quinta-feira, dezembro 31, 2009

DOU OU NÃO DOU


Por Letícia Vidica

Por mais modernas que nós mulheres tenhamos nos tornado e por mais sutiens que nós tenhamos queimado, há uma dúvida que vem desde os tempos das cavernas até o dos dias de hoje que nos ronda: dar ou não no primeiro encontro? Eu nunca ouvi que há uma regra de que não deva dar para o cara na primeira vez que vocês saem juntos, mas eu também nunca ouvi uma regra que diga que você tem que dar. Isso é muito subjuntivo e da cabeça de cada um...

- E aí, Lili, como foi o encontro ontem?
- Ai, o Cristian é um fofo..Acho que finalmente eu esqueci do Otávio...e gente o apartamento dele é o máximo!!!
- Eu sabia!! Você já foi pro apartamento do cara? E aposto que já deu para ele também.
- Ih, Betina. E o que que tem? - questionava Lili - Lá vem você com esse seu falso moralismo de que eu não devo dar pros caras na primeira vez. Isso não tem nada a ver.
- Ah, Bê...eu também acho...o que tem? Se os dois estiverem afim. - eu dizia
- Por isso que vocês vivem se lamentando depois...que o fulano não ligou mais, fugiu e ficam aí desesperada. Claro!! Vocês vão logo dando o doce na primeira!!! O que os coitados vão querer depois?

Para variar, a Betina jogava um balde de água fria em nós com suas duras declarações realistas. De certa forma, até que fazia sentido... ou não?
A Lili sempre foi uma romântica ao extremo. Cai em qualquer lábia e faz tudo pelo o amor. Até o próprio amor. Não faz jogo duro mesmo. Dá logo na primeira. Ela acha que é uma tática para segurar o príncipe encantado. Mas como sempre ela arruma sapo, ele come a perereca e sai zarpando no dia seguinte.

Já eu ainda estou em cima do muro. Nunca sei se dou ou não na primeira. Depende muito do pretendente. Prefiro analisar o cara, sentir o terreno e, acima de tudo, analisar as minhas pretensões com o tal homem e daí então eu decido se vou pro abate ou não.

Se eu estou há muito tempo na seca e pinta um peixão na rede que vá satisfazer os meus desejos, não faço doce não. É pimba na cachulinha logo na primeira. Produção fatal e amor foraz. Costumo usar essa tática também para aqueles carinhas que conheço na balada.

Mas, de vez em quando, pinta na minha rede aquele príncipe que eu tanto esperei e com esse, é claro, eu faço doce...

******

O Pedro foi um desses caras que eu fiz questão de fazer um docinho. Nós nos conhecemos em um bar. Naqueles típicos dias de depressão feminina quando a gente acha que o mundo está contra nós. Mas daí aparece um cara legal te enchendo de elogio e você até acredita que o cupido existe.

Começamos a sair. Primeiro, uma vez por semana, encontros casuais, cineminha, restaurante. Tudo na maior inocência. Mão dadas e beijinhos apenas. Porém, como todo relacionamento, as coisas começaram a esquentar. Passei a frequentar o apartamento dele para assistir a alguns DVDs com a desculpa de que ele queria algo mais reservado para nós. E daí começaram os amassos no sofá no meio do filme e os beijos mais acalorados até o dia que chega a hora final...

- Calma, Pedro. Vai com calma - eu dizia esbaforida e seminua no chão da sala da casa dele.
- O que foi? - perguntava o coitado com cara de assustado.
- Olha - eu dizia tentando me desvencilhar dos braços dele - o nosso lance tá muito legal, você é uma gracinha, mas acho melhor irmos com calma.
- Você não tá afim?
- Olha, eu tô super afim, mas acho que não é a hora. Me desculpe e espero que você me entenda...

.... - Como assim, Diana? Você deixou o cara de braguilha, literalmente aberta, e se mandou? - questionava Lili
- Certíssima. Finalmente você fez a coisa certa - aplaudia Betina
- Ai, gente, eu não quero que o nosso lance acabe de repente...tá tudo tão legal que eu acho que o sexo agora ia acabar com a magia.
- Pára de besteira, Diana. Isso não tem nada a ver. Aposto que o cara nem vai mais te procurar.
- Nem todos os caras são os sapos que você arruma, Lili. Só porque você dá para todo mundo não quer dizer que a Diana tenha que fazer o mesmo ne? - esbravejava o feminismo de Betina
- Calma, meninas. Não briguem por isso. O que importa é que eu acho que fiz a coisa certa e se ele não me procurar é porque não me merecia não é?
- Viu, Lili? Tem hora que a gente tem que valorizar o produto.

****

Confesso que na primeira semana da ausência do Pedro, a minha autoconfiança caiu geral e estava já assumindo o fora que eu tinha levado só porque não dei a periquita. Mas, milagres acontecem ...

'Trimmm'
- Alô? Pedro?
- Oi, Diana, tudo bem? Me desculpe te ligar só agora ... é que eu fiquei uma semana fora a trabalho e estava incomunicável.
- Não, tudo bem - mal ele sabia que eu já estava super feliz apenas com a sua ligação
- Queria saber se você não está afim de uma pizza lá em casa...o que acha?

Em menos de uma hora, eu estava na casa dele. O Pedro era um cara bem romântico e tudo já estava preparado. Velas na mesa, um bom vinho e ele de pizzaiolo. Enquanto, ele preparava as pizzas ficamos conversando.

- Di, eu queria te pedir desculpas.
- Desculpas? Pelo quê? O que você me fez, Pedro?
- Eu fiquei pensando e acho que fui realmente muito afoito com você. Espero que você não tenha ficado brava comigo.
- Que isso! De jeito nenhum... eu espero que você tenha me entendido.
- Claro. Acho mesmo que é melhor esperarmos o momento e quando você se sentir preparada.

Apesar de ter me sentido uma adolescente virgem boba com medo da primeira vez, fiquei mais e mais admirada por aquele homem. Passamos a noite toda comendo pizza, guloseimas e nos esbaldando no vinho. Como ficou tarde, acabei dormindo na casa dele, mas nada , nadica de nada rolou.

****

- Como assim o cara se desculpou por querer te comer? Ele não existe!
- Não é lindo, Betina?
- É inacreditável isso sim. Até eu que não acredito na integridade dos homens, confesso que tenho que me curvar para esse ser.
- Ai, como você exagera rs. Mas não vou conseguir ficar segurando por muito tempo e nem sei se quero...
- Tava bom demais para ser verdade.
- Betina! Faz três meses que a gente tá junto...está mais do que na hora de ver se vale a pena...e se não for tudo isso? Caio fora logo né?
- Você é quem sabe amiga...usando camisinha, você pode tudo e claro me liga no dia seguinte.

Mais alguns encontros, amassos, vinhos, jantares e o clima esquentando e como não podia deixar de ser tudo rolou bem natural.

Numa noite, o Pedro resolveu reunir alguns amigos na casa dele para comer uma pizza e conversar e, sem dizer oficialmente, fazer com que seus amigos conhecessem quem era a garota com quem ele estava saindo. Quando todo mundo já tinha ido embora, resolvi ficar para ajudá-lo a limpar a casa. Depois da faxina, suados, caímos no sofá e foi incrível. Apenas nos olhamos e o fogo surgiu. Beijos, amassos, roupa pra cá, roupa pra lá e tudo rolou. Ali mesmo no meio da sala. E foi incrível e no momento certo.

****

- Gentem...rolou!!!
- Até que enfim...e aí como foi? - perguntava Lili afoita
- Usou camisinha né?
- Usei, Dona Betina... Foi maravilhoso, intenso, incrível...não sei descrever...só sei que quero mais ... duas semanas e meia de amor sem parar hahahaha
- Ih...já vi que ficou apaixonada, né?
- Sabe como é, Betina, tem amor que quando bate fica...e acho que ficou.
- E o Cristian, Lili?
- Sumiu!
- Num falei? Já comeu o doce e para quê repetir né? - alfinetava Betina

Nem vou terminar nosso diálogo porque esse tipo de discussão não tem fim. O que importa é que com o Pedro fazer um doce foi a melhor saída, mas não sei se farei isso com todos...a não ser que muitos Pedros surjam na minha vida né?

PAPO DE CALCINHA: E você transa ou não no primeiro encontro?

domingo, dezembro 06, 2009

OU FODE OU SAI DE CIMA


Por Letícia Vidica

Uma das coisas que eu mais ODEIO no mundo é homem indeciso. Sabe aquele tipo que nem fode, mas também não sai de cima? Me dá gastura. Mas, como toda mulher que eu sou, já fiquei com uns tipinhos desse e o pior é que eu demorei para largar o osso. Ledo engano meu pensar que eu tinha conseguido fugir da peça...

- E aí, amiga, que cara é essa? - perguntava Betina ao ver os meus olhos vermelhos e inchados
- Aposto que passou a noite toda chorando por causa do Pierre.
- Pois é, Lili, por mais que eu odeie admitir ter chorado por um homem, mas eu chorei...
- Sabe eu não consigo entender..o Pierre parecia o homem perfeito... e do nada assim ficou confuso? - se indignava a princesa encatada da minha amiga Lili
- E desde quando existe homem perfeito, Liliana? - Betina respondia com choque de realidade
- Mas afinal de contas o que houve?

***************************

Vamos então rebobinar a história.
Tudo parecia ir muito bem entre eu e o Pierre. Namoro numa boa, sexo umas tres vezes por semana, éramos cumplices e eu já até começava a amadurecer a idéia de dividir para sempre o resto dos meus dias com ele. Porém, de uma hora para outra. Assim como num passe de mágica, o Pierre perdeu a magia.

O gato começou a se calar, se ausentar...os nossos encontros que era diários passaram a quase que quinzenais, sexo então?! o que era isso? não me ligava mais todos os dias...Nosso namoro de quente foi ficando morno, frio, gelado e congelou. E o que eu como boa mulher fiz? Quando me dei conta que eu estava quase que perdendo o gato dos meus sonhos, comecei a pressioná-lo. Comecei a cobrá-lo por sua ausência e ele como bom homem...entendeu tudo errado. Virei a chata da história.

- Alô? Pierre?
- Quem fala?
- Como assim quem tá falando? A distância é tanta que já nem lembra mais da minha voz né? É a Diana. Sua namorada, se é que ainda posso me denominar assim.
- Oi, Diana. Desculpe a ligação estava ruim.
- Foi a ligação ruim que também te fez esquecer o meu endereço? O meu telefone? Faz mais de uma semana que você não dá um sinal de vida.
- Desculpe é que eu ando com a cabeça cheia de problemas.
- E que tal se você os dividisse comigo? Sempre pensei que seríamos parceiros na alegria e na dor. Sumir não vai resolver os seus problemas.
- Ok, ok. Mas para que esse desespero todo? Foi só uma semana.
- Saiba que uma semana para mim é muita coisa...mas acho que eu não tenho mais importância na sua vida
-Ai, Diana, pára. Sem melodrama. Essa encheção de saco já tá ficando chata.

Pois é, amigas, era daí para pior. E foram duas semanas nessa onda de cobrança e agindo como se eu fosse a errada da história. Os homens são mesmo engraçados. Virei a errada por cobrar a presença e a atenção do meu namorado.

Certo dia, Pierre me ligou e me convidou para sair. Queria conversar. Traduzindo, aí vinha bomba. Porém, resolvi agir completamente diferente do que eu vinha agindo. Até porque pensei muito antes daquela conversa e conclui que se é para ficar nessa loucura insana de cobrar atenção melhor seria ficar comigo mesma. Resolvi mais ouvir do que falar.

- Olha, Diana, não me leve a mal. Eu gosto muito de você. Você é a mulher que eu sempre sonhei, mas não dá. Eu preciso de um tempo para mim. Não estou num bom momento. E eu não acho justo te fazer sofrer mais, empatar a sua vida só por minha causa. Talvez seja melhor a gente parar tudo por aqui. E se eu me acertar um dia e você ainda me quiser né?

- Tudo bem, Pierre. Talvez seja melhor assim mesmo. Acho mesmo que eu mereço mais atenção e mendingá-la é tudo que eu menos quero. Espero que você se encontre. Seja feliz. - levantei, dei um beijo no rosto dele e saí sem me despedir.

É claro que eu queria ter dito várias e várias para ele, mas do que adiantaria? Nada ia mudar. Um cara que quer terminar, mas diz que me ama é algo que eu não consigo entender. Preferi chorar por uma noite calada e seguir sorrindo o resto dos dias.

**************************************************

Voltando ao bar...

- Como assim ele tá confuso?Confuso com o quê, meu Deus!! Essa eu fiquei sem entender...
- Não força o cérebro, Lili. Vai sair fumaça e você não vai chegar a conclusão nenhuma.
- Mas e você, como está?
- Olha, gente, apesar de ter chorado, eu estou bem. Gosto muito do Pierre, eu achava que ele era um cara bacana, mas me decepcionei com a sua indecisão e fragilidade. E homens assim é o que eu não preciso. Já fiqueo tanto tempo sozinha o que custa mais um pouco?

Naquele momento, meu celular tocou. E eu atendi com cara de Gerson. Era o Pierre. Queria saber se eu estava bem e disse que tinha umas coisas para pegar na minha casa e se podia passar lá no dia seguinte.

E, no dia seguinte, Pierre apareceu para pegar os resquícios do nosso relacionamento. Convide-o para entrar e comer a minha nova gororoba. Ficamos conversando e ele simplesmente passou o dia todo em casa. Algo me dizia que ele não queria sair do meu lado. Era preciso, mas não era o que ele queria. Com muito custo ele foi embora, mas me fazendo prometer que eu não iria sumir, que eu ligaria para ele etc...Prometi, mas obviamente era algo que eu não cumpriria. Pelo menos, por um tempo.

O problema é que o Pierre cumpriu ao pé da letra. Quase toda semana, ele me ligava para saber como eu estava, para me perguntar alguma coisa, para inventar conversa, para buscar mais alguma coisa esquecida no meu apartamento. Cada hora era uma desculpa para ouvir a minha voz. Parecia um garoto inseguro que não sabe o que fazer.

********************

- Ai, gente, eu não aguento mais o Pierre!!
- Como assim? Vocês voltaram?
- Melhor seria viu? Nos não voltamos, Betina, mas ele simplesmente não me abandona. Não fode mais não sai de cima sabe? Fica me ligando todo dia toda hora com uma desculpa diferente.
- Típico de homem inseguro. Ele gosta de você, Di. Isso é fato.
- Ok. Mas eu estava aí cheia de amor para dar. Levei um pé na bunda e agora ele não quer desatolar? Assim não dá.
- Você vai ter que tomar uma atitude. Joga a real com ele, amiga. Não vai ter outra saída.

E foi o que eu fiz. Como já era previsto, Pierre inventou que tinha esquecido um par de meias verdes na minha casa e que ele iria precisar muito (como se não tivesse outros pares) e apareceu lá em casa. Era a minha deixa...

- E aí, Diana, como anda a vida?
- Então como eu te disse na semana passada, tá tudo bem. Sabe..eu preciso te dizer uma coisa...mas não me leve a mal...por favor, some da minha vida! Sem querer ser grossa, mas desde que a gente terminou você não me deixou respirar...nao que eu não queira manter uma amizade...mas não há ser humano que consiga se desligar tão rápido assim...eu preciso de um tempo para mim...e quando eu estiver preparada para assumir essa amizade...eu te procuro com certeza...
- Poxa, Diana...eu nem tinha percebido que estava sendo tão pentelho assim...mas é que eu tenho que confessar que eu não consigo ficar sem você...tenho necessidade de te ver, ouvir sua voz...mas prometo que vou desaparecer...

Ele me olhou fundo nos olhos e os seus brilharam com lágrimas a transbordar. Ele me deu um abraço apertado e saiu em silêncio.

Confesso que meu coração palpitou ao vê-lo partir, mas prefiro esperar se ele vai decidir de fode ou se sai de cima.

PAPO DE CALCINHA: Você gosta e/ou já se envolveu com homens confusos?