Ribeirão. Era 'love is in the air' total.

Porém, teve um final de semana que eu vim para São Paulo para visitar minha família e disse a ele que voltaria em dois, três dias. Insisti para que ele me acompanhasse, mas ele disse que teria que estudar para um exame complicadíssimo de anatomia humana que ele teria nos próximos dias.

Por conta de alguns imprevistos, acabei voltando um dia antes do previsto. Resolvi então fazer uma surpresinha para o meu amado. Fui correndo para o quarto dele no campus e sem hesitar abri a porta do quarto cheia de saudades e presenciei a aula de anatomia humana que ele estava praticando literalmente com a minha melhor amiga e colega de quarto do campus. Não teve tempo para explicações e nem discursos.

Tive a sensação que o chão tinha saído debaixo dos meus pés. Voltei para a casa dos meus pais e passei uns quinze dias de cama. Não queria comer, nem dormir, nem tomar banho. Só chorava. O tempo inteiro. E sentia uma dor imensa no peito que doía e me dava pontadas. Meus pais obviamente achavam que tudo aquilo era loucura, mas com o passar dos dias começaram a ficar preocupados com o meu estado de depressão profunda. Achei literalmente que eu morreria. Só consegui me recuperar por ajuda divina. Até hoje não sei como, mas consegui me levantar literalmente da cama e prometi a mim mesma que nunca mais ficaria assim por ninguém.

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Passamos aquela noite toda no apartamento da Lili. Com muito custo, conselho e broncas, ela conseguiu pegar no sono. E eu e a Betina ficamos a noite toda pescando os olhos, pois de preocupação a gente não conseguia dormir. Para não atrapalhar a primeira noite de sono depois de muitas mal dormidas da Lili, fomos fofocar e fumar na varanda.

- Sabe, eu não consigo entender porque a Lili fica desse jeito.
- Ela ama demais, Betina.
- Tudo bem querer amar, mas sofrer a esse extremo é loucura!!!! Qualquer dia ela se mata por isso.
- Vira essa boca para lá, Bê.
- É verdade...isso tá ficando cada vez mais sério... pensei até em ligar para a mãe dela, mas...
- De nada adiantaria. Aquela dondoca da mãe dela só quer saber de tomar pílulas antienvelhecimento e traçar garotinhos. Nunca vi família mais desequilibrada.
- Vai ver é por isso que a Lili fica assim né?

...

- Meninas? - disse Lili com a cara amassada na porta da varanda
- Lili?! Desculpe, te acordamos?
- Vocês passaram a noite toda acordadas?! Nem sei como agradecer pelo carinho, mas vocês não podem anular a vida de vocês pela minha...
- Você é que não pode anular a sua, amiga.
- Podem ir embora. Eu vou ficar bem.
- Vai mesmo?
- Vou sim, Diana - disse Lili me dando um abraço e um beijo
- Promete que vai dar notícias?
- Prometo, Betina!

Fomos embora de coração partido, apesar de sabermos o fim daquela história que sempre era a mesma. Em poucos dias, o Otávio apareceria. Ia se declarar fajutamente para ela, ela acreditaria, iam viver mais um conto de fadas pirata até o próximo pé na bunda, no qual Lili ia sofer demais. Demais por amar demais.

PAPO DE CALCINHA: Você é uma mulher que ama demais? Ou conhece alguma?

segunda-feira, agosto 17, 2009

MULHER JOGO DURO


Por Letícia Vidica


- Olha lá, Betina...tá que tá hein? Olha só aquele gato dando mole para vc?
- Ai, Lili, pára de graça...você está viajando...olha só quanta mulher tem aqui e ele vai olhar justo para mim?
- Nossa, Betina...para de fazer jogo duro...
- ... acho bom você fazer jogo bem mole porque ele está vindo para cá...

Era sempre assim. Mulher jogo duro. Essa era a fantasia que a Betina vestia. Acho que ela é a única mulher no mundo que não sente falta de homem. Ela é minha amiga, mas vamos combinar hein? Adora dar pitaco na vida amorosa da Lili e da minha, mas quando o foco é ele, haja paciência. Nem me lembro direito do último relacionamento da Betina. Só sei, pelo que ela conta, que namorou muitos anos um cara que só pisou nela. Depois do fim, acho que ela resolveu se vingar de todos os os homens do mundo.

- Será que agora a Betina desencalha?
- Ai, Lili, eu infelizmente já perdi as esperanças com ela.
- Poxa, mas ela bem que podia ceder né? Olha lá que pedaço de mau caminho...se fosse eu...
- Se fosse você, Lili, já estaria atracada no colo dele há muito tempo.

Ao contrário da nossa amiga durona, eu e a Lili fazíamos o tipo mais fácil. Eu não tão fácil assim, mas a Lili F-A-C-Í-L-I-M-A. Basta ser homem que ela cai dentro. Cheia de ilusões e vivendo no mundo encantado de Bob, a Pequena Sereia acha que todo peixe é príncipe, até mesmo se ele foi sapo. Já eu faço o tipo 'sou durona, mas se você falar mais um pouquinho, caio dentro'. Afinal de contas, a concorrência tá pesada hoje em dia, se vacilar tem um milhão na fila.

******

- Bom diaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
- Ai, Diana...você sabe que horas são? Nem clareou ainda...
- Pelo visto, a noite foi longa né? Já são meio-dia,amiga. Quero saber de todos os detalhes - dizia eu empolgadíssima e louca para saber o que tinha acontecido na noite passada com a Betina e o garanhã.
- Não aconteceu nada demais.
- Como assim? NADA???
- Nada, Diana. Eu não sou assim como vocês...
- Olha a ofensa!!! Mas e aí...
- Aí que fui até o apartamento dele, bebemos um vinho e só.
- Só???
- Só...e ele nem é tudo isso. Vocês inflam os homens demais.
- Mas não rolou nada? Betina há quanto tempo que você está na seca e surge a oportunidade e você cai fora?
- Não é porque eu estou sem sexo há um tempo que tenho que dar pro primeiro pedinte que aparecer né???

Não adiantava insistir com a Betina. Tudo no tempo dela. Ô geniozinho!!! Mas eu já tinha me acostumado né?

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Certa vez, resolvi agitar um primo meu para a Betina. Mais velho, culto, inteligente...achei que era o tipo certo. Pior besteira da minha vida. Resolvi fazer uma noite da pizza lá em casa para apresentar os pombinhos. O primeiro erro foi que a Betina apareceu como se tivesse acabado de acordar...

- Que roupa é essa, Bê?
- A melhor que eu tenho...
- Betina, você vai conhecer o homem da sua vida e me aparece com a roupa da sua vó? Vamos agora mudar esse look.

Totalmente contra a vontade dela, emprestei um vestido meu, maquiei e ela ficou lindona. Tudo corria bem até o meu primo chegar. Coitado, tentou ser gentil e trouxe um vaso de margaridas para ela. Detalhe: a flor que a Betina mais odiava no mundo, mas o coitado não era obrigado a saber né? E a minha amiga bem que podia facilitar e dizer que tinha gostado, mas nem agradeceu e muito menos disfarçou o seu desprezo.

Achei que deixando os dois pombinhos sozinhos seria melhor, mas ledo engano...os dois quebraram o maior pau e depois tive que passar o resto da noite tentando manter o clima de paz,mas não deu...

- Poxa, Betina, você precisava tratar o meu primo assim??? Ele só queria ser gentil.
- Diana, desde o começo eu te disse que isso não ia dar certo.
- Não deu porque VOCÊ NUNCA quer facilitar as coisas.
- Eu?!
- É, você, Betina... ainda está para nascer o homem que vai servir para você!!!
Ficamos as duas nos olhando com cão raivoso e permanecemos por uns dez minutos em silêncio. Até que depois de dois cigarros, Betina quebrou o gelo...

- Desculpe, Diana...eu sei que estraguei tudo, mas é o meu jeito. Sei que você só queria ajudar...mas eu já falei que estou feliz sozinha...mas você e a Lili com essa mania de cupido.
- Betina....eu não consigo entender como uma mulher bonita e inteligente como você pode viver sozinha.
- Eu me acostumei a viver assim... eu estou super bem...
- Mas vai viver solitária para sempre?
- Eu acho que me cansei dos homens. Na verdade, me cansei de sofrer sabe? E homens e sofrimento são duas coisas que caminham juntas. Então é melhor cortar o mal pela raiz.
- Mas como você é radical. Tudo por causa do...
- Nem me fale o nome dele. Não merece nem ser pronunciado.
- Você nunca comenta disso. Dói demais ainda?
- Muito mais que isso. A dor foi tão profunda que eu já nem sinto mais se você quer saber.
- E vai ficar velando esse cafajeste e essa dor até quando? Não tá na hora de se libertar?

Assim como final de capítulo de novela, Betina permaneceu pensativa. Mas algo me dizia que aquela pergunta tinha causado algum efeito naquele coração gelado. Bastava saber qual seria o jogo agora.

Papo de Calcinha: Vocêm também faz jogo duro?

sexta-feira, julho 24, 2009

SE ATÉ AS BALEIAS DESENCALHAM (PARTE II): A DONA DA PENSÃO


Por Letícia Vidica

- Minha mãe quer conhecer você!

Essa era a pergunta que eu mais temia nos três meses felizes de namoro entre eu e o Pierre. Apesar de estarmos juntos há quase um ano, família era um assunto que ele sempre abominou entre nossas conversas. Às vezes, cheguei até a achar que ele era filho de chocadeira. Até que não seria mal?

- E aí você aceita, Di? - perguntou meu gatinho fofo com a cabeça deitada no meu colo com cara de bebê pidão numa tarde fria de sábado no sofá da minha casa.

O que eu poderia ou deveria responder? Apesar da negativa constante em minha mente, o que eu não fazia pelo meu gatinho?! Mulher apaixonada e boba faz de tudo, até ter que enfrentar um almoço numa tarde de domingo na casa da sogra.

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- Ai, gente, a mãe do Pierre quer me conhecer.
- Poxa, que legal, Di - dizia a eterna romântica da Lili
- Legal? Isso é terrível...eu não tenho muito boas experiências com famílias de namorados e vocês sabem muito bem disso e, principalmente, quando o assunto é sogra. Acho até que sou meio pára-raio para essas coisas.
- Mas dessa vez você não tem como fugir né?
- Bem que eu queria, Betina...mas o Pierre é tão fofo comigo...acho que vou ter que encarar essa.
- É só agir com naturalidade, ser você mesmo e nunca, mas nunca retrucar às provocações hein, Dona Diana...
- Tá bom, tá bom...prometo a vocês que dessa vez vou me comportar.

Quem inventou esse ditado cretino de que um raio não cai duas vezes no meu lugar, estava muito, mas muito enganado. Eu sou o pára-raio em pessoa. Sempre me dei super bem com meus (poucos) namorados, mas já com a mãe deles...sempre foi um problema.

A mãe do meu primeiro namorado era uma fofa comigo até ela descobrir que eu era a namorada do filho dela. Estudávamos no mesmo colégio desde a primeira série. Nossas mães eram super próximas. Porém, quando nos apaixonamos, tudo mudou. Rolava um tipo de disputa por ele. Algo absurdamente lunático.

Já a mãe do meu segundo namorado era do tipo sincera. Sincera até demais. Não tinha papas na língua falava o que vinha na telha e incrível que todos os meus defeitos eram as únicas coisas que vinham na telha dela. Meu namoro acabou graças a sinceridade dela em me dizer que eu era uma corna.

A do terceiro era do tipo mãezona, parecia uma pessoa ingênua, do tipo Amélia, não faria mal a uma mosca. Mas , por dentro, era pior do que uma bruxa. Conseguiu tornar o meu namoro um inferno pois a arma dela era a chantagem emocional. E o pior de tudo era que o meu namorado se rendia a essa chantagem toda hora. Infelizmente ou felizmente, o meu saco não era tão grande quanto o chantagismo dela. Vazei.
E agora o que me esperava?

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Meu dilema começou às 07 horas da manhã do domingo. Quem diria que euzinha acordaria cedo numa manhã de domingo? Mas para falar a real, eu mal tinha conseguido pregar o olho a noite toda. Tive pesadelos horríveis com as minhas ex-sogras e com a atual.

Apesar do Pierre ter combinado de vir me buscar apenas na hora do almoço, eu já estava ligadona, ansiosa, sem um pingo de fome e com medo do relógio. Resolvi então pensar com que roupa eu iria para esse almoço. Desmontei todo o meu guarda-roupa. Uma hora de provas e nada me agradava. Não hesite. Chamei a minha personal stylist.

- Não acredito que você me tirou da cama a essa hora, Diana?! O que eu não faço para ajudar uma amiga hein? E você sabe muito bem que eu não entendo um pingo de moda...deveria ter chamado a Lili.
- Não reclama Betina...prefiro você porque é sincera..não corro risco de ir vestida como uma boneca. E vamos logo que só temos três horas.

Comecei então meu momento Gisele Bundchen...

- Que tal?
- Se você for com essa roupa, a mãe dele vai achar que ele te encontrou num convento...
- Talvez essa?
- Diana, é um almoço e não um casamento...pelo amor de Deus, você não vai para um puteiro...nananinanão...infantil demais...cafona demais...

Depois de um monte de NÃOS, resolvemos o meu modelito e faltava apenas meia -hora para o Pierre chegar. Betina me fez mil e uma recomendações e foi embora me deixando na espera mortal pelo momento crucial da minha vida. Nunca pensei que seria tão difícil encarar esse momento.

Como todo bom homem e cavalheiro, o Pierre chegou 45 minutos atrasado.

- Desculpe o atraso, amor. Tive que ir ao mercado com a minha mãe hoje cedo comprar umas coisas...nossa, ela tá mega nervosa e ansiosa para te conhecer...
- Jura? - Mal sabia ele que meu coração já estava no cérebro.
- Ah, só queria te dar um toque. Não liga para os comentários da minha mãe não tá?

Eu podia ter ficado sem essa.

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Havia chegado ao temeroso castelo do meu príncipe. Sem que tocássemos a campainha, uma poodle de lacinho rosa saiu latindo em minha direção como quem dizia "quem é essa piranha?" e logo atrás achei que a mãe da poodle vinha, mas pisquei fortemente e percebi que aquela jovem senhora de cabelos louros encaracolados com roupas que caberiam na minha prima de 13 anos de idade, era minha sogra.

- Pitico, que menina linda!!! Entrem, entrem...prazer, gracinha...fique à vontade...Meg, quieta...olha como é linda a namorada do Pitico.

Fiquei meio em choque com toda aquela cena bizarra e mais bizarro ainda foi descobrir que o meu gatinho, o meu homem, o meu macho era chamado de Pitico?! Entrei na casa, sentei-me no sofá, tentando ficar confortável, apesar da Meg ficar rosnando para mim toda hora. Logo um senhor (bem aprumado por sinal. Já sei de quem o Pierre puxou a beleza) desceu as escadas e me cumprimentou.

- Nossa, eu não via a hora de te conhecer. Tava quase achando que você não existia!!! Mas, seu eu não conhecesse bem o meu Pitico, mal acreditaria...mas e então fale de você.

Por que será que conhecer a família do namorado era tão ou mais pior do que passar por uma entrevista de emprego. "O que você faz da vida? E a sua família? Mora sozinha? etc" Depois de contar um pouco da minha vida emocionante, a mãe do Pierre foi me apresentar o apartamento deles que mais parecia uma casa. Acho que dava uns três do meu.

- Olha, tô muito feliz que o Pitico está namorando...você sabe né?...ele ficou super mal depois que acabou o noivado com aquela lá...nem gosto de me lembrar disso...mas eu sei que você não vai fazer isso como o meu Pitico né? ... nossa, eu sou super legal, mas se mexem com o meu filhinho, viro uma fera.

Senti aquilo como uma indireta sutilmente direta. Mas sorri como se eu não tivesse entendido a intenção.

Na hora do almoço, ao sentar-me na mesa, quase me perdi com o número de copos, garfos e pratos que estavam à mesa. Ainda bem que eu leio revistas de gente chique e aprendo tudo rapidamente. Comi pouco para não parecer gulosa, apesar da comida estar deliciosa. Durante o almoço, minha querida sogra ficou contando os planos da sua próxima viagem para a Europa e já queria me incluir no pacote (mal ela sabe que meu salário mal paga um bate e volta para Praia Grande).

Fim de tarde e o meu tormento estava chegando ao fim. Até que, para primeiro encontro, não tinha sido tão mal. Acho que me comportei muito bem. Apesar de que o problema nunca eram os primeiros encontros e sim o que estaria por vir...

- E aí, acho que minha mãe curtiu a norinha hein? - disse o Pierre me apertando como um ursinho de pelúcia na porta da minha casa.
- Tomara né? Ela também me pareceu super gente boa...
- A bichinha é meio ciumenta, meio perua né? Mas tem bom coração...

Apesar de eu concordar com a parte do ciúmes (tive a sorte de namorar um filho único), dela ser perua (tentar ter a metade da metade da minha idade) e das ameaças educadas que ela me fez.. eu não queria magoar o meu príncipe, afinal de contas ela era a dona da pensão né?

Papo de Calcinha: E você se dá bem com a sua sogra? Já teve algum problema com sogras?

sábado, junho 20, 2009

PAPO NO TWITTER

Meus caros blogueiros de plantão,
Como boa mulher que sou (antenada e curiosa, acima de tudo), resolvi entrar na onda do Twitter. Agora, você também poderá ficar sabendo das novidades do Papo de Calcinha no Twitter. Basta acessa: twitter.com/papodecalcinha.
Na página, vou postar mais algumas das minhas idéia sobre o universo feminino, algumas criticazinhas aos homens (coisa de leve) e um resumo das histórias do blog e outras coisitas mais.
Espero você lá também hein?

Beijão,
Letícia Vidica

quarta-feira, junho 17, 2009

SE ATÉ AS BALEIAS DESENCALHAM...


Mais um dia daquele abominável para qualquer solteiro (ressalva, mulher solteira) estava chegando. Só que esse ano, talvez, as coisas podiam ser diferentes para mim. Isso porque eu estava com um rolinho, mas eu não estava botando muita fé de que a solidão não bateria na minha porta no dia 12 de junho porque homem solteiro enrolado odeia passar o dia dos namorados com a mulher que ele está enrolando só para não achar que é namoro né?

- E aí meninas, alguma programação para o Dia dos Namorados? - perguntava Lili toda empolgada
- Nossa, essa empolgação toda é por quem, hein?
- Ai, vocês nem sabem, vou sair com o Otávio.
- Eu não acredito que você não tenha pessoa melhor para passar o dia dos namorados, Lili!
- Credo, Betina, antes ele do que sozinha...então, liguei para ele como quem não quer nada e ele me convidou para passarmos a noite no chalé dele lá em Campos, não é demais?
- Demais seria você tomar vergonha na cara, Lili
Antes que minhas amigas se atracassem pelo cabelo resolvi interromper.
- Eu nem sei.
- Ué, mas e o Pierre? Como assim?
- Ah gente...ele não é meu namorado...quem garante que ele tenha que passar justo esse dia comigo?!
- Pelo menos, alguém mais sensato nesse lugar - dizia Betina

Confesso que disse aquilo com dor no coração e da boca para fora também. No fundo de minh'alma eu desejava muito passar o dia dos namorados com ele. O problema é que ele não parecia desejar o mesmo.

- Acho que vou viajar com os meus amigos no dia 12. Eles me ligaram e me chamaram para ir para praia, o que você acha?
(É claro que eu achava o fim da picada...mas eu não podia cobrar um centavo sequer dele)
- E-e-eu?! Ahhhh...vai sim...vai ser bom para você
(Nessas horas agradeço por nós mulheres termos o dom da falsidade)
-É tô pensando mesmo, vou ver, mas e você vai fazer o que?
-Eu?! Acho que vou viajar também...com a Lili.
(Resposta rápida)

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Eu e o Pierre estávamos juntos há quase 6 meses. Para mim, aquilo já era mais que um namoro. Era um casamento, apesar de não assumido. O Pierre entrou na minha vida assim meio de repente, sabe naqueles momentos que você já tinha perdido a esperança? Daí chega um cara bacana cheio de amor e carinho para dar a uma mulher carente e à procura, o que você acha que eu fiz? Caí na rede né?

A gente se dava muito bem. Gostávamos das mesmas coisas, tinhamos o mesmo pensamento, ideiais, livros, discos e tudo o mais. Nossa intimidade já era tanta que tinha dias que eu não sabia se estava no meu apartamento ou no dele. Era cueca jogada de um lado, duas escovas de dente no banheiro, várias latas de cerveja na minha geladeira. Para uma mulher que ficou tanto tempo sozinha essa invasão de privacidade mexeu um pouco com meus miolos. Mas confesso que não foi tão difícil assim ter uma barba peluda roçando meu rosto quase todas as noites (hehehehe).

O único defeito desse príncipe de Cinderela era que ele não assumia (ou fingia não assumir) que estava tendo um compromisso sério com uma mulher. Acho que era trauma. Ele já tinha namorado e noivado com uma garota por muitos anos, mas não deu certo. Daí, ele entrou na galinhagem e depois me conheceu.

- Poxa, Pi, você bem que podia ficar mais aqui né? - insistia minha mente burra de mulher para que ele resolvesse me assumir
- Ai, gata, tá tão bom do jeito que tá. Você é livre para fazer o que quer, eu também...gosto do nosso lance assim.

Pura ilusão achar que ele ia me assumir. Mas a esperança é a última que morre né?

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12 de junho de um ano qualquer.
Levantei da cama como se aquele fosse um dia comum. Fiz de tudo para esquecer que aquele era o dia cor de rosa. Fui para o trabalho e passei o dia todo me empaturrando de chocolates e fingindo que estava tudo bem, mesmo que o Pierre não tivesse me dado uma mísera ligação. Havia dois dias que ele não falava comigo.

Meio-dia. Horário do almoço. Cocei os dedos para ligar para ele, mas prefeir ir chorar em um ombro amigo.
- Ai, Bê...acho que levei um fora em pleno Dia dos Namorados...pra variar...mais um...será que eu tenho algum problema? Engordei demais? Tô com bafo?
- Pára com essa loucura, Diana. Você se esqueceu que está lidando como bicho homem?!
- Mas justo agora que eu estou apaixonada por ele?
Meu celular tocou. Era o Pierre
- Oi, Diana
Nossa não me chamou de gata?! Algo estava errado...
- Você vai estar em casa à noite? Vou passar lá...a gente precisa conversar.

Depois daquela ligação, não havia mais dúvidas, tinha levado um forasso. Fui para casa super chateada e tentando me preparar para o fora...

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De repente, a campainha tocou. Era ele. Detalhe que eu estava de pantufas e pijamas. Ele entrou quieto, me deu um selinho frio, sentou no sofá. Ofereci uma cerveja, ele aceitou. Fiquei rodando feito barata tontas enquanto ele tentava desengasgar.

- Fala logo, Pierre. O que aconteceu?! Você está me matando
- Porque vocês mulheres são tão ansiosas?! Para que tanto nervo...
- Como assim, ansiosa?! Você some dois dias, me liga hoje me botando terror e que que eu fique calma? Infelizmente eu ainda estou só na primeira aula da ioga.
- Eu estava pensando
- No quê?
- Na gente!!
Silêncio mortal.
- Já sei...você quer terminar né? Eu entendo...já esperava um pé na bunda mesmo..
- Será que você vai me deixar terminar de falar?!
- Olha, eu sei que não sou uma pessoa muito fácil de lidar...quando me envolvi com você não queria nada sério com ninguém...mas foi ficando tão sério e de uma forma tão natural que eu entrei em paranóia...mas pensei bastante e cheguei a conclusão de que...você é a mulher da minha vida. E porque não tentar mais uma vez?
- Isso é um pedido de ...
- Namoro? Isso mesmo. Diana, quero namorar com você. Aceita?

GENTEEEEEEE....Preciso responder?!
Naquela noite, os anjos fizeram um coral no céu ao som de aleluia e os santos se animaram por finalmente receberem as recompensas por minhas promessas.

sexta-feira, maio 15, 2009

VOCÊ VALE O RESTAURANTE QUE TE LEVAM


- Gente, vocês não vão acreditar!!! - dizia Lili toda esbaforida e com aquela cara de quem tinha novidade
- Ai, fala logo, Lili
- Adivinhem onde o Tavinho me levou para jantar ontem?
- Ah, sei lá, fala logo, Lili - perguntei curiosa
- Calma, Calma...fui jantar a luz de velas no Terraço Roma.
- Jura?! Que romântico
- Romântico nada, Diana...tá na cara que esse cara só quer impressionar e te comer de sobremesa no final. - respondia Betina com toda sua delicadeza de nascença
- Minha nossa senhora, onde a delicadeza foi parar, Betina?
- É a pura verdade gente... vocês estão cansadas de saber que isso é um sinal gritante de que o cara só quer impressionar. Me digam um cara que vocês saíram e levaram vocês para um lugar bacana desses sem querer um sobremesa depois? É puro charme.

Assim como a Lili ficou pensativa e tenho certeza que passou o resto do dia em crise existencial, eu parei para pensar numa verdade incontestável à frente dos meus olhos e que eu não queria ver. Nós, mulheres, valemos o restaurante que nos levam. Sério! Isso pode ser chocante no começo, mas se pensarmos pelo lado positivo, meninas, pode ser um sinal para gente analisar logo de cara o que eles querem com a gente...

... e ficar de orelha grande no papo dos garotos lá na agência na hora do almoço me ajudou muito a entender sobre isso...

- Cara, levei aquela gostosa da Paulinha numa pizzaria lá perto de casa ontem... - dizia o boy que exalava hormônios
- E aí?
- Aí foi uma pizza de mussarela, duas cervejinhas...e pimba! Levei para casa e crau! E o melhor tudo por conta do meu VR.

- Ah eu não saí com a Ana ontem e levei ela para jantar num restaurante bem bacana, música ao vivo, luz de velas...tudo no maior love... - dizia o gerente trintão que, por sinal, era uma gracinha e muito galinha também, mas não sei porque vivia cheio de mulher - o negócio é impressionar cara ... criar um clima , a mulher fica literalmente de quatro depois.
- E você, Maurão?

- Ah eu pedi umas pizzas lá em casa mesmo e fiquei mais eu e minha coroa assistindo uma TVzinha né? Jogo do Timão - falava cheio de orgulho o auxiliar administrativo casado há uns séculos

Aquela escutadinha atrás da porta depois do almoço me fez refletir bastante e chegar à algumas conclusões. Como não posso ser egoísta tenho que dividir com vocês, mulherada porque afinal de contas temos que ser mais espertas.

Lição número 1: barzinho xumbrega = "Só quero te comer hoje e nada mais"
Lição número 2 : restaurante chique = "Você é muito boa , vou gastar uma graninha com você, te impressionar e te levar para cama hoje, amanhã, depois e toda a vez que eu quiser. Você tá no papo"
Lição número 3 : fast food a delivery = "Romantismo para quê, você já é minha mesmo"

É meninas, muito cuidado com quem andam saindo e, principalmente, para onde estão indo. Se o seu objetivo não foi o mesmo que o dele...proteja-se!