quarta-feira, outubro 23, 2013

JOVEM VELHA JOVEM



Por Letícia Vidica


- Ai, ai, ai... que dor! Me ajuda aqui, Pedro! – eu gritava ao colocar o pé no chão e sentir meu joelho travar.

- O que aconteceu? – perguntava Pedro assustado e tentando me ajudar.

O que tinha acontecido é que eu estava com desgaste na patela do meu joelho. Isso mesmo. Esse foi o diagnóstico que o médico me deu na maior naturalidade. Disse que era normal, mas que eu teria que me cuidar. E eu que achei que as engrenagens só começavam a travar muito mais tarde. Sinais da idade.

- Mas e aí, o que você vai ter que fazer? – perguntava Pedro, enquanto saíamos do médico.

- Tenho milhares de sessões de fisioterapia para fazer, estou proibida de fazer uma série de exercícios, vou ter que começar a hidroginástica e emagrecer. É, Pedro, já não sou mais uma garotinha. Estou ficando velha. – eu lamentava.

- Não exagera, Diana. Você só tem 30 anos!

Aquele diagnóstico só confirmou o que eu já vinha sentindo: eu estava virando uma jovem senhora. As três décadas começavam a pesar nas minhas costas ...
... e pesou mais ainda quando cheguei na minha primeira aula de hidroginástica.

Meninas, o que acham de deixarmos essa baladinha para outro dia? Eu tive um dia de cão, - Abriram a porta do asilo ou é impressão minha? – eu perguntara para Lili que tinha resolvido me acompanhar – Eu estou me sentindo ridícula com esse maiô e essa touquinha.

- Diana, relaxa! E vamos cair na água.

- Oi, meninas, primeiro dia na aula? – era uma senhorinha muito simpática, baixinha, com as colunas curvadas que sorria para gente embaixo daquele maiô e daquela touca.

- Sim, estamos começando hoje. E a senhora? – Lili emendou o assunto.

- Eu já faço hidroginástica há oito anos. Faz muito bem para o meu bico de papagaio. É maravilhoso, vocês vão ver. Mas o que duas moças tão jovens fazem por aqui?

Engraçado que há alguns dias eu também tinha me feito a mesma pergunta. Mas agora eu já não me sentia tão jovem assim. Lili engrenou um bate papo com a velhinha simpática e seguimos para a aula.

Alguém pode me explicar quem foi que disse que fazer exercícios na água é fácil? O mais difícil para mim foi entender como todas aquelas jovens senhoras se exercitavam naquelas acrobacias, vencendo a água, cantando e rindo o tempo inteiro?

- Eu estou morta, Lili! – eu confessava para minha amiga ao sair ofegante da aula.

- Eu amei a aula, Diana. Foi super divertido!!!

- E aí, gostaram da aula, meninas? – era a senhora simpática que perguntava – Nos vemos na sexta hein?
Será que eu ia aguentar fazer tudo isso sem ao menos uma folguinha de uma semana?

****

- Nada de bocejar hein, dona Diana. – era Lili que brigava comigo ao ver minhas olheiras no pé e minha boca que não parava de abrir.

- estou exausta... – eu tentava argumentar em vão com minhas amigas no bar do Pedrão.

- De jeito nenhum. Hoje a gente tem alvará. É a noite das garotas e nós vamos dançar sim! Joga esse sono pra lá, hein, Diana? Tá ficando velha é?

Por incrível que pareça, apesar da noite linda de sexta-feira, tudo que eu mais queria naquele momento era ir para casa, tomar um banho quente, me enfiar embaixo da coberta e assistir a um filminho meloso. Em outros tempos, um esquenta no bar do Pedrão e uma baladinha com as meninas seria o convite perfeito, mas naquela noite nada disso me excitava. Porém, trato é trato. E não adiantava eu brigar com a Lili. E lá fomos nós para a tal baladinha.

- Nossa, tá cheio aqui né? – eu olhava ao ver a fila quilométrica na porta da balada – Ainda bem que a gente vai ter uma mesinha lá dentro ne?

- Então, Di, não tem mesa. É só pista mesmo. Hoje vamos nos acabar na pista.

- Eu não acredito! A gente vai ficar em pé a noite toda?! Esses saltos já estão me matando.

- Ihhhhh, dá para parar de reclamar um pouquinho? Quem tem quase quarenta anos aqui sou eu viu? – era Betina, cheia de energia.

Depois de quase uma hora em pé na fila, entramos na balada. Acho que nem uma lata de sardinha era tão apertada. Todas aquelas pessoas felizes, aquele som alto, um empurrando o outro... o meu desejo era jogar uma bomba ali e eu só visualizava a minha cama.

- Vamos beber, meninas? Tequila?

- Vamos, vamos... – eu dizia desesperada para sair do meio daquela lata de sardinha. – Três tequilas, por favor? - eu pedia ao barman.

- Por favor, eu faço questão de pagar a bebida para você.

Olhei para o lado e me assustei com o garoto que se oferecia para pagar a minha bebida.

- Não, eu agradeço, querido. Eu pago a minha bebida! – respondi para o fedelho.

- Nossa, adoro mulheres autênticas. – ele dizia e se aproximava também.

- Meu amor, agradeço a sua delicadeza, mas eu tenho namorado e já sei onde esse papinho vai acabar. Melhor investir numa garotinha da sua idade. Passar bem.

Peguei a minha tequila e fui falar com as meninas.

- Tá arrasando é, nega? – perguntava Lili.

- Arrasando? Aquele menino ainda cheirava leite. Enquanto ele jogava Playstation, eu já lia Capricho. Gente, eu tô me sentindo uma velha nesse lugar. Por um acaso é alguma matinê noturna? Só tem muleque aqui.

- Não exagera, Diana... tira essa história de que está ficando velha da cabeça. Ah, eu já volto. Acabei de ver um amigo. – Lili saiu pra pista.

- Não sei como ela não cansa, Betina. Eu já estou exausta.

- Entende agora como eu me sinto? – ria Betina.

- Acho que essa vida de balada já deu pra mim, sabia? Nada mudou. As músicas são as mesmas, as pessoas são as mesmas, os xavecos são os mesmos... ai, que saudades da minha cama, que saudades do meu Pedro... sem contar que eu não estou mais aguentando esse salto. Tá me matando!!! Vamos embora?

- Amiga, eu adoraria fugir daqui com você, mas a Lili iria ficar muito chateada. Aguenta firme!

- Que horas são? Falta muito para acabar?

- Ainda são meia-noite e meia.

- Só?! Estamos lascadas.

Eu e Betina brindamos com nossos copos de tequila e caímos na gargalhada. Como quem está na chuva é para se molhar, resolvi cair na pista mesmo com sono e com pé doendo. Até que a noite passou rápido.

****

- Diana, eu te convidei para um almoço e não para um jantar. Que cara é essa? – era minha querida mãe ralhando comigo ao me ver chegar um pouquinho atrasada para o sagrado almoço de domingo.

- Foi para balada e ficou assim, sogrinha. – Pedro me entregava para ela.

- Diana, já te falei que você não tem mais idade para essas coisas. A idade pesa, maninha. – era meu irmão que me irritava.

- Seu irmão tá certo, filha. Não acha que já está na hora de parar com a noitada? – incrivelmente esse era meu pai que concordava.

- Eu amo todos vocês viu? Mas podem parar com esse complor. Sei que não sou mais uma mocinha, meus joelhos doem e dizem isso todos os dias para mim e a ressaca que eu estou sentindo só confirma isso, mas vamos para o almoço? – finalizei o assunto.

...

- Tia Dirce ligou. Vai ser vó. A Paloma está grávida. – comemorava minha mãe enquanto lávavamos a louça do almoço.
- Nossa, mas ela casou não faz nem um ano e já engravidou? – me assustei.

- Certa ela. Esperar mais para quê? Ela já tem quase 30 anos, não é mais uma mocinha e o corpo pede viu? Acho bom você se apressar, filha. – mais uma vez, minha mãe vinha com aquele papo de ser avó.

- Eu sei, mãe. Não precisa repetir. Até os 35 anos está de bom tamanho.

- Você quer ser mãe ou ser avó? Melhor se apressar, Diana. Esperar tanto tempo assim para quê?

- Mãe, não é tão fácil assim. Encontrar o pai primeiro é um bom começo né?

- Acho que aquele que está na sala já está de bom tamanho ne? – apontava para o Pedro e saía da cozinha para levar café para os meninos.

- Ai, Marisa, você acha que eu estou velha demais para engravidar? Eu nunca pensei nessa história de ser mãe, de casar, mas depois que eu fiz 30 anos isso tem me martelado todos os dias...eu tenho que confessar.

- Calma, irmã. Tudo tem seu tempo. Não caía nas pilhações da mamãe e não faça como eu. Aproveita a sua vida. Ter filhos é muito bom, mas é preciso muita estrutura.

- Mas eu só tenho cinco anos para tudo isso! E se não acontecer?

- Diana, eu não estou te reconhecendo. Para! O que tiver de ser será...come um pedaço de pudim... você ainda é uma jovem...

- Me sinto uma velha jovem ou uma jovem velha...fudeu...acho que estou em crise!

Mordi o pudim e caímos na gargalhada para não chorar. Essa sensação de mulher balzaquiana estava acabando comigo.

PAPO DE CALCINHA: JÁ SE SENTIU UMA JOVEM VELHA OU VELHA JOVEM?







sexta-feira, outubro 04, 2013

ENCONTRO DO ACASO


POR LETÍCIA VIDICA

- Diana? – assustei-me ao reconhecer aquela voz que me chamava (ou melhor, gritava meu nome) na porta do restaurante japonês.

Eu não teria ficado tão tremula e sem graça se não fosse o Pierre. Tudo que eu menos queria naquela noite estrelada e calorosa de sexta-feira era encontrar o meu ex-namorado. E tudo que eu menos queria naquela noite que teria que ser maravilhosa ao lado do
Pedro era encontrar o meu ex-namorado, que eu não via há um tempão, ao lado da sua digníssima esposa.
Sei que a nossa história é complicada e que muuuita coisa já aconteceu e sei que eu amo o Pedro, mas (re)encontrar ex-namorado é sempre um encontro um tanto quanto estranho, ainda mais quando se tem terceiras partes envolvidas.

- Oi, Pierre! Oi, Olivia! – respondi ainda sem graça e acho que minha voz não conseguiu disfarçar tão bem. – Que coincidência a gente se encontrar aqui não é mesmo? – emendei ao final de dois beijinhos cordiais no rosto da Olívia.

- Ah, nem tanto, Di. Afinal, a gente adora comida japonesa, ne? – respondeu ele, resgatando uma certa intimidade desnecessária.

- Senhores, temos uma mesa disponível para quatro. Aceitam? – perguntava o gentil do garçom olhando para os casais, pensando (obviamente) que éramos melhores amigos. Eu quase quis socar a cara dele, mas o coitado não tinha culpa nenhuma do rolo que era a minha história amorosa com o Pierre.

- Por mim, tudo bem. Se não se importarem de jantar com a gente.

Rapidamente, a fúria que eu sentira pelo garçom foi transmitida para o Pedro. Como assim ‘eu não me importo?!’, mas eu me importo sim. Essa é a nossa noite. A última coisa que eu quero é ter o Pierre sentado na minha mesa. Respirei fundo, sorri cordialmente para o Pedro com aquele olhar de ‘conversaremos sobre isso mais tarde’ e entramos no restaurante. O ronco do meu estômago também não estava nem um pouco afim de esperar mais.

- E como foi de viagem, Pedro? Voltou para ficar? – perguntava Pierre num tom suspeito de investigação.

- Digamos que sim. – respondia Pedro calmamente com o interrogatório – Na verdade, vim a negócios profissionais e pessoais...- dizia ele olhando para mim e emendando um abraço, como quem marca território.

- Entendo, entendo...sei bem como são esses negócios. – respondia Pedro, como quem quisesse dizer que já tinha trabalhado muito nos meus negócios.

- E como vai a bebê, Olívia? – desconversei e tentei ser simpática com a Olívia. – Deve estar enorme não é mesmo?

- Tá uma pestinha, Diana, mas é uma fofa. Deixamos ela com a babá. Só assim para ter um momento mais romântico com meu amoreco ne? – dizia ela, abraçando o Pierre.

Aquela cena patética de marcação de território foi interrompida pelo mesmo garçom que ofereceu a mesa, trazendo as nossas comidas. Dessa vez, confesso que quase beijei o homem na boca. Ele tinha me salvado de uma.

Comemos falando de coisas banais e tentando quebrar aquele gelo estranho que estava no ar. Num desses momentos de silêncio, resolvi ir ao banheiro para respirar um pouco. Mentira! Escapei para mandar uma mensagem no celular da Lili e da Betina para contar o apuro que eu estava passando, mas antes de finalizar o torpedo fui pega pela Olivia.

- Acho que bebi saquê demais. – ela dizia, enquanto retocava a maquiagem no espelho.

- Nossa, nem fala.

- Fico feliz que tenha voltado com o Pedro. Vocês formam um belo casal.

Me espantei com a declaração, mas sorri cordialmente.

- Ele é uma ótima pessoa mesmo. A gente está tentando.

- Bom ver um casal que se dá bem ne? – dizia ela num tom de quem estava prestes a desabafar.

- Você e o Pierre também parecem se dar muito bem. – emendei.

- É, a gente tá tentando. Acabamos de sair de uma crise séria e estou dando mais uma chance. Inclusive, esse jantar é uma das coisas que eu impus pra ele.

Tá virando moda ou o que? Primeiro, a mulher vem desabafar comigo na despedida de solteiro, depois no casamento e agora?!

- Todo mundo merece uma chance, não é mesmo? Vamos voltar? – despistei. Eu não estava afim de bancar a terapeuta da Olívia novamente.

Quando voltamos para a mesa, o Pierre e o Pedro pareciam melhores amigos. Estavam às gargalhadas. Eu e Olivia olhamos sem muito entender, mas nos inserimos no assunto e a noite, incrivelmente, fluiu bem. Sem aquela atmosfera estranha do inicio.

***

- Que tanto você e o Pierre riam lá na mesa? – perguntei ao Pedro enquanto a gente voltava para casa.

- Ele é um palhaço, mas é gente boa. – respondia Pedro.

- Quem te viu, quem te vê ne? Você e o Pierre tão amiguinhos... – desdenhei.

- E o que é que tem? Isso te incomoda? – perguntou Pedro naquele tom de quem iria me interrogar e que ia reverter o jogo.

- Não. Nenhum um pouco. Prefiro assim. – menti. É claro que aquilo me incomodava! Mas, às vezes, é necessário omitir algumas coisas para evitar confusões.

***

Não sei por qual motivo, aquela noite não saía da minha mente. Aquele encontro e as declarações da Olívia me corroíam a cabeça. Ainda bem que eu ia me encontrar com as meninas para desabafar.

- E eu que achei que o Pierre já tinha mudado de planeta... – dizia Betina com desdém ao me ouvir contar do encontro.

- E a piriguete da Olívia? – perguntava Lili

- A Olivia se comportou bem. Até desabafou comigo no banheiro. Veio dizendo que estavam em crise, elogiando a minha relação com o Pedro...

- Ih, nega, cuidado hein! Ela já te tirou o Pierre e pode muito bem tirar o Pedro!

- Credo, Betina! Vira essa boca pra lá! Não é pra tanto, mas é melhor ficar esperta. – dizia Lili

- Será? Sabe que isso nem me passou pela cabeça? E vocês não sabem da última. O Pedro e o Pierre ficaram conversando como melhores amigos. E o Pedro até me disse que o Pierre é gente boa e achou ruim quando eu me assustei com isso, mas eu disfarcei e fingi que estava tudo bem. Mas é ob-vio que eu odiei essa amizade ne?

- Acho bom manter distância. Esse casal é perigo. E você não pode dar mais motivos para o Pedro desconfiar de você ou querer ficar resgatando história do tempo da arca ne?

A Betina estava certa. A melhor coisa era não dar corda para aquela história. Fácil se o Pierre não tivesse ido me procurar. E foi o que aconteceu na segunda-feira, quando eu saía do meu trabalho. Fui surpreendida pelo Pierre na porta do meu prédio.

- O que você tá fazendo aqui? – perguntei assustada, olhando para o lado com medo de ser flagrada.

- Eu queria te ver. – respondeu ele com a maior naturalidade do mundo.

- Ué, a gente já se viu na sexta. Esqueceu? Eu tenho que ir embora.

- Calma! Eu sei. Mas na sexta foi diferente. Eu estava com a Olivia, você com o Pedro e a gente nem conversou direito. – dizia
ele se aproximando de mim.

- A gente conversou tudo que tinha que conversar, Pierre. Não inventa, por favor. Não me arrume mais problemas. Eu preciso ir, de verdade. – ameacei sair.

- Um café! Só um café? Como amigos? – implorava ele com aqueles olhinhos de gato siamês.
Não sei como e por qual motivo, mas aceitei o tal café. Era um só e mais nada! Eu prometi isso para mim.

- Você continua linda ne? Não muda nunca!

- Obrigada! – respondi sem graça.

- Adorei te encontrar lá na sexta. Mesmo com o Pedro. Vocês estão juntos?

- O que te importa hein? – respondi grosseiramente.

- Calma, bravinha. To perguntando numa boa. Vim em missão de paz mesmo. Relaxa!

- Tá, ok! A gente tá junto sim. Você já aprontou tantas que eu estou vacinada de você, seu Pierre.

Caímos na gargalhada e, ao final dos risos, ficamos nos olhando. Sabe aquele silêncio nostálgico? Antes que a nostalgia reinasse, o meu celular tocou. Era o Pedro. Olhei para o visor e para o Pierre.

- Pode atender. Não vai deixar ele esperando. Só não dizer que tá comigo.

Até engasguei para atender, depois daquela declaração do Pierre. Quem te viu quem tevê? Despistei o Pedro falando que eu estava num happy hour com as meninas do trabalho e que a gente se encontraria depois. Fiquei muito mal em mentir para ele, ainda mais por causa do Pierre, mas não tive escolha.

- Não posso demorar, Pierre. Eu não quero envolver o Pedro nisso novamente.

- Fica tranquila. Eu te prometi um café. Você ainda não terminou o seu, não é mesmo?

- E como vai a vida de casado? A filhota...

- A minha princesinha é demais. Apesar da forma que ela veio ao mundo, foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. Mas a vida de casado não está tão legal assim... a Olívia é uma ótima mãe, mas acho que não rola mais entre a gente, entende?

- Mas vocês pareciam tão felizes lá no restaurante... – disfarcei fingindo que já não sabia do rolo todo.

- A gente tá tentando, sabe? Mas, no fundo, eu acho que nunca mais vou encontrar alguém como...

- Pronto! Terminei. Eu realmente preciso ir, Pierre. – interrompi ele, antes que completasse a frase. Eu não estava afim de ouvir a mesma conversa. Eu já sabia o final da história.

- Espero de verdade que vocês se entendam e formem uma família muito feliz, viu? – abracei o Pierre como uma grande amiga e dei um beijo na bochecha dele.

- Você sabe que é muito especial para mim, né? – respondeu ele segurando meus braços e olhando no fundo dos meus olhos.

- Não mais do que a sua princesinha. Te cuida.

Virei as costas e me controlei para não olhar para trás. Encontrar o Pierre sempre mexia comigo. E aquele encontro, mais uma vez, mexeu comigo. De uma forma estranha e diferente, mas mexeu. Pensar que um dia eu jurei amor eterno para ele, acreditei que seríamos felizes e agora era eu quem desejava que ele fosse feliz, mesmo depois de tudo que ele me aprontara. É, meninas, a vida é mesmo muuuito engraçada.

PAPO DE CALCINHA: VOCÊ JÁ SE TEVE ALGUM ENCONTRO COM EX ASSIM? CONTA PRA GENTE!