segunda-feira, outubro 22, 2012

SEXO: QUALIDADE OU QUANTIDADE?


POR LETÍCIA VIDICA


- Meninas, para variar, desculpem pelo atraso. - eu dizia ao chegar ao bar do Pedrão em mais um dos nossos encontrinhos rotineiros às sextas - Tive uma reunião que não acabava nunca... preciso urgentemente de uma cerva bem gelada - eu dizia me jogando na cadeira.

- Mais um pouquinho, a gente ia embora! - dizia Betina com os olhos de quem não dormia a uma semana.

- Nossa, credo! Que ânimo é esse de vocês? - reparei que a Lili também não estava com cara de bons amigos.

- Eu estou podre! Me exercitei demais a noite passada. - respondia Betina.

- E posso saber que tipo de exercício a senhora fez? - eu perguntava sentindo que o tom da resposta era de quem tinha tido uma noite bem quente.

- Ah, eu saí com o irmãozinho do Tavinho. O menino quase acabou comigo! - reclamava Betina que acho que tinha soltado um gemido de dor nas costas.

- Ela esquece que é uma senhora de 40 anos, Diana! Quer pegar novinho tem que acompanhar o pique, meu bem... ai, que inveja! - suspirava Lili.

- Também não é assim. Eu não estou acabada desse jeito. Mas sabe como é... o garoto tem muita virilidade né? O negócio ali é quantidade. Acho que a tiazinha aqui não guenta... - ria Betina e emendava um pedido de mais uma rodada de frango a passarinho.

- Antes, eu tivesse quantidade viu? Não quer trocar de irmão, Betina? - questionava Lili.

- Tá louca? Cada um com seu irmão. Tô cansada, mas não abro mão desse bezerro.

- Ué, agora eu que não entendi. Tá querendo jogar o Tavinho para escanteio por que? - eu perguntava não entendendo bulhufas porque a Lili reclamava do sapo encantado dela.

- Ai, Diana, o Tavinho já não é mais o mesmo. Não tem mais o mesmo pique de antes, se é que você me entende. Vocês bem sabem que eu sou insaciável né? Gosto mais do que lasanha... - dizia ela como quem se orgulhava do troféu de Miss Sexy do ANo.

- Ok, ok, Lili. Nos poupe dos detalhes sórdidos. - recriminava Betina.

- Mas, de uns tempos para cá, é uma ou duas pinbadinhas, no máximo, e o Tavinho já está cansado. Semana passada, a gente até brigou por causa disso. Desse jeito, não dá. Já falei para ele. Vou ter que arrumar substituto. - dizia Lili fazendo biquinho como uma criança infeliz por não poder mais brincar todo dia no play.

- Por isso que eu prefiro os novinhos. Eles não tem qualidade, mas tem uma quantidade incrível... - desabafava Betina.

- Não sei por que vocês reclamam tanto. Agradeçam que ainda tem algum infeliz que come vocês... e eu? Matando cachorro a grito... Tomás, me desce mais uma? - eu dizia dando o último gole na cerveja.

- Tá na seca porque quer. Já te disse isso. - era mãe Betina quem brigava comigo.

- Mas, meninas, eu não entendo. A Betina quer os novinhos, mas fica aí toda quebrada depois de uma transa... a Lili não larga o tiozinho do Tavinho, mas reclama que ele não dá no couro... não dá para ter tudo, lindonas. Ou é qualidade ou é quantidade. - eu dizia.

- Concordo com você, Diana. A gente tem que aproveitar o melhor que cada idade pode nos dar. Eu sou da turma da quantidade. Prefiro umas dez pimbadas de quinze minutos do que uminha de uma hora. É o ônus de quem gosta de um pentelho...

- Eu discordo. Acho sim que dá para aliar qualidade com quantidade. Aposto que o Tavinho está com outra. Deve estar dando no couro com alguma piriguete e quando me encontra fica morrendo... mas ele vai ver. Eu vou dar o troco. - bufava Lili.

- Não exagera, Lili. Tudo bem que o Luis Otávio não é um santo,mas temos que considerar que ele já não é mais um menino né? - eu dizia tentando fazer minha amiga parar com seus planos de vingança maquiavélicos.

- Mas ter 37 anos não é estar na terceira idade né? - retrucava Lili.

- Mas também não é ter 24, querida! - retrucava Betina. - Encare a realidade, Lili. O Tavinho passou da fase da quantidade, ele agora... eu acho, não sei... deve aproveitar a qualidade. Levante as mãos aos céus que ele ainda dá duas e ainda sente tesão por você. Quando ele entrar na fase do amigo, eu quero ver... - ria Betina.

- Será, gente? Ah, num sei. Ele mudou! - dizia Lili - Tudo bem que ele é o melhor, faz um sexo como ninguém, sabe o que fazer, onde tocar... mas, daí, ele goza e eu continuo na vontade? O que eu faço com isso?

- Quer o Ted emprestado? - ironizava Betina.

- Não, sua bobinha. Vou tentar me contentar com o Tavinho Junior slow motion mesmo... - ria Lili.

- Que papo, hein?

- E você, Dianinha? Tá de que lado do muro?

- Pergunta difícil para quem não vê um amiguinho há muito tempo né? Mas, pensando bem, acho que eu sou da turma da qualidade. Me irrita profundamente um milhão de ejaculações precoces, mas se ele puder chegar pelo menos na terceira ou quarta pimbadinha... eu confesso que fico bem feliz. - eu ria.

- Safadinha! - dizia Lili.

Seguimos a noite rindo, bebendo, comendo trasheiras gordurosas e debatendo sobre qualidade ou quantidade. O difícil foi chegar a um acordo.

PAPO DE CALCINHA: O QUE VOCÊ PREFERE? QUALIDADE OU QUANTIDADE?

quarta-feira, outubro 10, 2012

A LIGAÇÃO QUE EU TE DEI




POR LETÍCIA VIDICA

O calor estava insuportável e, apesar de todo o meu cansaço de um dia pesado de trabalho, o sono não dava nem sinal. Eu já tinha assistido a todas as novelas, a todos os programas depois das novelas, já tinha zapeado os canais da tevê a cabo e, como não tinha nada de bom, resolvi me render a um sorvete e ao resquício de vento que batia na minha varanda.

Eu estava ansiosa, mas não sabia com o quê. Agitada. Meu pensamento estava longe e perdido na escuridão da cidade que já tinha dormido... de repente, o telefone tocou.
Claro que meu coração disparou porque telefone de madrugada é sempre desgraça. Ainda relutei para atender, mas ele estava insistente.

- Alô? – disse com a voz trêmula com medo do que me esperava do outro lado da linha.

- Diana?! Te acordei?! – dizia aquela voz ainda desconhecida.

- Quem está falando? – perguntei temendo ser mais um daqueles trotes idiotas de sequestro relâmpago.

- Nossa... nem lembra mais da minha voz? É o Pedro.

Caí dura no sofá e de coração disparado quando reconheci a voz dele. Fazia tanto tempo que a gente não se falava que a última coisa que eu imaginaria era que ele me ligaria à aquela hora da madrugada.

- Diana? Tá aí ainda? – perguntava ele ao perceber o meu silêncio.

- Pedro? Que bom falar com você. Não, você não me acordou não...

- Mais uma noite de insônia? – perguntava ele como se estivesse no prédio em frente me espionando com um binóculo. Incrível como ele pressentia o que acontecia comigo.

- Ai, esse calor está insuportável... mas e aí como você está? – desbaratinei.

- Por aqui, está tudo ótimo. Trabalhando bastante, graças a Deus. Os projetos estão andando... mas e você? Quero saber de você...

- De mim? – pergunta um pouco subjetiva. O que ele queria saber de mim? O Pedro, apesar de demonstrar simpatia, não me enganava. Ele estava me rodeando para chegar a algum ponto.

- Eu estou ótima! Cada dia mais cheia de projetos, mas já me acostumei com essa vida...

- E as meninas?

- Na mesma né? A Lili parece que agora está se acertando com o Tavinho e a Betina continua a solteirona convicta...

- E você? – sondava ele.

- O que tem eu?

- Também ainda é do time da Diana?

Ele queria saber se eu ainda estava encalhada ou era uma forma sutil de me perguntar se eu estava com alguém.

- Estou comigo. Não tenho tido tempo para pensar em outra coisa... – respondi rapidamente. Eu não queria dar o braço a torcer que eu ainda esperava pela volta dele. Para quê? Ele não tinha pedido um tempo?!

- Sempre se saindo bem nas respostas... – dizia ele soltando aquele riso encantador.

- E o seu coração? – retruquei.

- Ainda é o mesmo.

Como eu odiava quando o Pedro respondia de forma enigmática. O que ele queria dizer com ‘ainda é o mesmo’? Era o mesmo porque continuava com a Globeleza ou era o mesmo porque ainda guardava lembranças minhas ou ainda era o mesmo porque continuava vazio porque ainda precisava do tempo que ele tinha me pedido? Fiquei divagando no telefone e nem prestei atenção no que o Pedro dizia do outro lado da linha, mas algo chamou minha atenção...

- ... eu fui um muleque com você, Diana.

- Foi mesmo, Pedro! Surpreendentemente, você foi um menino. – respondi sem pensar. – Voltar pro Brasil e nem me dar um sinal de fogo e depois aquele papo estranho... a Camila... realmente, não entendi muito bem.

- Eu sei. Eu te devo muitas explicações. Eu fiquei confuso. Eu tive medo... você e o Pierre... e o Pierre? – perguntava ele.

- Eu não quero falar do Pierre. Podemos conversar sem colocar ele no meio da conversa? – respondi rispidamente. Eu já tinha enchido o meu saco de sempre ter que tocar no nome do Pierre.

- Claro, desculpe. Você tem razão... tenho que deixar ele de lado. – nossa, eu achei que já tinha deixado!

- E a Camilla? – perguntei.

- Vamos deixar ela de lado também? – desviou ele do assunto.

- Não. Não posso deixar ela de lado. Afinal, quando você voltou e não me disse nada, ela foi a causa da sua ausência...

- Nós não temos mais nada, Diana. Foi uma coisa passageira. Eu devia ter te contado.
Eu e a Camilla não temos nada a ver. Acredite. Não é nela que eu penso... – soltou no ar.

E em quem o Pedro pensava?

- Você me perdoa? Desde que eu voltei do Brasil, eu não consigo dormir direito um dia sequer sem deixar de pensar se eu te magoei. Você sabe que é uma pessoa muito especial para mim. A última que eu quero magoar. Eu sei que essa coisa toda de amizade e sentimento é confusa... alguém sempre se magoa, mas eu não quero te magoar...

- Amizade?! – então éramos apenas amigos?

- Somos amigos, não é? – perguntou ele.

- Somos?!

Eu jurava que era uma declaração de amor, mas parecia que o Pedro sofria mais ter magoado a Diana amiga, aquela que andava de skate com ele na rua do que a Diana amante que tinha se entregado de corpo e alma para ele.

- Seremos sempre, Diana. Independente do que aconteça, você sempre será minha amiga.

- E se eu não quiser ser apenas a sua amiga? – pronto, deixei meu coração falar.

- Eu posso também não querer ser só seu amigo. – parecia que o coração do Pedro também tinha falado por ele. – Mas, por enquanto, é o que a situação nos permite né?
Não quero te prender.

- Tarde demais... – sussurrei ao telefone.

- O quê? – Pedro não tinha ouvido. Ainda bem.

- E você volta um dia?

- Tenho planos de voltar no final do ano. Estamos com uns projetos de abrirmos uma filial no Brasil e eu estou querendo voltar para tocar a filial. Se tudo der certo... eu estarei de volta.

- Pela filial? – incrível como o meu coração estava tagarela.

- Bem, deixa eu desligar porque senão vou ter que ficar mais uns dez anos aqui para pagar essa conta e você não vai conseguir levantar amanhã né? Adorei falar com você. Já posso dormir tranquilo agora.

- Somos dois. Se cuida, viu? E quando precisar, só chamar... mesmo que seja de madrugada.

- Nem precisa dizer duas vezes. – ria ele do outro lado da linha – Promete que vai ser feliz? Eu sou um bobo, mas quero o seu bem. Saudades...

Mesmo depois que ele desligou, fiquei na linha por mais uns segundos. Aquela ligação parecia um sonho, mas tinha sido real. Uma realidade sonhadora, mas enigmática. Foi ótimo ouvir a voz do Pedro e ter uma certa certeza duvidosa de que eu tinha ainda alguma importância para ele. Mesmo sem fazer promessas e sem a certeza do que será do nosso futuro quando ele voltar, eu estava feliz. Pode parecer estranho, mas agora eu me sentia livre para seguir em frente.

PAPO DE CALCINHA: E VOCÊ ESPERA (OU JÁ RECEBEU) UM TELEFONEMA TÃO ESPERADO? O QUE ACHOU DA LIGAÇÃO DO PEDRO?