quarta-feira, setembro 28, 2011

AMADO AMIGO: JUÍZO FINAL



Por Letícia Vidica


- Nossa, Diana, o que uma paixão não faz com uma pessoa né? Você tá tão mais viva, mais alegre... - era Betina comentando o meu bom humor , durante um dos nossos encontrinhos habituais no bar do Pedrão.

- Também com um peixão daqueles, né?

- Pode tirar o olho, dona Liliana, esse eu não divido com ninguém. Pois é, meninas, há tempos que eu não me sentia assim. O Pedro é realmente incrível. Tem hora que eu até duvido... ele é perfeito demais.

- Mas e a saudades?

- E tem como sentir saudades, Betina? O Pedro me liga todo dia, me manda mensagem...acredita que outro dia mandou entregar até flores para mim lá na agência? Tem horas que acho que ele tá na sala ao lado e não no Rio de Janeiro. Mas esse final de semana ele tá vindo para cá... - eu respondia suspirando.

- Pergunta que não quer calar...e o Pierre? Ele já sabe que você escolheu o Pedro?

- Ai,Lili, você tinha que lembrar o nome desse estrupício? - reclamava Betina.

- Não, ele ainda não sabe. Ele sumiu. Não me procurou mais. Vai ver já está até em outra... e a última coisa que tenho pensado é no Pierre. Vamos mudar de assunto?

Mudei de assunto, mas tenho que confessar que esse assunto andava me perseguindo. Eu temia o dia em que eu teria que encarar o Pierre novamente. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele viria cobrar uma resposta. E eu, não sei por qual motivo, ainda não tinha tido coragem de contar para ele que eu estava ficando com o Pedro. Porém, eu sabia que não ia adiantar fugir por muito tempo. O dia do juízo final iria chegar e...chegou!!!

Era quinta-feira. Eu voltava do supermercado cheia de sacolas. A noite estava linda e eu tinha resolvido ir às compras a pé. Quando dobrei a esquina do meu prédio, quase infartei.

- Quer uma ajuda madame? - era o Pierre que me esperava sorrateiramente.

- Tá louco? Quer me matar do coração? O que você tá fazendo aqui? - perguntei assustada.

- Uma pergunta de cada vez. Já que você não me procura eu resolvi te procurar...

Era tudo que eu mais temia no mundo. Ele tinha ido me procurar e agora? Eu tinha que contar para ele sobre o Pedro, mas algo em meu subconsciente me impedia de tal atitude. Sem hesitar, Pierre me ajudou com as sacolas e me acompanhou até o meu apartamento. Enquanto ele me acompanhava, eu ensaiava mil e umas maneiras de dizer a ele que eu estava com o Pedro, que tinha me dado uma nova chance e que não dava mais. Será que não dava mesmo? Por um momento, vendo o Pierre ali no meu apartamento, uma nostalgia me bateu e uma ponta de esperança de que ele poderia realmente estar falando a verdade sobre a sua mudança. Ai, meu Deus, será que eu troquei os pés pelas mãos?

- Pierre, você ainda não me disse o que você veio fazer aqui...eu não te disse que...

- Fala nada não. Fica quietinha!!! Vou te mostrar o que eu vim fazer...

Numa fração de segundos, Pierre me abraçou e me beijou. Aquele beijo ardente de antigamente. Meu peito ardeu, minha perna bambeou e meu cérebro parou. Não tive reação. Mas, também numa fração de segundos, recuei.

- Pierre, vai embora! Por favor. Me dá um tempo...

- Diana, mas eu...

Abri a porta e implorei que ele saísse. "Ai, meu Deus, o que eu fiz? Eu não podia ter beijado ele. Não tá certo. E o Pedro? Ai, meu Deus...". Entrei em desespero total.
Só a Betina podia me salvar ...

- Como assim você beijou o Pierre? Como assim você não contou a ele que está com o Pedro? Diana, o que você quer? - essa era minha fiel escudeira me trazendo à realidade.

- Eu não sei o que me deu, Betina. Foi tudo muito rápido. E agora?

- Para de ser mole. Você tem que falar sobre o Pedro pro Pierre. Para de ficar alimentando esperanças nele...não dá para ter tudo...ou você acha que o Pierre vai ser sua muleta eterna?

Betina estava certa. No fundo, eu tinha me dado uma nova chance com o Pedro, mas temia abandonar o Pierre porque, se não desse certo, ele estaria ali. Me esperando de braços abertos, mas não é justo. Não é justo com o Pedro e nem com o Pierre. Estou decidida, vou falar a real. Vou contar do Pedro pro Pierre e do Pierre pro Pedro...entendem?

***

Pedro resolveu me fazer uma surpresa e veio para São Paulo na sexta-feira. Passou lá na agência e me levou para jantar. Para variar, um daqueles jantares românticos e espetaculares que ele adora. Ficamos falando sobre nossa semana, nosso trabalho, sobre a gente...mas o tempo todo eu olhava para ele e só lembrava do beijo que o Pierre tinha me dado. "Eu preciso contar". Aguardava ansiosa por uma brecha que nunca surgia. Não falei no jantar porque não queria estragar aquele clima romântico, não falei no carro porque o Pedro desabafava comigo sobre um problema de trabalho, não falei na minha casa porque mal falei. Chegamos excitados e ofegantes nos agarrando por todos os cômodos da minha casa... Ou seja, não falei. O café da manhã podia ser uma boa deixa...se a minha campainha não tivesse tocado...

- Pierre?! O que você tá fazendo aqui?

Ele entrou já me agarrando, quando o Pedro apareceu de cuecas na sala.

- Princesa... Pierre?! - perguntou ele assustado.

Ai, Jesus, o circo estava armado. E eu que achei que isso só acontecia em novela das oito.

- O que esse cara tá fazendo de cuecas no meio da sua sala, Diana? - perguntava Pierre.

- E o que esse cara tava querendo agarrar a minha namorada, Diana? - retrucava Pedro.

- Namorada?!

Pedro e Pierre me olharam como dois cães raivosos. Eu me sentia cada vez mais sem saída.

- Calma, gente, eu posso explicar...

- Explicar? Já entendi tudo, Diana. Tava me fazendo de idiota né? Já entendi seu joguinho. Ia me levar no banho maria até quando? Não esperava isso de você!

Pierre me olhou com cara de decepcionado e de desgosto. Me senti a pessoa mais suja do mundo. Ele saiu furioso. Ainda tentei gritar por ele no corredor, mas não adiantou. Ao voltar para o meu apartamento, Pedro me esperava sentado no sofá.

- Ele não sabia da gente né? Você não teve coragem de contar né?

- Pedro, eu ia contar...eu juro...ele me procurou essa semana...eu tentei contar, mas não deu...ele...ele...me beijou e não deixou eu falar.

- O quê?! - Pedro levantou furioso com os olhos vermelhos de ódio. Nunca tinha o visto assim. - Já entendi tudo. Você o ama ainda, Diana. Tá comigo para se dar uma nova chance, ver se esquece esse idiota, mas não consegue... Olha, gosto muito de você, mas eu não vou ser a sua muleta. Tô fora.

- Espera, Pedro. - eu corria atrás dele impedindo que ele fosse embora. - Onde você vai? Pedro, Pedro...

Era tarde. Pedro saiu batendo a porta do meu apartamento e me deixando aos prantos na sala do meu apê. "Burra, burra, burra" era só isso que eu pensava de mim.

- Burra não! Você foi uma imbecil. Deixou escapar a maior chance da sua vida. Eu desisto de você, Diana. – esse não era um sermão de mãe, praticamente, porque era a minha mãe amiga, Betina.

- E agora, gente, o que eu faço? – eu implorava uma saída aos prantos.

- Vai ficar aí chorando, mona? Hello!!! Se eu fosse você, ia agora mesmo atrás do seu bofe, antes que outra corra antes.

Essa era Lili. Incrivelmente, ela tinha me dado o conselho mais sensato. Até a Betina teve de admitir que Lili estava certa. E lá fui eu, com minhas duas fiéis escudeiras, atrás do Pedro. Mas dei com a cara na porta...

- Oi, Diana, o que houve? O Pedro chegou aqui que nem um furacão, arrumou as malas e disse que ia voltar ao Rio. Vocês brigaram? – essa era minha ex-futura sogra me jogando mais um balde de água fria. Por que a vida não pode ser fácil para mim hein???

***

- Desisto, meninas. É um sinal do destino. Pedro não me atende, já liguei 500 vezes para o celular, deixei um trilhão de recados na caixa postal...a essa hora ele já arrumou outra Garota de Ipanema. Meu destino é ser uma eterna solteirona mesmo. Ó vida cruel!!!

- Diana, hello! Vamos reagir, bem? – Lili mais uma vez me trazia à realidade – Tá esperando o quê para fazer as malas e ir para o Rio atrás do bonitão?

- Eu? Ir para o Rio? Tá louca? – confesso que correr atrás do Pedro não era uma possibilidade que eu estava considerando.

- A Lili é doida, mas ela tá certa. Bora atrás do bofe. – dizia Betina, ainda batendo palminhas com a Lili como quem comemora a grande idéia.

Se essa era a minha única saída, lá vamos nós. Relutei contra o meu orgulho que insistia em me dizer que não valia a pena, que ele devia ter me dado ouvidos, que era bem mais fácil e comodo continuar com o Pierre vivendo essa felicidade clandestina, como diz Clarice Lispector... Mas a minha consciência se inflou e foi logo dando uma surra no orgulho e me enchendo de coragem para ir atrás dele. Agora bastava saber se ia dar certo e era o que eu pensava enquanto arrumava minhas malas...eu estava a 40 minutos de avião de saber se eu seria feliz ou não...

PAPO DE CALCINHA: Você já ficou dividida (o) entre dois amores?

DICA - LIVRO: 'MULHERES SOLTEIRAS NÃO SÃO DE MARTE', EDITORA UNIVERSO DO LIVROS, DE LETÍCIA VIDICA. ADQUIRA JÁ O SEU!!

domingo, setembro 11, 2011

AMADO AMIGO: UMA NOVA CHANCE


Por Letícia Vidica


- Como assim a senhorita volta de viagem com o príncipe e nem nos aciona para contar nada? - essa era Lili com a Betina a tiracolo que tinham ido dar plantão na minha casa,uma semana depois da minha chegada de viagem com o Pedro.

- Achei que já soubesse o script da história de cor, ou melhor, pergunta para Betina que ela sabe direitinho como tramar essa história ... - eu dizia ainda furiosa com a armação da Betina e do Pedro.

- Peraí, gente, que parte da história eu perdi? - perguntava Lili.

- Não me mete no meio. - Betina, ainda tentando fingir que eu não sabia de nada.

- Não seja cínica, Betina. Sei muito bem que você armou com o Pedro essa palhaçada toda. Ele me contou. Então quer dizer que agora você fica bancando uma de cupido? E com que direito?

- Diana, eu só quis ajudar. Você vive reclamando que ninguém te ama, perdendo seu tempo como idiota do Pierre que não sabe se fode ou não ... enquanto isso, o Pedro, o maior partido da terra, de quatro por você...eu só achei que ia ajudar...

- Pois fique sabendo que você estragou tudo!!! Poxa, o Pedro é meu amigo. É assim que tem que ser...

- Vocês ficaram??!! - era o Tico e Teco da Lili funcionando meia hora depois...

- A gente se beijou sim. Mas a gente tava bêbado...aí o Pedro veio com umas histórias de que gosta de mim e tals, mas não é assim. Não pode ser isso.

- E por que não? Dá uma chance para ele, Diana. Para de ser boba. Se joga nos braços dele e seja feliz.

- Não sei, Betina. Não sei. E não adianta me aconselhar porque ainda estou muito furiosa com você.

Será que eu devia me jogar nos braços do Pedro? Essa foi a pergunta que mais me perseguiu por toda a semana. Falando nele, Pedro tinha sumido desde o nosso retorno. Se fosse um homem qualquer, poderia até dizer que tinha ficado bravo e me esquecido. Mas, sendo ele, sabia muito bem que o seu sumiço era um sinal de respeito ao meu momento. Porém, pensando bem, diante da minha indecisão, era até bom ficarmos um tempo sem nos falarmos.

Só que a vida é uma comediante e adora pregar peças na gente né? Adivinha o que aconteceu? Ao contrário da sua habitual atitude, Pedro foi me procurar uma noite dessas no meu apartamento.

- Pedro?! - disse assustada ao vê-lo parado na porta do meu apartamento.

- Vim em missão de paz. - ele dizia com os olhos tristonhos e parecendo até um pouco marejados.

Pedi que ele entrasse. Ofereci uma bebida, mas pude perceber que estava nervoso. Ficamos nos olhando um tempo. Ele suspirou, pegou nas minhas mãos, olhou nos meus olhos e dissemos:

- Desculpa!

Foi tão automático que logo caímos na risada. Incrível como eu não consegui ficar com raiva do Pedro.

- Preciso que me desculpe de verdade, Diana. Eu estraguei tudo, atropelei as coisas...

- Pedro, você não tem que se desculpar...eu é que tenho...fui uma grossa, mal educada com você. Você foi tão fofo, querendo me animar, me levou naquele hotel incrível, que amigo faria isso por alguém?

- Só um bobo apaixonado como eu. - ele disse num sopetão - É difícil admitir isso, Diana, mas você é muito mais que uma amiga para mim. Eu jamais quis te usar ou quis me aproveitar da sua amizade. Pelo contrário, esse sentimento nasceu muito depois disso. Mas você nunca me deu uma chance, uma abertura, achei que agora pudesse ser um bom momento...

- Pedro... eu ... - tetei dizer algo ainda um pouco tonta com tanta informação.

- Não precisa dizer nada. Não precisa se forçar a nada. Eu só achei que você tinha que saber disso. Cansei de levar esse sentimento no anonimato. Ah, e a Betina não tem culpa de nada. Fui eu quem pedi para ela me ajudar.

Antes que eu esboçasse qualquer tipo de reação, a campainha tocou. Para minha sorte ou azar, era o Pierre. Os dois lançaram olhares fuzilantes e eu fiquei ali me sentido a própria Gabriela com seus dois futuros projetos de marido. Dividida entre um amor do passado e o medo de um grande amor do futuro. Pedro se despediu de mim, como quem sai sorrateiramente de cena. Pediu que eu refletisse com calma tudo que ele tinha me dito e depois o procurasse.

- O que esse cara tava fazendo aqui? - perguntou Pierre com sua paciência ríspida.

- Primeiro lugar, esse cara é o meu melhor amigo. Segundo, a casa é minha e acho que não lhe devo mais satisfações né?

- Desculpe. É que você sabe que eu não vou muito com a cara dele... tenho minhas dúvidas sobre essa amizade, mas... te procurei final de semana passado...

- Eu viajei com o Pedro.

- Ah, agora tá até viajando com ele? Nossa!

- Pierre, se você veio até aqui para isso, pode ir embora.

- Não, não... eu vim te ver. Eu precisava te ver. E confesso também que preciso de uma resposta...

- Seu reloginho está correndo é? Pois fique sabendo que eu não tenho uma resposta... e não sei quando eu terei uma - ele não adorava jogar comigo? Pois agora será a minha vez!

Pierre me olhou com cara de cachorro sem dono.

- Diana, até quando a gente vai ficar longe um do outro? A gente se ama...vamos ser felizes. Eu te prometo, meu amor, vai ser diferente...agora é para valer.

Não sei por quê, mas eu não acreditava naquela promessa. De alguma forma, o Pedro tinha algo a ver com aquela minha desconfiança. Pela primeira vez, coloquei os dois na balança e estava disposta a pesar. Pedi para o Pierre respeitar o meu tempo e aguardar a minha resposta. E qual seria? Era isso que eu tentava buscar.

***

- Mãe, eu não sei o que fazer! - essa era eu choramingando no colo da pessoa que mais me entende no mundo. Mamãe! Eu tinha contado os últimos episódios do meu dramalhão mexicano para ela e agora pedia ajuda para dar um final digno àquela novela.

- Filha, você sabe o que eu acho sobre o Pierre. Gosto muito dele, mas acho que ele já brincou demais com você. Ele não é mais criança. Até quando vai viver de dúvidas? O Pedro, ah, o Pedro é como um filho para mim. Seria a maior alegria ter ele como genro. Ele é um bom moço e você merece uma nova chance, filha. Mas, você é grandinha e a decisão é sua. Só quero te ver feliz.

Mãe é tudo igual. Ajuda, mas só confunde a cabeça da gente. Que saudade dos tempos que ela decidia por mim. Era a saia rosa e não tinha choro. Agora, a decisão é minha. Oh, vida cruel.

Eu sei que não posso viver indecisa eternamente. Até porque corro o risco de ficar sem os dois passarinhos. Quem garante que eles vão me esperar? Porém, preciso me colocar à prova. Acho sim que minha mãe está certa...eu mereço uma nova chance. Basta saber se darei uma nova chance ao meu conforto inconstante com o Pierre ou a minha promessa de porto seguro com o Pedro. O certo ou o duvidoso? O amor ou a amizade? Jesus, me ajuda!

***

Resolvi apelar para um velho ditado que diz que o tempo cura e resolve tudo. Deixei nas mãos dele. O problema é que, mesmo que ele resolva, sempre dá um jeitinho de te avisar que o tempo está se esgotando.

- Di, como você está? - era Betina ao telefone.

- Estou ótima, na medida do possível.

- Já resolveu sua vida?

- Ainda não... estou deixando o tempo correr...

- Então acho bom se apressar...o Pedro me ligou hoje dizendo que vai voltar para o Rio amanhã... Você tem menos de 12 horas, amiga. Acho bom correr!

Foi o que fiz. Corri. Liguei para o Pedro e o convidei para jantar. Fiz uma comidinha gostosa (receita de mamãe), comprei uns drinks, me arrumei, me perfumei e coloquei tudo à prova.

- Nossa, como você está linda! - dizia ele ao chegar na minha casa - Só espero que não seja apenas uma despedida em grande estilo.

- Será que o senhor pode parar de querer adivinhar tudo? Entra!

Eu ainda estava um pouco nervosa com toda aquela situação. Era tudo muito novo. Ainda não me sentia à vontade com o fato de que eu tentaria dar uma chance para o meu melhor amigo. Prometi a mim mesma que ia deixar tudo correr e ver como aquela noite seguiria. Jantamos falando bobagens, rimos bastante e não trocamos uma única palavra sobre nosso possível romance.

- O jantar estava maravilhoso. Não sabia que você tinha dotes culinários. Parabéns! Mais uma surpresa....

- Você sabe que eu sou uma mulher surpreendente - eu disse me jogando no colo dele no sofá.

Ficamos em silêncio e Pedro acariciava os meus cabelos. De olhos fechados, me sentia como se o mundo tivesse parado. Engraçado que o Pedro fazia com que eu me sentisse uma adolescente apaixonada. E eu adorava toda aquela sensação.

- Não canso de dizer que você é linda! Pena que amanhã eu to indo embora...

- Disse certo. Amanhã. Então vamos aproveitar o hoje. - me desconheci, mas eu tinha dito aquilo. E nem vou ousar culpar o álcool.

Levantei, abracei o Pedro e o beijei. Eu queria sentir mais uma vez aquele beijo e testar se tudo aquilo que senti lá no chalé tinha sido real ou era apenas sensação etílica. Ledo engano, era real. O beijo dele era maravilhoso. Assim como o cheiro, o abraço, o perfume e... o sexo. Inevitavelmente, passamos a noite juntos. Me deixei levar. Ou, melhor, me dei uma nova chance. A noite foi maravilhosa. A cada toque, Pedro me tratava como seu eu fosse a coisa mais rara e valiosa do mundo.

***

- Diz que não foi um sonho? - Pedro me perguntava ao acordar.

- Não foi um sonho...foi mais real que tudo que já vivi nessa vida. Que coisa louca, Pedro. Eu e você? Quem diria?

- Eu e você? Então quer dizer que tenho chances? Tá certa disso?

- Pedro, você é a pessoa que mais me conhece no mundo. Eu não mentiria para você. Se vai dar certo, eu não sei. Mas eu estou a fim de tentar. Só quero que seja sincero se a gente descobrir no meio do caminho que estamos confundindo tudo. E, como tudo isso é novo para mim, você tá lá no Rio, acho melhor a gente ir devagar...

- O que você sugere? Sabe que faço tudo para ficar com você - ele dizia me beijando.

- Vamos nos conhecendo... vamos deixar rolar...preciso conhecer esse outro Pedro e você essa outra Diana, o que acha?

- Seja feita a vossa vontade...agora vem aqui que eu não quero perder um minuto a mais do seu lado.

Passamos a tarde toda trancados no meu apartamento tirando os anos de atraso e compensando a saudade que íamos sentir um do outro, quando ele partisse para o Rio. O mais incrível de tudo é que, por nenhum momento, eu lembrei do Pierre. Esse era outro problema que eu ia ter de enfrentar. Como dizer para ele que eu (agora) não queria mais?

***
- Betina, cuida da minha gatinha hein? Lembre-se que estamos separados apenas por uma ponte aérea. Logo mais, estou de volta.

Pedro me beijou, me abraçou, me cheirou, acariciou meus cabelos, me olhou fixamente...não queria largar!!!

- Desse jeito, você vai perder o voo. Vamos parar de melação? - brincava Betina.

Com muito custo, nos despedimos e Pedro entrou na sala de embarque. Naquele momento, meu coração doeu. Eu já estava com saudades e fiquei olhando ele partir com os olhos cheios de lágrimas.

- Amiga, você tá apaixonada!

- Ai, Bê, o pior é que eu estou - eu dizia rindo e chorando, ao mesmo tempo - E agora? O que eu faço?

- Seja feliz. Só isso já está bom demais.

Pois bem, é o que eu me propus a fazer não é?

PAPO DE CALCINHA: Você acha que a Diana fez a escolha certa?