segunda-feira, agosto 12, 2013

O DIA SEGUINTE


POR LETÍCIA VIDICA

- Bom diiiiaaaaaaa, dorminhoca!!!

Aquela voz soou como um doce sino para os meus ouvidos, mas confesso que acordei atordoada, descabelada(acho até que com bafinho), mas me senti a mulher mais poderosa do mundo ao ver o sorrisão do Pedro com uma bandeja de café da manhã nas mãos.

- Nossa, que horas são? Eu dormi tanto assim? Nem vi você levantar...- disparei a falar.

- Calma, meu anjo. - disse ele me dando um selinho - ... te dei um sonífero gostoso para evitar que você fugisse mais uma vez de mim.

- Golpe baixo hein? Do jeito que eu estou feliz e faminta, eu só fugiria depois do café da manhã. Não se preocupe. Hmmm... que delícia!! Não é que essa temporada em Londres te fez bem? - disse ao saborear o lanchinho gostoso que ele preparara pra mim.

- Acho bom comer bastante. Ainda temos muita energia para gastar... - insinuou Pedro roubando um pedaço do meu lanche.

Seguimos saboreando o nosso café da manhã. Em um silêncio apaixonante e excitante. Em meio a olhares, trocávamos beijinhos, risinhos e carinhos. Mas,de repente, no meio daquele momento mágico, a imagem da Globeleza na noite passada invadiu meu pensamento.

- O que foi, Dona Diana? Conheço muito bem esse olhar e essa cara de interrogação hein? - perguntou Pedro naquele tom de psicólogo e de quem me conhecia mais do que a mim mesma.

- Não fica bravo comigo...mas eu estava pensando naquela cena de ontem à noite.... a Kamilla aqui daquele jeito...

- Você ainda está pensando nisso? Esquece dela...não vamos deixar que ela estrague esse clima tão bom. - disse ele me abraçando.

- Ai, Pê, eu confesso que não engoli muito bem toda essa história. Não te falei nada. Não quis estragar a nossa noite, mas eu preciso saber da verdade. Seja sincero comigo. Joga a real...

- Diana... - disse ele olhando profundamente nos meus olhos - eu...não... tenho ...nada ...com a Kamila. Eu já te contei tudo, mas se quiser eu repito. Ela foi pra Londres com a desculpa de que ia estudar e quando vi ela já estava de mala e cuia em casa. A gente ficou sim, mas eu nunca dei esperanças pra ela. Ela sempre soube que eu amo você.

- Tem certeza disso?

- Quer que eu prove?

Pedro jogou a bandeja no chão,me empurrou contra o colchão e foi possuído pelo espírito William. Transamos mais uma vez.

****

Fomos interrompidos pelo toque do interfone. A gente até que queria ignorar, afinal não queríamos ser incomodados pelo mundo. Mas a insistência era tanta que Pedro correu para atender.

- Betina e Lili estão subindo aí! Vou colocar uma bermuda.

- O que elas querem?

Foi o que perguntei ao Pedro e para as meninas cheias de sorrisos, sacolas com carne e cerveja nas mãos.

- Nem vou perguntar se você viu o passarinho verde. Já que você não atende esse seu celular, a gente resolveu te procurar de mala e cuia. – dizia Betina entrando no apartamento.

- Oi, meninas. Mas eu nem ouvi o meu telefone tocar... – desconversei.

- Diana, eu também não ouviria. – respondeu Lili.

- Desculpe a invasão, mano. Mas eu não consegui lutar contra essas duas. – dizia Tavinho ao cumprimentar o Pedro.

- Relaxa, gente. Entrem. Fiquem à vontade! Já estava mais do que na hora da gente comer alguma coisa...

- Realmente, isso dá uma fome... – brincou Betina.

Enquanto os meninos tinham saído para ir ao supermercado comprar mais bebidas e quitutes, aproveitávamos para conversar, ou melhor, elas aproveitavam para me interrogar.

- E aí, safadinha, tá com cara de que deu mais do que chuchu na cerca ne? – brincava Lili – Como foi a noite?

- Ai, gente, se melhorar estraga. Não tem como não ser maravilhoso com o Pedro ne? Mas teve um detalhe bem chato. A Globeleza apareceu aqui ontem, arrumou o maior barraco quando me viu aqui e insinuou que o Pedro fica procurando ela quando eu não estou...

- Jura? Tô Barbie na caixa, mas e aí?

- Ai, Bê, ele colocou ela para correr, disse que sempre foi sincero com ela dizendo que gostava de mim e me jurou de pés juntos que eles não tem nada mais e que ele nunca negou a ela que gosta de mim.

- Sei não hein? Melhor ficar esperta – desconfiava Lili.

- Para de colocar minhocas na cabeça da Diana! – incrivelmente era Betina quem ralhava com a Lili defendendo o santo Pedro mais uma vez.

- É, eu estou tentando não pirar com isso. Não quero estragar tudo mais uma vez, mas ainda não tirei a pulguinha detrás da orelha.

- Podem parar de fofocar que o assunto chegou – gritava Pedro abrindo a porta do apartamento.

- Ai, meu Deus! Acha mesmo que a gente só tem um assunto na vida? – brincava Betina.

- A queimação na minha orelha não me engana jamais.

****

Passamos uma tarde maravilhosa, comendo churrasco na varanda, provando as mais deliciosas caipirinhas da Betina e rindo muito com as histórias do Tavinho e da Lili. Esses momentos ao lado deles era sempre bom e, melhor ainda, com o Pedro ali.

- E aí, Pedrão, veio para ficar? – perguntava Tavinho.

- É o que eu mais quero sabe? Estou batalhando por isso, mas tenho que voltar para Londres daqui um mês.

Olhei espantada para o Pedro com essa informação nova. Ele não tinha me falado nada sobre esse retorno. Sob recriminação dos olhares de Betina, prevendo que eu ia começar a questionar isso e poderia estragar tudo, eu me calei. Mas passei o resto do dia com aquele caroço na garganta. E tive que perguntar quando todos foram embora.

- Você não me disse que teria que voltar para Londres de novo... – perguntei enquanto lava a as louças.

- Eu sabia que você tinha ficado encucada com isso. Eu não me desliguei totalmente da empresa. Vim pro Brasil pra tentar abrir uma filial, ainda não consegui. Mas vai dar tudo certo. Relaxa! – dizia ele me abraçando.

- E se não der? Como a gente fica?

- Nada vai mudar. A gente fica do jeito que está. Juntos. – disse ele me apertando e beijando o meu pescoço.

- Você lá e eu aqui? Você sabe muito bem que isso não dá certo.

- Diana, que tal se a gente vivesse uma coisa de cada vez hein? Por exemplo, agora eu estou afim de viver uma outra coisa. Larga
essa louça aí. Vem pra aqui.

Pedro me pegou no colo e saiu me beijando, arrastando-me até o quarto. Mais uma vez, me deixou sem resposta. Mas acho que ele está certo. Um dia de cada vez.