quarta-feira, setembro 26, 2012

QUERIDINHA DA MAMÃE



POR LETÍCIA VIDICA

- Diana, você não vai acreditar em quem vai casar!!! – dizia minha mãe enquanto tirávamos a louça do tradicional almoço de domingo – A filha da Silvinha, aquela minha prima de Minas Gerais. Aquela que vinha aqui em casa e não abria a boca?! Vai casar! – pasmou minha mãe enquanto guardava as vasilhas.

- Poxa, que legal para ela, mãe.- comentei sem ânimo algum. Eu logo saquei que, em poucos segundos, começaria a sondagem.

- Legal?! É preocupante, minha filha. Tá todo mundo se ajeitando nessa vida. E você?! O que está acontecendo? Eu ainda quero te ver entrar na igreja vestida de noiva nessa vida.

- Vamos mudar de assunto, mãe! – eu não estava no clima para discutir a minha vida amorosa.

- Eu estou ficando preocupada de verdade. Até o Pierre já se arranjou de novo. O Pedro, pelo jeito, logo logo se arruma com uma gringa e você, Diana? Você tem que parar de ficar enfurnada naquele buteco toda sexta-feira e ir à caça. A idade tá passando, filha!!!

- Mãe, por favor, dá para parar de pegar no meu pé? – disse já puta da vida.

- Eu só estou falando a verdade. Esse seu jeito de mulher independente demais é o que
assusta... aposto!

- Mãe! – era Marisa que também já tinha percebido que minha mãe tinha passado um pouco dos limites.

- Chega! Eu estou cansada dos seus julgamentos, mãe. Por que você pega tanto no meu pé? Nada que eu faço tá bom!!! Eu ralo de segunda a segunda, saí de casa, conquistei minha liberdade, sou uma ótima profissional, mas nada tá bom?! A Marisa engravidou e casou com o primeiro otário que apareceu, vive um casamento infeliz, mas tá sempre tudo bem para ela. O meu irmão é um encostado, não consegue comprar uma chupeta para filha dele, mas a senhora continua alisando ele... e eu? Só levo tapa? Para mim, já deu. Cansei de ser a ovelha negra da família. – joguei o guardanapo no chão e ameacei sair da cozinha.

- Suzete, o que você fez? – era meu pai que entrara assustado na cozinha ao ouvir os meus berros.

Saí batendo as tamancas. Peguei minha bolsa na sala e fui para o carro. Antes que eu arrancasse, meu pai apareceu gritando para que eu ficasse.

- Diana, releve. Você não conhece sua mãe? Tente entender.

- Pai, eu te amo! Mas eu cansei de entender minha mãe e todo mundo... e eu? Quem me entende?

Fui para casa muito puta e em lágrimas. Eu odiava quando isso acontecia. E, de um tempo para cá, eu e minha mãe estávamos assim. Duas palavras e cinquenta socos. Eu sempre fui a queridinha do meu pai e sei que a Marisa e, principalmente, o meu irmão eram os xodós da minha mãe. Parecia até que ela gostava de me alfinetar por prazer.
Por um tempo (talvez na adolescência), eu gostava do fato de enfrenta-la, mas agora está perdendo a graça.

******

- Ixi, o que houve? Para transferir o Pedrão para o apê é porque alguma coisa tá feia. – dizia Betina que chegava no meu apartamento.

- Desculpem, meninas, mas eu não estava no clima de Pedrão hoje. – eu disse deitada no sofá.

- O que aconteceu, Di? – perguntava Lili.

- Minha mãe. Para variar, a nossa relação tá cada vez mais insustentável. A gente discutiu domingo passado mais uma vez. Eu estou cansada dela me pressionando. Acredita que teve a pachorra de dizer que até o Pierre desencalhou e eu continuo encalhada?!

- Diana, tenta pegar leve. É o jeito dela. Vai ver ela não faz por mal... – dizia Betina.

- Não faz por mal, mas faz toda hora. Parece que nada que eu faço está bom. A pamonha da Marisa engravidou do primeiro cara que transou aos 19 anos e tudo ficou lindo. O marido dela é um bunda mole que a trai, mas tudo está bem. O meu irmão não faz nada da vida e nem se preocupa em saber se fará algo nessa vida, mas minha mãe continua achando que tá tudo bem. E eu? Faço tudo certo e continuo a errada.

- Amiga, é difícil opinar. Mas acho bom se entender com a sua mãe logo. Aproveita enquanto você ainda pode. A minha morreu e eu deixei muitos mal entendidos. – desabafava Betina.

- Pode até ser, mas hoje eu estou muito puta ainda para dar o braço a torcer.

- Ah eu bem entendo. Falando em mãe, a minha vai fazer uma festa de aniversário amanhã. Ela não me procura o ano inteiro, mas quer que eu apareça na festa. Já não basta ter anunciado a festa na Caras? – bufava Lili – Vocês vão comigo né?

- Acho que uma festinha high society pode melhorar o meu astral. – brinquei.
Seguimos a noite tomando vinho, comendo pizza e a falar sobre nossos desentendimentos maternos.

*****

No dia seguinte, apesar do meu baixo astral, subi no salto quinze e fui para a festinha da mãe da Lili. Mais conhecida como Dona Leiloca Bittencourt, figurinha carimbada das colunas sociais. A Lili não gostava muito de comentar sobre o assunto, mas era impossível não ler. Ao pisar na festa, percebi que era coisa fina. Digna da presença de Amaury Junior. Acho até que ouvi a musiquinha...
Dona Leiloca estava completando 60 anos, mas com um pele de botox que a deixava uns 20 anos mais jovem.

- Filha linda do meu coração! Que bom te ver. – dizia ela beijando Lili, ao mesmo tempo que sorria e fazia poses para os fotógrafos, elegantemente equilibrando uma taça de proseco na mão. – Meninas, continuam lindíssimas hein? Que bom que vieram. Fiquem à vontade... cadê o emergente do seu namoradinho, Lili?

Dona Leiloca não fazia muito gosto pelo Tavinho. Achava que ele era um aproveitador e que ia roubar a herança da família. Tavinho sacando todo o amor que a sogra tinha por ele, saiu pela culatra e pulou fora da festinha.

- Gente, eu preciso respirar. Minha mãe me sufoca com essa falsidade. – dizia Lili brecando o garçom para emendar o segundo espumante.

- Sua mãe é uma fofa, Lili. Bonita, rica... sem contar que a festinha tá bombando hein?

- Quer trocar, Diana? Daria tudo para ter uma mãe normal como a sua... – reclamava Lili sobre a exuberância de Dona Leiloca.

- Falando em exuberância, quem é aquele garotão bonitão ali, hein? Apresenta o priminho para titia, Lili. – era Betina quem espichava o olho num morenaço que não passava dos 25 anos.

- Pode tirar o cavalinho da chuva, bonitona. Aquele ali é o meu novo padrasto. Mais uma das crias da minha mãe. Ridículo não?

Betina pediu desculpas pela gafe, mas não conseguiu desgrudar o olho do jovem. Ele era realmente um Deus grego. Mais tarde, descobrimos que ele era um top model de peso nas passarelas de Paris.

- Minha Barbie!!! Que bom te ver. Dá um beijo no papai. – dizia um sedutor senhor grisalho queimado de bronzeamento artificial que era o pai da Lili.

- Não seja ridículo, pai. Vai assustar minhas amigas. – ela dizia abraçando o pai.

- Meninas, esse é o meu tesouro! Falando em tesouro... pitchuca, vem cá! Quero que conheça a nova namorado do papai, ou melhor, futura esposa.

Assim como a mãe da Lili gostava de pegar garotinhos para criar, o pai dela também alimentava as garotinhas. Pela pose, logo vimos que os dois devem ter arrumado os companheiros no mesmo desfile em Paris.

- Tudo bem que a Lili tem seu quê de realeza, mas ela nem parece dessa família!!! – desabafava Betina enquanto fumávamos no jardim.

- Chega a ser hilário! Mas como ela mesmo diz: é muita pose né? Chega até dar saudade dos arranca rabos que tenho com a minha mãe. São mais verdadeiros!

Enquanto ríamos daquela declaração, Lili chegou de olhos marejados e maquiagem borrada.

- Vamos embora, meninas! Essa festinha já deu para mim. Já fiz o meu papel de boa filha. – dizia ela parecendo nervosa.

- O que houve? – perguntei.

- Flagrei meu pai e minha mãe brigando mais uma vez por dinheiro lá em cima. Fui me intrometer e ouvi o que eu não queria da minha mãe. Daí, ela disse que eu estava estragando a festa dela. Pois bem. Se eu estrago, eu vou embora. Cansei de ser enfeite.

O dinheiro era a maldição da família Bittencourt. Os pais de Lili sempre passaram a vida toda brigando mais pelo dinheiro do que dando atenção para a filha. Não era à toa que Lili se sentia mais feliz com suas duas amigas pé rapadas.

*****

Era domingo e, como eu ainda estava chateada com a minha mãe, resolvi fazer a minha própria macarronada. Bem na hora que a água começou a ferver, a campainha tocou. Me assustei quando vi minha mãe parada na porta do meu apartamento.

- Oi, Diana! Posso entrar? – dizia ela com um tom de quem vinha para hastear a bandeira branca da paz. – Cheirinho bom. Tá cozinhando?

- É. Resolvi me virar.

Enquanto eu terminava o almoço, minha mãe ficou me rondando na cozinha querendo dizer algo, mas não conseguia. Sondou sobre a minha semana e outros assuntos banais para me amolecer.

Só depois da macarronada que ela quis saborear comigo, ela finalmente entrou no assunto.

- Que orgulho, filha. Sua comida estava maravilhosa.

- Acho que sei me virar sozinha. – alfinetei.

- Minha filha, me desculpe. Eu sei que errei domingo passado. Fui dura demais com você.

- O problema não é só domingo passado, mãe. Eu só queria saber o que eu fiz ou o que eu não fiz para a senhora me cobrar tanto?! Chego até a pensar se eu não sou adotada.

- Não diga uma bobagem dessas. – batia ela três vezes na mesa. – Você é sangue do meu sangue. E é a mais parecida comigo, se quer saber. Acho que é isso. Somos muito iguais e, por isso, batemos de frente. Mas saiba que eu admiro a sua garra, a sua independência... eu sei que você é a mais forte de todos e, por isso, acho que exagero na cobrança. Mas é para o seu bem, minha filha. Eu só quero o seu bem. Você me perdoa?

- Você é a minha mãe, né? Vir até a minha casa já é um bom começo. Promete que vai pegar leve comigo?

Minha mãe levantou-se, deu-me um beijo na testa e um forte abraço. Selamos nosso acordo de paz, ou pelo menos, demos uma trégua. O bom de tudo foi que ganhei uma tarde de filha única com direito a ganhar bolinho de chuva no fim da tarde. Sei que ainda vamos nos atritar novamente, mas adorei aquelas horinhas de queridinha da mamãe.

PAPO DE CALCINHA: E, VOCÊ É OU NÃO A QUERIDINHA DA MAMÃE?

segunda-feira, setembro 10, 2012

COINCIDÊNCIAS DO AMOR


POR LETÍCIA VIDICA


- Nossa, o casalzinho demorou hein? A gente estava quase indo embora. – dizia Betina para Lili e Luis Otávio que chegavam ao bar do Pedrão com um pequeno atraso de três horas.

- Desculpem, meninas. Estávamos resolvendo um problema de família. – dizia Lili toda esbaforida.

- Nossa, quem morreu? – perguntei já preparada para a tragédia familiar.

- Não é nada disso, gente. A Lili tá exagerando, para variar. – dizia Tavinho enquanto enchia o copo de cerveja – Minha mãe resolveu dar um dos pitis dela lá em casa. Só porque o Dudu, o meu irmão, tá saindo com uma mulher mais velha.

- Quinze anos mais velha, só para reforçar – dizia Lili – O menino tem 25 anos e a espertinha, 40!!! – bufava a defensora dos jovens oprimidos.

- Opa! Cuidado com essa história de mais velha, gente. Não esqueçam que eu sou uma jovem senhora de 40 anos ... – recriminava Betina.

- E que adora sair com garotinhos né? – completei – Um pouco exagerado mesmo. A Betina bem podia ser sua cunhada Lili. – zombei.

- Mas a Betina é diferente!!! Ela não faz o tipo de que quer bancar garotinhos. Agora a tal do Dudu tá dando casa, comida e quase roupa lavada. – Lili realmente tinha comprado a briga da sogra.

- E o que você tem a ver com isso?! Os dois são adultos não são?! Ninguém é criança nessa relação. Sua sogrinha não tem nada que se meter. – era Betina, a rainha dos baixinhos que defendia seus menores abandonados.

- Assino embaixo, Betina – dizia Tavinho brindando com Betina. Cena atípica, mas que às vezes acontecia.

- Nossa, parece até que é você que tá saindo com o Dudu!!!

- Não se preocupe, Lili. Já basta ser sua amiga, cunhada é um pouco demais. Se querem saber, estou amamentando sim, mas não é o Dudu. – revelava Betina.

Enquanto eu me divertia assistindo as duas trocando farpas, meu celular tocou. Era o Daniel, o meu novo peguete. Nos conhecemos, literalmente, no elevador. Ele trabalhava no mesmo prédio que o meu e entre um andar e outro surgiu um affair. Três happy hours depois, estávamos juntos.

- Hmmm que sorrisinho é esse, hein, dona Diana? – perguntou Betina ao ver meu rosto assim que desliguei o celular

- Tá de bofe novo? – perguntou Lili

Contei para as meninas quem era o meu novo casinho. Não era nada sério demais. Apenas uma voz masculina para chamar de minha e suprir as horas difíceis.

- ... ele tá lá na casa da best friend dele, a Livinha. É Deus no céu e essa amiga na terra sabe? Ela acabou de ter um bebê. Ele tá enchendo o saco para eu conhecer a tal garota... mas eu não quero sabe? É quase a mesma coisa que conhecer a sogra... – desabafei.

- Lá vem você com suas encucações. Que mal tem em conhecer a amiga dele? Seja simpática, Diana. Não complica. – dizia Lili.

Passamos o resto da noite bebendo, comendo, rindo e discutindo sobre a nova namorada do Dudu e se eu deveria ir ou não na casa da best friend do Daniel.

***

- Oi, gata, tudo bem? – dizia Daniel enquanto eu entrava no carro dele.

- Nossa, por que você não quis subir?

- Não queria me atrasar. A Livinha tá esperando a gente... – dizia ele ameaçando um beijo.

- Como assim? A gente vai sair com ela? – recuei puta - Daniel, você não me fala
nada? Eu não disse que era cedo demais...

- Calma, Diana. Não se preocupe. Ela insistiu demais para te conhecer. Eu não tinha mais desculpas para dar. Não fica brava vai? – dizia ele me dando um selinho para desmanchar o meu bico. – Vocês vão se dar bem... tenho certeza!

Resolvi levantar a bandeira da paz. Afinal de contas, as meninas estavam certas. Eu tinha que deixar as minhas encucações para lá e perder esse medo bobo de me envolver seriamente com alguém de novo. Porém, no fundo do meu ser, algo me dizia que eu ia ser surpreendida.

- Livinha, aqui está. A mulher da minha vida. – era Daniel enchendo a minha bola.

- Não exagera, Daniel – eu disse ainda cabisbaixa na porta do apartamento da amiga dele.

Levantei o rosto para ameaçar um sorriso tímido e parecer simpática, mas quase tive um treco quando vi que a Livinha era a Olívia. Isso mesmo. A esposa do Pierre. A Olívia que roubou o meu namorado, engravidou dele, casou com ele era a melhor amiga do Daniel, o meu atual peguete. Eu jamais podia imaginar que Livinha era o diminutivo de Olívia, carinhosamente.

Que infeliz coincidência e que mundo ovo do caramba!!! Percebi que ela também quase teve um treco quando viu que a mulher da vida do melhor amigo dele era a ex do marido dela. E agora? Esperei a hora do golpe fatal. Era a deixa para ela contar tudo ao Daniel, mas fui surpreendida novamente.

- Oi, Diana, muito prazer! Entre, fique à vontade. - disse Olívia como quem tinha me visto pela primeira vez.

Entrei ainda de pernas bambas. A Olívia tinha sido super discreta. Eu não sabia por qual motivo. Mas e o Pierre? Como reagiria?

- Cadê o maridão, Livinha? – perguntou Daniel enquanto sentávamos no sofá.

- Ah, ele tá no banho. Agora é assim. Um cuida da Luisa e o outro se cuida. Vocês querem beber algo?

Enquanto Olívia foi à cozinha buscar bebida, eu tentava me recompor, mas eu não estava nada bem. Quem imaginou um dia que isso aconteceria? Parecia cena de novela. Eu novamente metida na vida do Pierre. Só pode ser carma. Não é possível!!! E o que será que o Daniel sabia da ex do Pierre? Aposto que ele sabia da despedida de solteiro, do casamento... ai meu Deus! Como eu ia contar para ele?

- Daniel, meu chapa! Como vai? – era Pierre que entrava na sala.

- Aqui está minha garota. Eu não falei que eu ia trazê-la aqui? Sou ou não sou um cara de sorte?

Pierre emudeceu quando me viu, engasgou e não sabia o que dizer.

- Tá tudo bem, Pierre? – perguntou Daniel estranhando a reação.

- Tá, tá tudo ótimo. Prazer, Di-Di-Diana! Realmente, você é um cara de sorte. – dizia Pierre olhando profundamente nos meus olhos.

Percebi que todos ali estavam dispostos a encenar. Tive que entrar na onda. Foi uma situação horrível. Nos entretemos com assuntos banais sobre a vida de casado dos dois. Tive que fingir que tudo era novidade. Foi horrível entrar naquela intimidade. Tive até que segurar a bebê. Era linda, mas não foi nada confortável. Olívia saiu pela culatra, quando me chamou na cozinha para ajuda-la com o jantar.

- Diana, nem sei o que dizer... – ela dizia encostada à pia.

- Só quero que saiba que essa foi uma infeliz coincidência. Jamais passou pela minha cabeça que a Livinha fosse você... que loucura!!! Eu estou péssima! – eu dizia andando feito barata tonta na cozinha minúscula.

- Calma! Eu sei que você não faz esse tipo, mas... o Daniel é um irmão para mim. Eu não sei o que fazer... – Livinha, ou melhor, Olívia também parecia desesperada.

- A gente tem que contar a verdade para ele. Não é justo. Ele tá lá todo bobo, conversando com o Pierre e nem imagina que... eu vou lá. – ameacei ir até a sala, mas fui contida pela Olívia.

- Não. Agora não. Acho que você tem que contar sim, mas não agora.

- Mas e se o Pierre falar algo?

Fomos interrompidas por Daniel que chegara na cozinha. Desbaratinamos o assunto, ajudei Olívia a colocar a mesa e jantamos.

- Nossa, amor, não comeu nada! – dizia Daniel.

- Estou sem fome. Eu não sabia que viria aqui e acabei comendo antes de sair de casa.

- Eu fiz surpresa. Queria saber se vocês aprovariam ela ou não... – dizia Daniel rindo.

Mal ele sabia que o Pierre não só já tinha aprovado como provado.

Depois do jantar, enquanto Olívia e Daniel conversavam na sala, desbaratinei e fui para a varanda.

- Diana e Daniel, quem diria!!! – era Pierre que chegava sorrateiramente.

- Fica longe de mim, Pierre. – afastei para não cometer um crime.

- Calma! Que mundo pequeno, hein? Tanto homem na face da terra e você tinha que ficar
justo com o melhor amigo da Olívia?!

- Tá insinuando o quê, Pierre? Você tá achando que eu armei tudo isso só para ficar perto de você? – respondi emputecida.

- Não seria má idéia. Eu ia adorar. – dizia ele se aproximando um pouco demais.

- Menos, muito menos. Se quer saber, eu estou super desconfortável com tudo isso. O Daniel é um cara super bacana e eu me sinto uma bandida em não contar a verdade para ele.

- Sabe, o Daniel realmente é um cara de sorte. Tô com inveja dele.

- Pierre, você está ouvindo o que eu estou falando?

Saí da varanda batendo as tamancas. Inventei uma dor de cabeça repentina e fomos embora. Pierre e Olívia ainda encenaram muito bem para que eu voltasse mais vezes.

- E aí, o que achou da Livinha? Pelo visto, vocês se deram muito bem... parecia até que já se conheciam.

- Eu?! - assustei. Será que ele estava blefando? Era a deixa para eu contar toda a verdade, mas eu não tive coragem.

***

- Como assim a Olívia é a melhor amiga do Daniel? Eu queria ser uma mosquinha para
ver essa cena. – dizia Betina.

- Seria cômico se não fosse trágico. Agora eu não sei o que fazer... – eu dizia desesperada em busca de uma solução.

- Conta a verdade logo, poxa. – dizia Lili.

- Como eu vou virar para o Daniel e dizer ‘olha, eu já namorei o marido da sua melhor amiga. A gente transou na despedida de solteiro deles, eu invadi a festa de casamento dele e semana passada, inclusive, o Pierre foi lá em casa querendo ser meu amante, mas tá tudo bem. Não esquenta viu?’ ENLOUQUECEU?

- Di, você não precisa ser tão trágica assim também. Diz só que você teve um rolinho com o Pierre e pronto. Não valorize tanto essa relação. Poupe o pobre coitado dos detalhes sórdidos. Ele não precisa saber. – aconselhava Betina.

- Como? Ele é unha e carne da Olívia. Aposto que ele sabe dos detalhes sórdidos.

- Daí você nega tudo até a morte – dizia Lili rindo – Nossa, o Tavinho tá demorando.
A gente marcou de conhecer a pedófila da minha cunhada hoje.

- É, o Fábio tá demorando mesmo. A gente marcou aqui hoje. – confessava Betina.

- Finalmente, vamos conhecer o novo bezerro, hein, Betina. – eu dizia.

Continuamos a filosofar sobre como eu contaria a verdade para o Daniel, mas fomos interrompidas pela chegada do Tavinho e seu irmão.

- Nossa, como você demorou. E aí, vamos? – perguntava Lili.

- Não, gata, a minha cunhadinha ficou de nos encontrar aqui. – dizia Tavinho dando um abraço em Lili.

- No Pedrão, Dudu? – Lili perguntou encucada.

- É, Lili. A gata adora o lugar. – dizia Dudu. – Vai ver vocês até conhecem ela.

- Fábio, meu pequeno, que demora! – dizia Betina que voltava do banheiro e, coincidentemente, foi logo lascando um beijo no Dudu. Ele era o novo peguete dela.
Ficamos boquiabertos.

- Como assim? Betina ? Você tá saindo com o meu irmão? – questionava Tavinho assustado. Parecia até que aquele papo de cabeça aberta tinha sumido de repente.

- Peraí, Fábio, você é o irmão dele? – espantou-se Betina - Você é o Dudu? E eu sou a pedófila, velha, aproveitadora de 40 anos?

- Que papo é esse, gente? – Dudu não estava entendendo nada.

- Tô bege! – eu dizia

- Bê, somos cunhadas então? – era Lili quem falava ainda um pouco sem graça com a situação.

- Não adianta alisar agora não, viu? Eu não me esqueci o que você disse sobre a minha pessoa viu? – ironizava Betina.

Caímos todos na gargalhada. Mais uma coincidência do amor. Dudu era Fábio Eduardo, novo peguete da Betina, irmão de Luis Otávio, cunhado da Lili que era amiga da Betina e agora eram cunhadas. Eta mundo ovo do cão!

Enquanto eles já tinham colocado todos os pingos nos is, eu ainda me preparava para acentuar toda a minha história.

- Você anda meio estranha ultimamente, Diana. Desde aquele dia na casa da Livinha. Quer me dizer algo? – era Daniel quem me enchia de perguntas enquanto assistíamos a um filme na casa dele.

- Eu quero te dizer sim. – eu estava tomando coragem.

- Aconteceu alguma coisa que não te agradou? A Olívia fez algo?

- Não. Ela não fez nada. Mas eu fiz. Não sei nem como te dizer isso, mas ... mas... eu não acho justo te enganar. Você é um cara tão bacana...e ... e...

- Pelo amor de Deus, fala logo, Diana!

- Eu já conhecia a Olívia e o Pierre. – pronto, falei.

- Como assim?!

- É, foi uma infeliz coincidência. Eu jamais podia imaginar, mas é que ... é que... eu e o Pierre já fomos namorados.

Daniel ficou mudo e eu fiquei agoniada com todo aquele silêncio. Aguardava o momento que ele ia me enxotar da casa dele.

- Fala alguma coisa, Daniel.

- Então você é a Diana, ex do Pierre? Como eu não desconfiei? – dizia ele coçando os
cabelos.

- Pode me xingar, brigar, fazer o que quiser... eu juro que não sabia. Foi uma infeliz coincidência.
Daniel começou a rir. Teve um ataque de risos de cinco minutos ininterruptos. Eu fiquei com cara de boba não achando a menor graça naquela história.

- Qual é a graça? – fiquei com cara de palhaça.

- Vocês me enganaram direitinho hein. Eu não estou bravo com você. Agora isso confirma ainda mais que eu sou um cara de sorte. A Livinha sempre falou muito bem dessa garota que é você... – confessava Daniel.

Pasmem, mas eu tinha sido recomendada inconscientemente pela Olívia. E, para a minha felicidade, Daniel não sabia de tantos detalhes sórdidos e não era eu quem iria contar. Já bastava ter revelado a minha identidade.

O nosso lance durou mais um tempo... tempo suficiente para eu suportar a intimidade como casal vinte. Depois nos afastamos naturalmente, não por conta disso, mas agradeci. Eu não ia suportar por muito tempo essa coincidência do amor.

PAPO DE CALCINHA: VOCÊ JÁ PASSOU POR ALGUMA COINCIDÊNCIA PARECIDA?

segunda-feira, setembro 03, 2012

ESPÍRITO MATERNO


POR LETÍCIA VIDICA

- Diana, será que as crianças podem dormir na sua casa na sexta-feira que vem? - perguntava minha irmã, Marisa, enquanto aguardávamos o almoço de domingo na casa dos nossos pais.

- Claro! Sem problemas... vou adorar ficar com esses pestinhas - eu dizia, enquanto os meus três sobrinhos pulavam em cima de mim no sofá.

- Não vou te atrapalhar mesmo? É que o Arnaldo tem um jantar com fornecedores e me chamou para ir. Faz tanto tempo que a gente não faz nada né?

- Fica tranquila, mana. Cuidarei direitinho desses pequerruchos ...

- Meninas, o almoço está mesa. - era minha mãe quem chamava - Nossa, meu Deus, que bagunça é essa? - perguntava ao me ver sufocada pelos meus sobrinhos no sofá.

- Eles vão dormir na casa da Diana na sexta. - explicava Marisa.

- Ué, mas por que não deixa eles aqui com a gente? - questionava minha mãe não parecendo muito feliz pela opção.

- Ah, mãe... eu não quero ficar incomodando a senhora e o papai toda hora...

- Marisa, desde quando ficar com os meus netos é incomodo? Não tem problema nenhum... mas a Diana não vai sair? Ela não para em casa.

- Não, mãe, eu vou cuidar dos seus netos direitinho... - eu respondia já prevendo o que viria.

- Mas lá nem tem lugar direito para eles ficarem... e comida? Você tem comida decente na sua geladeira, Diana, ou só porcaria? Cuidar de crianças não é fácil hein - minha mãe disparou a dar um trilhão de recomendações sobre como ser mãe.

- Mãezinha, querida - eu disse calmamente para não entrar em conflito - Eu vou cuidar muito bem dos seus netinhos. Ao contrário do que a senhora pensa, eu não sou uma desmiolada. Já tenho idade e responsabilidade suficiente para ser mãe, mas se as crianças quiserem ficar aqui, tudo bem. Vocês querem? - provoquei.

Como criança é sincera, os três deram um sonoro não e pularam novamente no meu colo. Minha mãe saiu batendo as tamancas e eu fiquei a tarde toda puta da vida pela falta de confiança da minha mãe. Incrível como não importa o que eu faça, ela sempre me cutuca para dizer que sou irresponsável. Agora era questão de honra provar para minha mãe e para mim mesma que eu estava pronta para essa maternidade temporária.

****

- Diana, você não acha que tem bobagem demais nesse carrinho? - questionava Betina que tinha ido me acompanhar no supermercado nas compras para a visita dos meus sobrinhos.

- Ai, Betina, relaxa! Criança adora doces, chocolate, pipoca que eu sei... e eu quero que meus sobrinhos se divirtam. Vagem e brócolis eles comem na casa deles né? O que acha dessa batatinha frita? - perguntava.

- Ainda bem que é só uma noite... se não, coitados, estavam lascados. Era obesidade e diabetes na certa.

Antes que eu respondesse à altura para a vigilante do peso infantil, meu celular tocou. Demorei uns cinco minutos para encontrá-lo na minha bolsa. Era o Pierre que gritava do outro lado da linha.

- Diana, Dianaaaa... nasceu, nasceu!!!!

- Pierre, fala baixo por favor... quem nasceu? - eu perguntava ainda não entendendo o motivo da euforia.

- Diana, a minha filha nasceu. A Luiza chegou ao mundo... agora sim eu sou pai...

Pasmei. Eu sabia que depois de nove meses, a criança nasceria. Mas, inconscientemente, achei que a gravidez fosse eterna.

- Parabéns!! - eu disse, mas sem esconder a surpresa.

- Vem para cá!

- TÁ FICANDO LOUCO??? Pierre, não confunde as bolas. Eu estou no supermercado. Depois, a gente se fala.


- O que foi? - perguntava Betina ao me ver fora de órbita no meio do supermercado.

- A filha do Pierre nasceu.

- E por que ele te ligou?! O que você tem a ver com isso? O Pierre já tá passando dos limites hein?

- Pois é. - respondi ainda estática

- Tá com essa cara por que?

- Sei lá, Betina. O Pierre agora é oficialmente pai. E eu aqui no supermercado comprando doces para os meus sobrinhos. Literalmente, para titia. De repente, me deu uma vontade de ser mãe. - suspirei.

- Tá ficando doida também?!

O pior é que eu não estava, acho que esse mundo infantil que me inseri, me despertou isso. O lance era se eu estava preparada. E o teste ia começar no dia seguinte. Será que eu ia resistir?

****

Ding, dong. A campainha anunciava que meus sobrinhos chegavam. Abri a porta e os três entraram como uma boiada dentro de casa. O terrível do Gustavo, de 10 anos, foi logo se jogando no sofá; Ana Luísa, de 8 anos, queria saber o que tinha para comer e o Lucas, de 2 anos, já procurava algum objeto para destruir.

- Crianças, obedeçam a tia Diana hein? - recomendava Marisa.

- Fica tranquila, mana. A gente vai se dar bem. - era o que eu desejava.


- Quem tá com fomeeee? - eu anunciei para ver se baixava o pique da criançada.

- Tia, tem hamburguer? - perguntava Ana Luisa.

- É, a tia fez pizza e tem batata frita... e sorvete depois. Pode ser? - e eu achando que tinha acertado no cardápio.

- Tia, posso jogar videogame? - perguntava Gustavo já mexendo na minha tevê.

- Faz assim, Lulu vem me ajudar aqui na cozinha, Gu pode jogar sim... depois do jantar, eu aluguei um filminho para gente ver... Harry Potter!!! Uhuuu

- Ah, eu gosto mais do Crepúsculo - dizia Luisa.

Como eu não ia conseguir agradar gregos e troianos, deixei Gustavo e Lucas na sala e fui acabar o lanche com a Luisa. Enquanto eu e minha sobrinha nos divertíamos na cozinha, também fui sabatinada por ela.

- Ai, tia, é bem mais legal ficar aqui. - confessava ela. - Você mora sozinha?

- Eu moro sim.

- Mas e aquele moço... a senhora não tem namorado?

- Não , eu não tenho, Lu.

- Mas por que?

- Por que não.

Por que as crianças adoram fazer perguntas difíceis? Posso pedir ajuda aos universitários?

- Quando eu crescer, eu vou ter um namorado.

Eu desejo que seja fácil assim para você, Luisa. Mas eu não podia explicar para uma menina, de 8 anos, o quanto era longo o caminho para isso. Antes que ela continuasse a entrevista, fomos interrompidas pelo Lucas que abriu o berreiro na sala. Quando cheguei na sala quase tive um treco, ao ver o Lucas caído de barriga pra baixo e com a mão na cabeça. Pior ainda quando vi um pouco de sangue na mão dele. Pronto. agora vou assinar o meu atestado de óbito de maternidade. Fiquei aliviada quando vi que tinha sido apenas um corte pequeno.

- O que você fez, Gustavo? - berrei

- Ele queria o meu controle, tia. - respondeu marrento e cruzandio os braços

- Ele é pequeno. Vocês tem que aprender a dividir... se não , vou ter que desligar o game hein?

- Tia, que cheiro é esse? - perguntava Luiza

Esqueci completamente que tinha deixado a batata frita no fogo. Saí correndo para cozinha e cheguei a tempo de salvar algumas. Nem fazia três horas que eu virara mãe postiça e já estava enlouquecendo. Batatas salvas, pizza na mesa e pestinhas, um pouco mais domados, conseguimos jantar num minuto de paz. Um minuto mesmo.

- Credo, Lucas, que fedor!!! - era Gustavo que fazia careta e, mais uma vez, irritava o irmão que tinha feito o número dois nas calças.

Troquei o meu delicioso pedaço de pizza de quatro queijos para trocar as fraldas do Lucas. Se não fosse a Luiza me ajudar, eu não saberia. Demorou para criarem uma forma mais fácil de fazer isso! Depois da saga da fralda, perdi até a fome. Coloquei o DVD, começamos a nos lambuzar com sorvete e pude curtir um momento curto de paz. Eu estava tão cansada que comecei a cochilar no sofá. O Lucas também aproveitou e dormiu no meu colo. Fui acordada por uma briga entre Ana Luisa e Gustavo. Para irritar a irmã, ele ficava xingando o bruxinho do filme. Olha que criança mais educada!!!

- Vocês estão brigando de novo?! - acordei assustada - Olha, eu vou tirar o DVD hein.

- Ele fica me irritando, tia.

- Mentira, tia! - retrucava Gustavo.

Ingenuidade minha achar que o filme ia acalmar a rapaziada. Eram quase meia-noite e nada do sono bater na criançada. Não só o filme acabou como o Lucas acordou e começaram uma guerra de almofadas. E eu era o alvo. Ignorei totalmente a regra de silêncio do meu prédio, me preparei para a multa do condomínio e começamos a brincar de esconde-esconde e guerra de travesseiros, correndo pelo meu apartamento. Só lá pelas três da madrugada é que a galerinha pegou no sono. Dormimos todos amontoados na minha cama.

****

- Tia, eu estou com fome!!! - era Gustavo que me sacudia.

- Dorme, filho. Ainda tá cedo. - eu dizia virando para o outro lado

- Mas eu tô com fome... e o Lucas fez xixi na cama. - me alertava.

Acordei meio bêbada e, quando olhei no relógio, nem eram dez horas da manhã. Esse povinho não tem sono não? Lá fui eu, sem saber ainda muito bem que dia era, dar banho no Lucas e preparar o café da moçadinha. Nem dez da manhã e eu de barriga no fogão fritando ovo. Que vida!! Eu não aguento.

- Tia, vamos andar de bike no parque? - sugeria Gustavo. - Vamos vai?

- Eu preciso falar com a mãe de vocês. - eu dizia ainda digerindo o fato de ter mais um dia intenso daqueles.

- Eu ligo para ela, tia. - era Luisa quem pegara o meu celular e começara a ligar para Marisa.

- Me dá esse telefone aqui. Sua mãe nem deve ter acordado... - Alô? Marisa? - tarde demais, a ligação já estava feita - Nada, nada... fica tranquila... é que as crianças querem ir no parque. Ah, não tem problemas? - minha irmã concordou com a idéia e aposto que aproveitou para tirar a barriga da miséria com o maridão.

Três crianças e uma mãe inexperiente no parque não ia dar em boa coisa, resolvi levar a Lili a tiracolo. O problema é que ela era mais irresponsável que as crianças. Passamos o dia todo andando de bike, fazendo piquenique no parque. Foi uma experiência boa mas, no final do dia, eu estava sem pique.

- Nossa, Diana, tá morrendo? O que acha de irmos comer uma pizza com as crianças? - sugeria Lili.

- Lili, nem inventa. Eu tô só o pó. A estadia na casa da tia Diana já acabou. Eles tem pai e mãe. Tá na hora de devolver.

- Ai, credo! Cadê todo o seu espírito materno?! - ria

- Sumiu e já percebi que ainda não estou preparada para encontrá-lo. Falando nisso, vamos embora? Luisa, cadê o Gustavo?

- Não sei, tia. Ele estava aqui.

Era tudo que eu precisava. Perder o meu sobrinho em pleno parque. Saí feito uma louca atrás dele. Andamos por mais de uma hora e nada. Eu começava a ficar preocupada. Já me preparava para ser trucidada pela minha família. Acho que minha mãe estava certa: eu ainda não estou preparada para ser mãe.

- Diana, achei o perdido. - era Lili quem vinha com Gustavo a tiracolo. Ele estava todo sujo de lama.

- Onde você estava, menino? Não faz isso com a sua tia. Que roupa suja é essa? - eu enchia o garoto de perguntas.

Gustavo disse que tinha ido jogar futebol na quadra com uns garotos. Jurou de pés juntos que tinha me avisado e que eu não ouvi. Para ele, estava tudo normal. Para mim, era hora de entregar o bastão.

- E aí, Diana, deram muito trabalho? - era Marisa quem perguntava ao ir buscar os filhos.

- Muito, muito não ... só um pouquinho.

- Aposto que vocês enlouqueceram sua tia né? Muito obrigada viu?

- Tia, quando a gente pode ir na sua casa de novo? - era Gustavo e Luisa que me agarravam e suplicavam.

Como eu ia dizer que não? Eu jamais vou fechar a porta para os meus sobrinhos, mas entramos num acordo. Assim que eles entrarem na faculdade, podem voltar de novo. Até lá, preciso digerir esse papo de maternidade.

PAPO DE CALCINHA: COMO ANDA O SEU ESPÍRITO MATERNO?