quinta-feira, maio 29, 2008

A TERCEIRA PARTE DO NOSSO RELACIONAMENTO


Por Letícia Vidica

- Oi, amor. Onde você está?

- Tô indo pegar a Vivi no shopping. O carro dela quebrou e ela me pediu um help.

- Mas a gente não combinou de ir ao cinema hoje? Tô prontinha te esperando.

- Juro que não vou demorar.

Ele não só demorou como nós perdemos a sessão do filme que eu estava esperando há dois meses para assisti, como saímos para jantar à três. Você não deve estar entendendo nada né? Mas eu explico. Quando eu namorei o Rui eu nunca pude ter um momento de privacidade com ele porque sempre tinha alguém entre nós. Entre um beijo e outro sempre tinha um amigo ou uma amiga. E a amiga da vez era a Vivi.

A Vivi era a melhor amiga de infância do Rui.Ela até que era simpática, o problema é que ela não dava um peido sem o Rui. E ele achava a coisa mais normal do mundo. Eu tinha limitações, mas a Vivi podia pedir para ele lamber o chão que ele lambia. Nunca tive nada contra amigos e nunca fui do tipo ´ou os amigos ou eu´. Sempre soube conciliar um relacionamento e os amigos. Acho até que é saudável ter um momento de privacidade com os seus amigos, até porque eu não largaria a Lili e a Betina por nada a não ser quando estava com o Rui. Mas já o Rui...

- Desculpe, Di... a gente se atrasou e acho que vamos ter que deixar o nosso cineminha para outro dia...

- Mas que tal se a gente fosse comer naquele restaurante japonês que você adora? - dizia Vivi - por ser mulher acho que ela sentia quando eu ficava com raiva do Rui.

********************************************

- E aí, Di, foi no cinema ontem?

- Não.

- Mas por quê? - perguntava Betina

- Adivinha? O Rui teve que ir buscar a Vivi no shopping.

- O quê?! Esse mundo tá ficando louco. Você ficou plantada esperando o seu namorado enquanto ele carregava sacolas para a amiguinha dele? - dizia Lili inconformada - Ah se fosse comigo...

- Esse é o problema, Lili... A Diana é boa demais, aguenta demais e por isso sofre demais. Dá um basta nisso. Daqui a pouco, ela vai até pro motel com vocês!!!

Minhas amigas tinham razão. Eu tinha que impor limites à presença da Vivi no nosso relacionamento. E eu estava decidida que naquela noite eu falaria sobre isso.

- Oi, gata...você vai ficar muito brava se eu não puder ir aí hoje?

- O que houve dessa vez?

- A mãe da Vivi está passando mal e ela me ligou pedindo para que eu as levasse para o hospital...

- Mas a Vivi não tem carro?

- Ainda não voltou do mecânico. Se não demorar muito eu passo aí mais tarde. Beijão.

Só Deus sabe o ódio que eu fiquei naquele momento. Sábado à noite com a maior lua, eu toda cheia de amor para dar e agora só me restava assistir ao Corujão?! E o pior é que eu fiquei com o Corujão.

No dia seguinte, quase meio-dia o Rui ainda não tinha me ligado. ´Poxa, custava ter me ligado quando voltou do hospital?´. Resolvi ligar no celular dele e adivinha quem atendeu?

- Vivi?!

- Oi, Di...poxa, desculpa mais uma vez por ter te roubado o Rui. A pressão da minha mãe subiu e eu não tinha a quem recorrer. Fala com ele, ele tá aqui.

...

- Oi, amor.

- Oi, Rui. O que você tá fazendo aí?

- A gente chegou tarde do hospital e a dona Sônia não quis que eu fosse embora altas horas da noite. Mas já tô indo pra´í.

- Não, não vem não. Tenho um compromisso com as meninas hoje, esqueceu?

A gente se fala depois.

O meu compromisso era ir chorar as pitangas na casa da Lili. Eu precisava ouvir minhas amigas antes de qualquer passo importante.

- Eu já falei você precisa impor limites.

- Melhor que isso, Betina... faz o jogo do contrário. Comece a desmarcar compromissos com ele por nossa causa e faça os mesmos pedidos que a Vivi faz a ele para ver se ele atende. Se o cara não sair correndo para te ajudar ou não te entender, desista amiga. Ele é mais um que morre pelos amigos, mas não por você.

Elas estavam certas e foi isso que fiz nas semanas seguintes. A primeira investida foi desistir de ir ao aniversário do chefe dele com a desculpa de que a Lili estava depressiva por ter levado um pé na bunda e precisava de mim. ´Poxa, Diana, mas a gente já tinha marcado isso há mais de um mês? Sua amiga leva foras toda semana!´ Compreensão zero.

A segunda investida foi me atrasar ao almoço na casa da mãe dele com a desculpa de levar a Betina até o shopping. ´Mas ela não pode andar de ônibus?!´ Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

A terceira e a derradeira do nosso relacionamento foi quando pedi alguns favorzinhos semelhantes ao da Vivi e ele negou todos. Apesar de estar apaixonada por ele, o meu orgulho fala mais alto e eu preciso de alguém que goste de mim e que não ache um sacrifício ter que me buscar num shopping. Quero um homem que saiba a diferença entre amigos e namoradas.

**************************

- Nossa, o que aconteceu? Sua voz estava diferente no telefone.

- Aconteceu Rui que a partir de hoje você está livre.

- Como assim? O que eu te fiz?

- Tudo para mim tem limite. E o meu acabou. Não aguento mais ter que ficar em segundo lugar na sua vida e ter que ficar com você no tempo livre da Vivi.

- Ah é isso? Você tá com ciúmes da Vivi? Pára com isso, que besteira. Ela te adora.

- Não é ciúmes e não me interessa se ela me ama ou não. Acontece que você não percebe, mas faz tudo o que ela quer e esquece que tem namorada. Se eu te peço um favor, você sempre recusa. Mas se a Vivi liga você esquece que eu existo e sai correndo para salvá-la. Se eu tenho que atender a uma amiga, você reclama e faz bico. Nunca me compreende. Chega!

- Isso não é motivo para gente terminar, Diana. Eu posso rever isso.

- Você nunca vai rever isso, Rui. E sabe por quê? Porque os seus amigos sempre estarão em primeiro lugar para você. E não é isso que eu quero do homem que esteja ao meu lado. Eu quero que ele saiba o momento certo e o lugar certo de cada um.

- Se você prefere assim...

Com os olhos cheio de lágrimas, o Rui foi embora da minha casa e da minha vida. Eu também cai em prantos, mas nem tanto porque ele foi embora e sim porque estava cada dia mais difícil encontrar o homem perfeito e os que eu achava ser sempre iam embora.

Papo de calcinha: O seu namorado (a) se dedica tanto aos amigos? Qual o peso deles no relacionamento de vocês?

quinta-feira, maio 22, 2008

POEMA DA MULHER

(autor desconhecido)

Que mulher nunca teve Um sutiã meio furado, Um primo meio tarado, Ou um amigo meio viado?

Que mulher nunca tomou Um fora de querer sumir, Um porre de cair Ou um lexotan para dormir?

Que mulher nunca sonhou Com a sogra morta, estendida, Em ser muito feliz na vida Ou com uma lipo na barriga?

Que mulher nunca pensou Em dar fim numa panela, Jogar os filhos pela janela Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou Para ter a perna depilada, Para aturar uma empregada Ou para trabalhar menstruada?

Que mulher nunca comeu Uma caixa de Bis, por ansiedade, Uma alface, no almoço, por vaidade Ou, um canalha por saudade?

Que mulher nunca apertou O pé no sapato para caber, a barriga para emagrecer Ou um ursinho para não enlouquecer?

Que mulher nunca jurou Que não estava ao telefone, Que não pensa em silicone Ou que ´dele´ não lembra nem o nome?

Só as mulheres para entenderem o significado deste poema! Segundo elas, estamos em uma época em que:

´Homem dando sopa, é apenas um homem distribuindo alimento aos pobres´

´Pior do que nunca achar o homem certo é viver pra sempre com o homem errado´

´Mais vale um cara feio com você do que dois lindos se beijando´

´Se todo homem é igual, porque a gente escolhe tanto???´

Mande para mulheres que precisam rir, ou para homens que possam lidar com essa realidade!

quarta-feira, maio 14, 2008

MEU EX-NAMORADO AMIGO



- Gente, adivinha com quem eu sai para jantar ontem? ... Com o Gustavo.

- Ué, mas vocês não tinham terminado? –perguntou Betina

- Vocês voltaram? – completou Lili

- Não, gente, nada disso... nós somos amigos.

- Como assim? Você não tinha prometido que não queria vê-lo nem pintado de ouro e agora vem com esse papo de amizade?

- Isso foi antes, Bê... a gente conversou e acabamos virando amigos.

- Ah, pra mim esse negócio de amizade com ex não rola.

Antes de jantar com o Gustavo, eu também pensava como a Lili. Namorei o cara por um ano, era loucamente apaixonada por ele, até ele me trair com uma loira peituda e dez quilos mais magras do que eu. Jurei de pés juntos que nunca mais queria olhar, falar e nem sentir o cheiro do Gustavo. O problema é que ele não jurou o mesmo e resolveu me procurar. Ele me ligou dizendo que a gente precisava conversar e que eu não podia negar o convite. E eu – idiota - não neguei.

- Mas e aí o que ele queria?

- Conversar. Disse que me considera muito, que sente falta das nossas conversas e que queria selar um acordo de paz comigo.

- E você selou?

- É, selei, Lili... e o pior é que ele tá namorando aquela broaca peituda e me convidou para ir as bodas de casamento dos pais dele sábado que vem.

- Você recusou né?

- Ai, gente, eu adoro os pais dele...

****

Eu sei que o que eu estava fazendo ia contra os meus princípios, mas que mal tem sermos amigos? Resolvi apostar nisso. Não só apostei como fui até a bodas. Sozinha porque nenhuma das minhas amigas puderam me acompanhar.

Quando cheguei no salão, tipo barata tonta, logo fui arrastada pela Selma, minha ex-cunhada, que me fez questão de dizer o quanto sentia minha falta e gritar para todo salão ouvir que eu havia chegado. Foi aquela zorra: toda a parentaiada do Gustavo, que eu não via há mais de um ano, ficou em cima de mim.

- Oi, Diana! Que bom que você veio. Joyce, lembra da Diana?
- E como... – disse a broaca com sorriso amarelo e me medindo dos pés a cabeça.

Bem que eu tentei sentar em uma mesa separada, mas o Gustavo fez questão de que eu sentasse na mesa dele. E eu sentei. Passamos a noite toda conversando e rindo. A tal da Joyce até que tentou ser simpática, mas não deu. Teve que me engolir no final da festa porque o Gustavo acabou me levando para casa.

****

Achei que esse papo de ser amigo de ex tinha acabado nas bodas, mero engano meu. Toda semana o Gustavo me ligava e a gente ficava horas no telefone falando da vida. Descobri que ele estava feliz com a tal da Joyce, apesar de todo ciúmes dela em relação a nossa amizade, que ele estava querendo mudar de emprego e todos os seus planos para o futuro. Acabei virando uma espécie de mãe guru amiga. Qualquer probleminha que fosse, até unha encravada, o Gustavo me ligava.

- Tem falado com o Gustavo, Di?
- Somente todos os dias.
- Nossa, mas o cara tá te ligando mais agora do que quando vocês estavam juntos!!!
- Esse é o problema, Lili... e eu não sei como cortar isso. Acho sim que podemos ser amigos, mas ele tá meloso demais.
- Quem mandou se enfiar nesse barco.

Ela estava certa. Eu quis navegar sozinha agora tinha que aprender a remar. Comecei então a não atender a todos os telefonemas do Gustavo. Atendia quando queria. Mas não satisfeito, ele me bombardeava de torpedos, scraps, e-mails e mensagens no MSN. Essa amizade já estava me enchendo e invadindo demais a minha privacidade.

Sexta-feira, 23 horas, sem vontade nenhuma de sair, de pantufas e pijamas assistindo qualquer besteira na tevê. O Gustavo apareceu.

- Oi, Di... que isso? Nesse estado numa lua dessas? Vamos sair?

- Cadê a Joyce?

- Vou passar na casa dela daqui a pouco. Vim te buscar primeiro.

- ‘Peraí, Gu...não é assim... você tá invertendo as coisas. Eu sou a amiga e a Joyce é a namorada. Você deveria estar com ela agora e não comigo.

- Não to te entendendo, Diana.

- Eu explico: esse lance da nossa amizade já está indo longe demais. Você está mais presente agora do que antes. Além do mais, eu sei muito bem que a Joyce não gosta de mim e só me atura por você. Apesar dela ter te roubado de mim, eu entendo ela. Pensa bem.

- Poxa, desculpe, não sabia que estava pisando tanto na bola assim. Foi mal. Sabe o que é...eu gosto de você pra caramba e depois que a gente virou amigo eu não consigo deixar de falar com você. Você é a minha melhor amiga agora, Di.

- Muito legal, Gustavo. Mas você tem que saber separar as coisas. Por exemplo, sexta-feira com uma lua dessas, leva a sua namorada para um barzinho, uma balada, um motel, sei lá....

Realmente, eu estava mudada. Quem diria que eu mandaria o meu ex-namorado que me traiu levar a atual namorada – com a qual ele me traiu – para um motel. Ainda indiquei um dos bons!!

- Eu não te entendo, Di... você mandou o Gustavo pro motel com a Joyce? – falava indignada Betina do outro lado da linha

- Ah, Bê, ele tem que se tocar. Eu fui a namorada, agora eu sou a amiga, tudo bem. Então vamos fazer jus aos papéis.

- Eu não sei se agüentaria isso não... você é forte amiga

- Todas nós somos. Quando o calo aperta, você aprende a gritar. Melhor assim. Aprendi que esse negócio de amizade com ex não dá muito certo. E, confesso, que estava quase arrastando asinha pra ele de novo.

- Não digo que mulher é bicho burro?!

- Mas foi quase, viu? Quase mesmo... eu acordei antes e já to bem vacinada para o próximo que queira ser meu amigo. Colega, no máximo, e com direito a processo seletivo antes.

- HAHAHAHAH

- Boa noite, Bê

- Boa noite, Di.

PAPO DE CALCINHA: Você acredita que é possível ser amiga (o) de um ex-namorado (a)?

sexta-feira, maio 09, 2008

NO BALANÇO DA BALANÇA


Por Letícia Vidica

Num daqueles típicos e rotineiros dias em que eu acordo atrasada e atordoada para sair voando para o trabalho, peguei um velho jeans surrado (aquele que a gente gosta e nunca joga fora) e fui me vestir correndo ou, pelo menos, tentar. Foi quando uma coisa horrível aconteceu: a calça não fechava.

Não é possível! Semana passada mesmo, eu vesti essa calça... A Dorinha, minha empregada, deve ter feito alguma besteira que a calça encolheu. Tudo bem, depois eu brigo com ela.

Corri e peguei uma calça social que estava no cesto de roupas sujas. Depois de cinqüenta puladinhas, uma respiração profunda e uma deitadinha básica na cama o zíper subiu e... uma banhinha chata pulou. Meu Deus, mas o que está acontecendo? Perguntei ao espelho . Saí correndo e paranóica. O que eu não queria admitir estava acontecendo: eu tinha engordado! Quantos quilos, eu não sabia porque eu estava fugindo da chata da balança há uns bons meses.

Não há nada pior para uma mulher do que ter que admitir e ouvir o seu espelho e suas roupas gritando o quanto você está gorda. Acho que a gente preferiria ser cega e surda nessas horas. Pior ainda é ter que dar por vencida e entrar num regime.

Para compensar o cansaço que as gordurinhas a mais me deram pela manhã, no almoço resisti à picanha e a lasanha e comi apenas alface.

- Ué, o que houve, Di? Vai comer só isso – perguntou Ana, minha colega de trabalho
- É... estou sem fome – mentira! Eu estava tentando resistir àquela minha vontade louca de cair de boca naquela picanha. Confesso que foi um castigo para mim ver todas aquelas tentações.

Castigo pior foi quando na saída do trabalho decidi encarar a minha maior inimiga: a balança. Olhei para os lados para ver se nenhum gatinho que eu conhecia estava por perto, respirei fundo, olhei para ela, contei até três, fechei os olhos e subi. Seria doloroso demais ver aqueles números subindo e não parando nunca mais. Por isso, preferia a surpresa. Abri os olhos e constatei o que já sabia: eu tinha engordado. Fui para casa depressiva.

***

Confesso que eu nunca fui muito paranóica com essa coisa de regime. Eu comia de tudo e maneirava quando achava que devia. Minha balança era minha mãe. Toda vez que a gente se via, ela fazia questão de dizer o quanto eu estava gorda e que eu devia comer coisas mais saudáveis. É incrível como mãe gosta de te deixar pra cima.

Naquele dia, quando cheguei em casa, eu estava tão mal que a minha vontade era me acabar numa caixa de bombons, mas eu não podia. Então, resolvi abrir a minha geladeira e ver o que de mais saudável tinha nela. De saudável percebi que só tinha o ventinho que saía dela. Tomei apenas um copo de leite, fingi não escutar a sinfonia de Beethoven que tocava na minha barriga e fui dormir.

No dia seguinte, sexta-feira, era dia do encontro religioso com as minhas amigas no bar do Pedrão. Mas aquele local era um dos motivos dos meus quilinhos a mais. Por isso, resolvi mudar o nosso encontro para o meu apê.

- Ué, gente por quê nós não fomos ao Pedrão hoje? – disse Betina que chegava com uma caixa de cerveja e duas pizzas na mão

- A Diana cismou que engordou e vai fazer greve de Pedrão.

- Gorda onde, Betina?

Se há uma coisa que deveria ser eliminada da sua vida quando está tentando emagrecer são as suas amigas. Primeiro que elas nunca dizem a verdade porque não querem te chatear. Por isso, insistem em dizer que você não tá gorda. E, segundo, que elas não entram no regime junto com você. Por isso, não tem a menor dó nem piedade de beber e comer coisas maravilhosas na sua frente, assim como naquela noite.

- Não adianta tentarem me animar... as minhas roupas não mentem. Nenhuma calça me serve! Eu preciso emagrecer urgente.

- Eu conheço um regime que é tiro e queda... – dizia Lili

- Ih, não entra nessas dietas malucas da Lili não...sai dessa. Vai num médico que é melhor.

- Não dá, Bê, eu tenho que emagrecer para ontem... o casamento daquela minha prima é sábado que vem e o vestido já está alugado. Eu preciso perder rapidinho todos os quilos que não existiam quando eu provei ele. Além do mais, aquele meu primo gatérrimo vai vir da Alemanha pro casório e eu tenho que estar bonita...

- Tá bom. Depois não diga que eu não avisei. Agora, relaxa e bebe uma cervejinha.

- Tira esse negócio da minha frente agora ou eu te jogo pela janela, Betina!

Passei a noite bebendo suco diet.

****

Para perder os quilinhos indesejáveis resolvi embarcar nas dietas da Lili e todas as outras que me ensinaram. Como eu tinha pressa, decidi fazer todas ao mesmo tempo. Quem sabe o resultado não seria mais rápido? Tomei chá verde, chá branco, água com limão, água morna em jejum, tomei sopa para emagrecer, passei o dia na base do alface e outras loucuras mais.

Resultado: acordei no sábado e não conseguia levantar da cama. Não tinha forças. Tudo rodava. No único momento de lucidez que tive, liguei para a Betina e pedi que ela viesse correndo. Fui parar no hospital e, por causa da minha saga para emagrecer, também perdi o casamento, o dinheiro do aluguel do vestido e o gato do meu primo. Fiz tanta loucura que acabei desidratada, internada e ainda tive que agüentar sermão duplo da Betina e da minha mãe...

- Filha, o que você fez? Eu não te disse que era para comer direito? E agora?
- Eu falei para ela não embarcar naquelas dietas malucas da Lili...

Fiquei dois dias em observação e depois fui obrigada a passar uma temporada na casa da minha mãe sob sua vigilância constante. Nunca comi tanta verdura e legume juntos! Sei que cometi uma loucura naquela semana e não recomendo a ninguém, mas uma coisa é certa: consegui emagrecer! Mas prometi a mim mesma procurar um médico e começar um regime certo. Só espero que o santo não me castigue muito se eu não conseguir cumprir a promessa.

Papo de calcinha: Já fez alguma dieta louca para entrar em forma?

quinta-feira, maio 01, 2008

EU SEI O QUE VOCÊ FEZ NO SÁBADO PASSADO


Por Letícia Vidica


Fazia dois meses que a Lili estava namorandinho com o canalha do Otávio. Mais uma vez, ele resolvera assumi-la à sociedade dentre tantas idas e vindas.

A Lili sempre foi completamente apaixonada pelo Otávio. O problema é que a recíproca não era verdadeira. Para não ficar só, ele voltava para ela quando convinha cheio de arrependimentos, desculpas esfarrapadas e buquês de flores. O Otávio fazia parte do clube dos canalhas. Era o tipo de homem que não perdoava ninguém, nem mesmo a mim e a Betina. Bastava ser mulher que ele caía dentro.

Nós já havíamos cansado de alertar a Lili para cair fora dessa, mas mulher apaixonada sempre fica boba, burra e cega.


Era sábado. Eu e a Pámela, minha colega lá da agência, havíamos marcado de ir a um bar para conversar um pouco. A noite estava ótima - quente e enluarada – e pedia uma cerveja gelada.

Meia-hora depois de fofocar sobre o pessoal da agência e de falar mal do chefe, algo me paralisou. O Otávio entrou no bar de mãos dadas com uma mulher e não era a Lili. Fiquei pálida. Apesar de desconfiar das puladas de cerca dele, nunca desejei ser a testemunha ...

- O que foi, Diana?! Você ficou pálida de repente ...
- Disfarça, ta vendo aquele cara de blusa azul sentado naquela mesa ao lado do careca?
- Sei
- É o namorado da minha melhor amiga
- E por quê você não vai lá falar com eles?
- Porque aquela mulher não é a minha melhor amiga!

Tentei continuar a conversa, mas eu não podia deixar de olhar para os dois pombinhos. Que desculpa será que ele havia inventado para a boba apaixonada da Lili?

Antes que eu e a Pámela resolvêssemos ir embora, o Otávio e a amante se levantaram para ir. Porém, como a minha mesa ficava na rota do caixa, não teve como evitar o encontro. Ele me olhou com cara de assustado, mas tentou disfarçar...

- Oi, Otávio, tudo bem? Que surpresa!
- Oi, Diana.
Essas foram as únicas palavras que trocamos.


Quase não dormi à noite pensando em como contar à Lili. E, se não bastasse ter sido testemunha da traição, a Lili havia marcado uma feijoada na casa dela no dia seguinte.
Quando cheguei o Otávio ainda não estava lá ...

- E aí meninas, o que fizeram ontem? – perguntou Lili
- Aluguei um DVD e não saí de casa – respondeu Betina
- E você, Di?

Como eu preferia que ela não tivesse feito essa pergunta. Eu podia ter dito que fui a um bar e vi o namorado dela com outra, mas não era o momento.

- Saí com uma colega lá da agência e você?
- Ah, fiquei preparando as coisas para a feijoada.
- Ué não viu seu príncipe? – perguntou Betina
- Ele teve uma reunião lá do time de futebol. Vão participar de um campeonato na semana que vem.

Reunião do time de futebol num sábado à noite? Essa foi a pior que já ouvi. Pior ainda foi que a Lili acreditou! Eu tinha que contar a verdade, mas fomos interrompidas pela campainha. Era o Otávio. Ele me cumprimentou como se nada tivesse acontecido e agiu normalmente o resto do dia. Quase me convenceu de que era um homem fiel apaixonado, se não fosse a cena que vi ontem...

- Tô te achando meio estranha, Di. O que foi? – perguntou Betina enquanto fumávamos no quintal.
- Preciso te contar uma coisa mas, por enquanto, tem que ficar de bico calado...ontem à noite,o Otávio não estava na reunião do time .... eu o encontrei lá no bar que eu fui com a Pamela e ele estava com outra mulher...
- O quê?! – engasgou-se Betina com a tragada do cigarro – Que cachorro! E você quer que eu fique quieta?!
- Pelo menos por hoje. Eu to tomando coragem para contar para Lili ... olha só como ela está apaixonada!
- Antes sofrer de amor do que de dor de corno! Mas tudo bem, desde que você conte e não demore. Se não, conto eu.

A feijoada havia acabado e eu e a Betina estávamos sem carro. Então, a Lili insistiu que o Otávio nos levasse. Fomos mudos o caminho todo, ouvindo Paralamas. Ele deixou a Betina e, quando se dirigia para o meu prédio, disse...

- Obrigado Diana.
- Pelo quê?
- Por não ter falada nada sobre ontem para a Lili
- E você ACHA que eu não vou contar?
- Deixa que eu faço isso.
- Duvido que você seja homem para isso
- Eu mudei, Diana.
- Só se for para pior ... te dou 24 horas para contar, se não conto eu!

Foi a pior bobagem que eu fiz. Como podia acreditar que o cafajeste do Otávio falaria a verdade? Mas resolvi dar um voto de confiança. Uma semana depois, Lili me ligou me chamando para a festinha surpresa que ia fazer para o ‘Tavinho’ no sábado à noite...

- Festa surpresa para o ca... o Otávio? Sábado? E ele não te disse nada?
- Sobre o quê?
- Sobre sábado passado...
- Ah que vocês se encontraram? Disse sim. Ele falou que encontrou você no bar. O Tavinho encontrou uma velha amiga do colégio quando saía do clube e os dois foram beber uma cerveja juntos. Mundo pequeno não? Ela vai estar aqui no sábado. Ah, vou precisar da ajuda de vocês... beijinho.

Amiga do colégio? Festa de aniversário surpresa? Enrolar docinhos para o galinha? A Lili só podia estar louca e eu mais ainda. Sem escolhas, eu e a Betina fomos bancar a mestre cuca da festa do traidor...

- Olha esse brigadeiro, Betina, tá muito grande... o Tavinho não gosta.
- Por falar nele e vocês? – perguntei
- Nunca estivemos melhor. O Otávio mudou bastante. Está mais presente, mais carinhoso... estou perdidamente apaixonada por ele.

Eu e a Betina nos olhamos com cara de quem diz ‘E agora, José?’.

- E você confia nele?
- Que pergunta, Betina... de olhos fechados.

Depois de enrolar beijinhos, brigadeiros, coxinhas e risoles estava tudo pronto. Os convidados já estavam lá. O Otavio chegou junto com a tal da amiga. Acredita que a idiota da Lili pediu para ela despistá-lo? Aposto que ela cumpriu o trato direitinho. Ele fez cara de surpresa, beijou Lili, fez declaração de amor e curtiu a festa como o namorado perfeito.

Aproveitei um momento de distração da Lili e me aproximei do calhorda...

- Parabéns, Otávio!
- Obrigada, Diana
- Como você pode ser tão canalha e enganar a Lili na cara dela? Amiga do colégio?! Aposto que essa vagabunda te levou para um motel barato, enquanto a pobre da Lili se descabelava para fazer a festinha.
- Eu não disse que ia contar?
- A verdade!
- Pois então, a verdade depende de quem vê. Essa é a minha verdade.

Antes que eu cuspisse na cara dele, a Lili se aproximou...

- Precisando de algo, amorzinho?
- De você.
Como era cínico!

- Estavam falando sobre o quê?
- Sobre sábado passado – eu disse
- Coincidência vocês se encontrarem não?
- Foi Deus quem me mandou lá. Assim eu pude ver o Otávio com a outra.
- Outra?! A Priscila?! Ela é amiga dele.
- Acorda, Lili! Você não está vendo que o Otávio tá te enganando? Essa Priscila é...
- Minha amiga de colégio – disse o calhorda rapidamente
- Você só pode estar cega e burra ... esse cara não vale nada!
- Olha aqui, Diana, esse cara é o homem da minha vida e eu não admito que você fale mal dele na minha casa.
- Tudo bem, Lílian, se o problema é falar mal do Don Juan na sua casa, eu saio.

Fui embora e me arrependi burramente de tentar alertar a Lili sobre o Otávio. Demorei demais porque ela já estava cega de amor. Ficamos um mês sem nos falarmos. Além de trair, aquele canalha havia conseguido destruir nossa amizade. A Lili não me ligava mais e parecia ter me excluído da sua vida e tudo por causa de um homem que não vale meio fio de cabelo.

Numa segunda-feira à noite, voltando cansada do trabalho, encontrei a Lili parada na porta do meu prédio. Ela perguntou se podia subir e entramos.

- Bem, eu nem sei por onde começar ... ai, amiga, me desculpe – disse ela correndo para me abraçar – eu fui uma idiota ... vocês sempre tentaram me alertar, mas eu não via ... o Otávio não vale o que come... eu o peguei no flagra com a tal da Priscila ... terminamos. Me perdoe por não ter acreditado em você.
- Eu sou mulher, Lili... e nós somos amigas.

Nos abraçamos e choramos feito duas bobas. Ela acho que por arrependimento e eu por ter feito a coisa certa. Agora o que me restava era esperar a poeira baixar e ser, mais uma vez, testemunha de uma traição do Otávio porque eles iam reatar (eles sempre reatam) e alertá-la novamente. Mas o que é mais uma vez para quem já fez tantas?


PAPO DE CALCINHA: VOCÊ JÁ DEU O FLAGRA NO NAMORADO DA SUA AMIGA?