quinta-feira, junho 19, 2008

AS MENTIRAS QUE OS HOMENS CONTAM


Por Letícia Vidica

A gente bem que tenta, mas eles sempre inventam uma desculpinha nova. Quando a gente acha que já está vacinada a todos os tipos de desculpas típicas dos homens, eles fazem um novo MBA e mandam uma nova, que você só percebe que é mentira muuuuito tempo depois.

Eu já caí em muitas desculpas típicas, do tipo: ´Você é a mulher da minha vida´, ´Juro que vou te ligar amanhã´, ´Ninguém nunca me deixou assim´, ´Eu não tenho namorada ou eu não sou casado´, dentre tantas outras que eu passaria séculos aqui contando.

Cansei de ficar com cara de besta, fula da vida, me empanturrando de doces e engordando só porque um filho da mãe inventou mais uma desculpa para mim. Por isso, resolvi dividir a minha angústia com você, cara leitora, e contar algumas das desculpinhas que eu (estúpida!) já caí.

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O Murilo era o rei das mentiras e o pior é que eu caía em todas. Por mais alertada e esperta - que eu achava que era - ele sempre conseguia inventar uma nova. Pior ainda é quando eu descobria a mentira e ele inventava outra para justificá-la e eu caía também.

A gente se conheceu através de um amigo em comum e logo de cara ele já me mandou uma típica. Implorou o meu telefone,o meu email, o meu MSN, meu celular, meu perfil no Orkut e jurou por todos os santos que me ligaria assim que o sol raiasse. E eu? Nem dormi a noite toda e o resto dos 3 meses seguintes esperando ele ligar.

Quando eu já estava desistindo de esperar, ele me ligou. Como se nada tivesse acontecido e como se aqueles 3 meses de longa espera não existissem. Quando ouvi a sua voz no telefone a minha vontade era de entrar pelo fio e trucidá-lo, mas mais uma vez ele me enganou e eu aceitei o convite para jantar.

Ele sempre ficava de marcar os encontros e cada hora era um compromisso diferente. Quando eu convidava, também nunca rolava. Até que eu cansei disso e resolvi acabar o que nem existia. Ele jurou de pés juntos que me adorava, que não queria me perder e que queria continuar. Dei mais uma chance, mas... me dei mal. Descobri que o cara tinha duas namoradas (fixas!) e fazia o maior jogo de cintura para administrar as duas e queria me enfiar no meio desse triângulo amoroso... caí fora - já machucada, iludida e mais uma vez enganada.

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Depois dele, muitos outros passaram pela minha vida e jogaram os mesmos xavecos. Uns menos habilidosos na arte de mentir, eu conseguia perceber e cair fora. Quando não estava muito interessada, fingia que caía. Mas sempre tem um que se dá melhor na arte de mentir e aparece na sua vida.

O melhor lugar para dividir a minha fúria e contar sobre as mentiras que eu caí era às sextas-feiras no bar do Pedrão. Junto com as minhas amigas - que também caíam na rede da mentira - eu me consolava.

- E o Juca, Betina?
- Nem me fale daquele desgraçado, Diana.
- Ué, mas o cara não era o máximo e blablablá?
- Era, mas acredita que ele tem um filho e não me falou nada?
- Jura?! Mas qual o problema de ter um filho.
- Nenhum se ele ainda não morasse com a ex mulher. O cara queria era um teto para morar. Descobri que ele tá se separando da ex e como não tinha onde cair morto, resolveu me seduzir e acampar na minha casa.
- Homem é tudo igual né? Acredita que o Luís Otávio me ligou ontem à noite cancelando o nosso encontro porque estava com dor de cabeça. Eu, idiota, acreditei e não é que ele foi pra balada?
- E como vocês descobriu, Li?
- Ah, eu não queria ficar em casa, Bê, e resolvi ir dar uma volta. Flagrei o desgraçado saindo do prédio dele todo perfumadinho. Ainda teve a cara de pau de dizer que estava indo na farmácia? De camisa engomada e perfume novo?!
- Ai, amigas, não tem jeito, por mais que a gente tente e ache que estamos vacinada contra essas mentiras sempre vem mais uma.
- O nosso mal, Di, é se deixar levar. A gente é muito boba. Se apaixona de cara e depois sempre quebra a cara.

Passamos a noite toda a contar as mentiras que nós já tínhamos caído. Era bom porque todo o ódio que a gente sentia daqueles mentirosos de plantão ia embora naquele instante.

O problema é que a gente podia cair em mais uma a qualquer instante.

Papo de Calcinha: E, você, em quais e quantas mentiras já caiu?

sexta-feira, junho 06, 2008

O DIA DOS DESENCANTADOS


Por Letícia Vidica

Eu odeio o Dia dos Namorados! Odeio mais ainda quando estou solteira. Parece que os outdoors, as propagandas, as flores tudo berra aos quatro cantos ininterruptamente “Você está solteira!!! Hahahahaha”. Me sinto totalmente depressiva quando essa data se aproxima.

Às vezes, até que tento esquecer e agir normalmente, mas é pior. E mais uma dessas datas estava se aproximando.

No meu trabalho, as meninas não paravam de pedir sugestões umas as outras do tipo de presente que poderiam dar, qual o melhor restaurante para jantar, que lingerie é mais sexy... é tudo tão irritante que eu logo fico de mau-humor. E elas, como quase sempre sabem que eu sou do clube das solteiras, fazem questão de me excluir da conversa. Porém, por mais que eu queira, a internet e o meu e-mail me bombardeam de notícias, promoções e dicas de presentes para o tal dia dos apaixonados.

18h. Fim do expediente. 12 de junho de um ano qualquer.

- Ué, Di... não vai embora? - perguntava Sabrina, uma das minhas colegas de trabalho.

-Ah...eu tenho que terminar um relatório...já vou!!! E você?

- Ai, estou atrasadíssima... O Du ficou de passar lá em casa para me levar para jantar e depois...ah você sabe né?

E como eu sabia. O Du e a Sabrina teriam uma longa noite de amor feliz, que nem as horas que eles passariam no congestionamento na porta do motel seria capaz de desanimar.

- Feliz Dia dos Namorados! - eu disse morrendo de inveja da felicidade e da companhia que a Sabrina teria naquela noite.

E eu?! Sozinha naquele escritório. Na verdade, eu não tinha relatório nenhum para entregar. Eu só queria um momento de paz e não ter que encarar todos os casais apaixonados que eu encontraria pela minha frente. Talvez fosse melhor acampar no escritório, dormir por aqui e fingir que hoje era apenas mais um dia normal...

... impossível! O pensamento de que eu poderia ser uma dessas apaixonadas nessa noite me cortava o coração. Por quê Deus era tão cruel comigo? Pelo menos alguém pudesse me ligar... E me ligou, mas era somente a Betina.

- Oi, Be.

- Nossa, que ânimo é esse?

- E tem algum motivo para festejar hoje?

- Ih, já sei... mais uma deprê de dia dos namorados, acertei?

- Na mosca!

- Te liguei para gente sair e tomar um cerveja. Espairecer um pouco. Te encontro lá no Pedrão,ok?

Se pior estava sozinha na agência, jogar uma conversa fora não seria tão ruim.


Mas o meu drama estava apenas começando. Levei uma hora e meia para chegar no bar do Pedrão. Havia esquecido que hoje era o dia do congestionamento dos apaixonados. Ninguém fazia hora extra naquela noite e todos saíam com os hormônios à flor da pele para o trânsito. Tudo bem, senão fosse ao mesmo tempo.

Tentei ouvir uma música para relaxar e me desestressar do trânsito. Erro número dois: todas as rádios só tocavam músicas de corno apaixonado e os locutores não paravam de dizer que hoje era o dia dos namorados e as ouvintes não paravam de ligar desejando músicas lindas aos seus namorados. Poxa, que injustiça com os solteiros. Ou será que eu era a única naquela noite?!


Ao chegar no bar do Pedrão, o estacionamento estava lotado. Tive que parar na rua. A Betina já me esperava na porta do bar.


- Tá lotado, Di. Uma hora e meia de espera.

- É castigo demais.

- E aí esperamos ou vamos para outro bar?

Resolvemos andar pela rua para achar algum bar mais próximo e que estivesse vazio. Mas foi em vão. Estavam todos lotados de casais apaixonados que pareciam ter grudado a bunda da cadeira e esquecido da vida. Três voltas no quarteirão depois e muitos esbarrões em casais cegos e apaixonados, estávamos de volta ao bar do Pedrão.

Ficamos mais uma hora na espera e nenhuma alma caridosa levantava da mesa. Parecia que ninguém tinha mais nada da vida para fazer e olha que era apenas uma quarta-feira.

Se não bastasse a minha impaciência, ouvi uma voz masculina me chamando. Logo achei que Deus havia me enviado um príncipe para curar minha tristeza, mas era ...

- Pedro?!

- Oi, Diana, tudo bem?

O Pedro era um dos meus rolinhos antigos e um promissor candidato a namorado, se ele não estivesse acompanhado.

- Essa aqui é a Adriana, minha namorada.

Morena, linda e acompanhada da minha promessa de namorado. Nos despedimos e eles foram embora encarar o congestionamento dos motéis.

- Chega, vamos embora!

- Mas agora que esvaziou uma mesa, Di

- Eu não fico aqui nem mais um minuto, Betina. Já olhou à sua volta? Esse bar tá infestado de casais. Se a gente sentar aí, é capaz de acharem que somos um casal de lésbicas. Além do mais, ver o gato do Pedro acompanhado acabou com o meu astral.

Ainda bem que a Betina era minha amiga e não se encanava com essas coisas. Saímos do bar, pegamos mais algum tempo de congestionamento...

- To me sentindo uma extraterrestre hoje. Parece que eu sou a única pessoa da face da terra incapaz de arrumar um namorado. Eu tenho algum problema, Betina? Até a Lili arranjou companhia para hoje...

- Pára de se estressar com isso. Eu to muito bem sozinha.

- Claro... ter um namorado nunca foi o seu plano de vida.

- E não deveria ser o seu também...

- Porra, olha para onde anda seu cego - mais um apaixonado beijava a apaixonada enquanto virava o carro e quase batia no meu. Tudo para encarar o tráfego da porta do motel.

- Que tal um vinho?

- E tem outra saída.

Acabamos parando o carro num posto de gasolina, compramos uma garrafa de vinho barato e ficamos conversando encostadas no capô. Depois de umas goladas, já estava quase me esquecendo que dia era aquele. Eu e a Betina começamos a falar um monte de bobagens, a lembrar das nossas loucuras e a brindarmos o quanto éramos felizes sozinhas...

- Viva a solteirice!! Eeeee - gritou a Betina no posto

- Eeeeee

Logo, os solteiros de plantão que se embriagavam para esquecer a solteirice se juntaram a nós. Terminamos a noite ali, bêbadas e rodeada de solteiros. Final feliz para uma noite estressante, mas eu tinha apenas 365 dias para arrumar um namorado e garantir que o meu stress do dia 12 não se repetisse.

Papo de Calcinha: Qual foi o pior ou o melhor dia dos namorados da sua vida?