quinta-feira, maio 29, 2014

SÍNDROME DA CEGONHA


POR LETÍCIA VIDICA

- Oi, Diana, que horas você vai passar aqui?

- Alô.. mãe?! Você sabe que horas são? – eu respondia com a voz abafada de quem acabara de ser acordada sem conseguir abrir os olhos e tentando colocar o Tico e Teco no lugar.

- Sei muito bem que horas são. Hora de sair da cama. – era o espírito mandão da minha mãe quem falava agora.

- Mãe, pega leve. Hoje é domingo. São dez horas da manhã. Eu vou onde? Passar aí para quê? – eu respondia bufando.

- Como para quê, Diana?! Você esqueceu? Hoje é o chá de bebê da sua prima. Olha, sem enrolação. Levanta dessa cama que eu vou te esperar e vê se não demora. Sua tia odeia atraso hein?

Putz! Eu realmente tinha me esquecido completamente do emocionante chá de bebê da minha prima Adriana. Mas a minha querida mãezinha tinha feito o favor de me lembrar. Me espreguicei e me assustei ao esbarrar o meu braço no rosto do Pedro. Eu também tinha me esquecido completamente que ele estava ali.

- AHN? O quê? Quem era? – ele acordou assustado.

- Era a minha mãe para me lembrar do chá de bebê da minha prima. Vontade zero de ir.

- Vai lá, amor. – disse ele me dando um selinho na buchecha – Vai treinando. Aproveita e bebe da mesma água dela.

- Tá ficando louco, Pedro? !t

- Ué, não ia ser nada mau termos um filhinho hein? Já estou ficando velho, Diana. Quero ser pai e não avô.

Desconsiderei a loucura do Pedro naquele momento e pulei da cama rumo ao emocionante chá de bebê

***

- A próxima é você hein, Diana! – era minha prima Adriana que começara a brincadeira que eu mais odiava ‘quem é a mamãe’.

- Nossa, eu não vejo a hora de ter mais um netinho... – divagava minha mãe.

- Melhor se acelerar, Diana. Namorado bonitão você já tem. Agora só fazer o principezinho.

- Gente, relaxa! Vamos curtir a maternidade da Adriana? Ela ainda tem que reinar muito e eu não tenho nenhuma pressa para isso agora. – eu tentava desviar o assunto, mas foi em vão. Passei a tarde toda tendo que aguentar as lamentações da minha mãe querendo mais um neto, a encheção de saco das minhas tias e o papo sobre fralda e bebês entre minhas primas mamães.

***

- Nossa, gente! Vocês viram o passarinho verde? Para quê tanta animação para uma segunda de manhã? – eu perguntava ao ver aquele burburinho todo na recepção do escritório.

- A Julia vai ser mamãe! Isso não é tudo? – dizia a minha secretaria.
Meu Deus! É alguma síndrome da cegonha? Um baby boom? Mês passado, a garota do almoxarifado saiu em licença maternidade, a contadora está grávida de três meses e agora a recepcionista?

- Cuidado, Diana. Você pode ser a próxima hein?

- Ih, gente, vou começar a trazer água de casa porque eu não bebo mais a daqui hein? Parabéns, Julia! E o papai está feliz?

Percebi que todos me fuzilaram ao final da pergunta. Senti que tinha dado uma bola fora. Alguém desviou o assunto e só depois fiquei sabendo que o pai da criança não queria saber da criança. A Julia tinha engravidado em alguma saída com um peguete que agora dizia que não pegou. Ops, que triste, mas como eu ia adivinhar?!

***

- Lembra do Lima, aquele meu amigo do futebol? O filho dele nasceu hoje. Aproveitei que estava livre à tarde e fui na maternidade. Um meninão. O Lima nem parecia o Hulk que ele é em campo. Estava todo emocionado – contava Pedro com a cabeça deitada em meu colo – Deve ser uma emoção danada ser pai ne?

- Eita... não me olha asssim não. – eu recriminava o olhar de cachorro pidão que o Pedro lançava sobre mim.

- A gente bem que podia começar a planejar, Diana... ia ser tão legal. Que tal a gente começar treinando hoje? Olha aí o seu celular e vê se é o seu período fértil.
Aquela conversa nem parecia de um casal normal. O namorado preocupado com o período fértil da namorada e ela querendo fugir dele.

- Para de loucura, Pedro. Você está emocionado por causa do seu amigo. Vai passar. – desbaratinei.

- Eu não estou brincando, Diana. Olha aí no seu celular... – insistia ele.

- Eu vou olhar so pra você parar de pirar.

Quase tive um treco quando vi no meu aplicativo menstrual que eu deveria estar menstruada, mas não estava. Oh-oh!

- Será que você tá grávida? Vamos comprar um teste?

- Não pira, Pedro. Isso é sério. – respondi preocupada e irritada com ele. – Não pode ser...

- Pode sim ou você não quer ter um filho comigo?

- Pedro, por favor, sem crise psicológica agora. Esse não é o momento!!

- Para você nunca é o momento ne, Diana?

- Pedro, a gente mal voltou a namorar...você ainda não sabe se fica aqui ou em Londres ...eu mal consigo pagar o meu aluguel e você quer que eu tenha cabeça para engravidar? Me poupe ne?
Saí batendo as tamancas, mas muito preocupada e desesperado com a hipótese de estar grávida.

***

- Ia ser bem engraçado te ver como mamãe.

- Não brinca, Betina. Isso é assunto sério. – eu brigava com Betina que me zuava ao terminar de ouvir o meu desespero sobre a suposta gravidez. – O pior é que o Pedro acha isso normal, não tira da cabeça essa ideia de ser pai...

- Mas isso ia ser tão ruim assim, Diana? O Pedro te ama. Ia ser um super pai. Eu não podia escolher para melhor para o meu filho.

A questão é que eu não estou preparada para isso agora.

- Não está agora, não estará depois e nunca vai estar... ninguém se prepara para isso mesmo que planeje... – dizia Betina.

- Pior é que a pressão tem sido tanta que estou com medo de ser contagiada. É minha mãe querendo mais um neto. Minhas tias fazendo promessa para eu ser a próxima da filha. O Pedro querendo ser pai... uma onda de bebês no meu trabalho e agora a minha menstruação que não vem?! Eu vou surtar. Pedrão, desce mais uma, por favor.

- Calma, Diana. A gente te ajuda a cuidar da criança. – brincava Betina.

- O que vai ser de mim? Eu mal sei cuidar de mim!!! E se o Pedro voltar pra Londres? Serei praticamente uma mãe solteira...

Ficamos divagando mil e uma possibilidades sobre minha gravidez até altas horas da madrugada.

***

Cheguei em casa na ponta dos pés para não acordar o Pedro que estava lá. Fui direto para o chuveiro e, para minha surpresa, ao tirar a roupa tive a melhor notícia da noite. O Chico estava lá. Eu tinha menstruado. Soltei um berro de alegria no banheiro que acordou o Pedro e toda a vizinhança.

- O que foi, Diana? – perguntava Pedro assustado.

- Desculpa, amor. Te acordei. Mas não foi dessa vez, eu menstruei.

Pedro me olhou desconsolado, fechou a porta do banheiro e voltou a dormir. Sei que aquele meu momento egoísta foi uma decepção para ele, mas eu nem liguei. Afinal de contas, a cegonha ainda tinha muita gente para atender antes de mim. Ufa!!!

PAPO DE CALCINHA: VOCÊ JÁ PASSOU PELA SÍNDROME DA CEGONHA?

domingo, maio 04, 2014

OS PIORES ENCONTROS DO MUNDO


Por Letícia Vidica

- E aí, Betina, como foi o encontro como bofe ontem? - perguntava a curiosa da Lili em mais um happy hour de sexta das garotas super poderosas no bar do Pedrão.

- Uma merda! - respondia seca e friamente nossa amga Betina.

- Nossa, mas o que aconteceu? O advogado lá não era tudo de bom, estava cheio de amor para dar? - perguntei.

- Primeiro, ele está muito longe de ser um advogado. Está mais para estagiário...você acredita que a gente saiu para beber e o cara ficou bebendo água com gelo a noite toda?! Um duro.

- Eu não creio. Que coisa mais bizarra!

- Este acaba de entrar para minha black list dos piores encontros do mundo. Não quero vê-lo pintado nem de ouro... se precisar de mim para ser aprovado no estágio, eu reprovo. - finalizava o assunto com um gole brusco de caipirinha.

- Mas o que você esperava, Betina? Já te disse para parar de sair com esses garotões cheirando a leite. O máximo que eles vão poder te pagar é um MC lanche feliz. - eu respondia rindo.

- Isso. Podem me exorcizar mesmo. Eu mereço.

- Nossa, gente, não tem nada pior do que encontro ruim. Acho que só tem uma coisa que vence isso é transa ruim.

- Nossa, Diana, nem fala. Uma vez saí com um cara bombadão lá da minha academia. Todo metido a máquina de sexo. Na hora H, além de eu quase ter que chamar o Procon por propaganda enganosa, o malhadão não conseguiu concluir o serviço. Pior, ainda perguntou se eu gostei. Claro que eu fingi que sim, mas fiz questão de ir embora correndo de lá.

Caímos na gargalhada e pedimos mais uma rodada de caipirinhas com uma gordurosa porção de pastel.

- E você, Diana, qual foi o seu pior encontro? Vamos lá...a brincadeira tá ficando interessante. - instigava Betina.

- Hmmm... uma vez saí com um cara que era mais feminino do que eu...todo vaidoso, uma voz toda meiga e acreditam que ele usava saquinho plástico só para não sujar o tênis? Achei aquilo uó...brochei geral quando vi isso e o pior...acabamos indo parar num drive-in para conversar e, mesmo com as urradas do casal da cabine ao lado, o cara não fez nada e ainda tinha um papo chatíssimo. Agradeci por ele não ter me procurado mais.

- Ai, isso é péssimo. É claro que a gente gosta de um homem cheirosinho, bem arrumado, mas não precisa ser demais. Uma mão suja de graxa e uma jogada na parede não faz mal a ninguém. - ria Lili.

- Eu acho que os pseudos encontros perfeitos são os piores. Aqueles que parecem que serão perfeitos, mas aí uma frase mal dita ou uma desculpinha esfarrapada acaba com todo o clima. - eu completava.

- Lembrei que uma vez saí com um cara que pediu e comeu quase todo o cardápio do restaurante. Era uma draga. E o pior é que ele achava sexy ... que terrível! - dizia Betina.

- Mas pior que comer é a falta de assunto. Nada mais péssimo do que um assunto que não flui no primeiro encontro...aquele silêncio constante...ter que ficar fazendo interrogatório para um assunto fluir... muito chato!

Passamos a noite toda divagando sobre os piores encontro que já tivemos e rimos muito também. Quem nunca né?

PAPO DE CALCINHA: Qual foi o pior encontro que você já teve/