quarta-feira, agosto 08, 2012

FESTA NO APÊ


POR LETÍCIA VIDICA


- ... eu estou ótima, meninas. Não podia estar melhor. Cansei de sofrer. Não vou negar que eu ainda penso no Pedro. Vai ser normal, por um tempo. Mas preciso deixar a minha vida mais colorida sabe? Tá muito sem graça. Estou precisando de novas emoções. – eu desabafava para minhas escudeiras em nosso sagrado ritual de sexta-feira.

- Assim que se fala, minha amiga. Nessa vida, a gente tem que ter histórias para contar. Bora preencher as páginas desse livro aí. – era Lili que me animava.

Eu realmente estava mais animada e pronta para novas aventuras. Aproveitamos o
momento feliz para brindarmos com nossas canecas de chopes. Em meio ao nosso brinde, fomos surpreendidas por um bonitão que parecia bem íntimo da Lili.

- Liloca, quanto tempo!!! Continua uma gata hein? – dizia o bonitão beijando e dando um apertão na Lili.

- Oi, Breno, tudo bem? – dizia Lili, com sua familiar voz de sedução. Logo nos ligamos que ele se tratava de um affair antigo. – Já tá indo embora?

- É, estou esperando o Juca. Ele foi no banheiro. Falando nisso, a gente tá indo lá para o apê dele. Vai rolar uma festinha lá. Só para os amigos. E, claro, que vocês são minhas convidadas de honra, meninas.

Rimos sem graça com o convite de última hora, mas Lili parecia bem interessada em conferir a festinha. O tal do Juca voltou do banheiro. Era gatíssimo por sinal e fez questão de reforçar o convite. Disse que não aceitava desculpas e passou todos os seus contatos para gente.

- Você não disse que estava precisando de novas emoções, amiga? Olha só como Deus é bom. Simbora para festinha do Juca?

- Meninas, vocês podem ir. Eu tô legal. Já passei da idade das festinhas. – era Betina que tentava pular fora.

- Ai, Lili, mas a gente nem conhece esses caras direito. Vai saber se essa festinha não é só um prato cheio para atacar a gente? – mesmo excitada com a aventura, fiquei com a pulga atrás da orelha.

- Podem parar de graça. Betina, nem pense em não ir com a gente, tá legal? Você tem muita juventude para gastar que eu sei. E, Diana, relaxa! O Breno é um velho amigo.
Eu conheço ele muito bem. Não tem perigo algum. E aí, bora?

Como negar baladinhas era uma afronta para a Lili, mergulhamos rumos a tal festinha. Como eu estava na pista para novos negócios, deixei o medo de lado e corri para o abraço.

***

- Tem certeza que o prédio é esse, Lili? – perguntava Betina, já irritada, depois de darmos cinco voltas no quarteirão. – Se não for esse, estou dando meia volta e indo embora hein?

- Calma, Betina, é esse mesmo! Acabei de mandar uma mensagem pro Breno. Ele tá descendo.

- Gente, se a coisa esquentar lá em cima, a gente sai correndo hein? – eu alertava as meninas. Afinal de contas, vai que a gente era o prato principal da festinha.

***
Entramos no tal apê e mal conseguíamos respirar. A festinha estava bombada. Saía gente pelo ladrão e não havia espaço que já não tivesse sido preenchido. O Breno veio nos receber (já parecendo um pouco animado), agarrou a Lili e se embrenhou no meio da festa. Betina resolveu ir pegar um drinque e logo vi que se enturmou com a turma da caipirinha. Ela adorava bancar o barman nas festinhas. E eu fui tomar um ar na varanda junto com a galera do fumódromo e do narguilé.

- Isso eu não admito. Sozinha na varanda não vale né? – era o gato do Juca que me flagrava no momento solidão. – Não tá curtindo a festa?

- Que nada! Tá tudo ótimo. Eu estou esperando as meninas. – respondi sem graça e tentando não olhar para aquele bíceps nu (como ele era gatooo!!!) – Falando nisso, você viu a Lili por aí?

- Ih, relaxa, gatinha. – dizia ele colocando o braço musculoso em volta do meu pescoço. – A Lili está em boa companhia. – sorriu ele maliciosamente – Fica tranquila que eu não vou te deixar sozinha. Aceita minha companhia? – sugeria ele me dando o braço.

Quem vai negar o convite de um gato desses? Ele me puxou para a sala e logo me enturmou com a galera. Que presente hein? Entre uma caipirinha e outra, ele aproveitava para me abraçar (como ele adorava me abraçar) e repetir que eu era linda.

- Amiga, o gato tá na sua hein? – dizia Betina.

- Eu estou até estranhando. Eu não estava mais acostumada com tanto elogio assim.
Nossa, mas cadê a Lili? Já faz mais de uma hora que a gente chegou e ela sumiu! Tô ficando preocupada...

- Parece até que não conhece sua amiga, Diana. Aposto que está melhor que a gente.

- Gataaaa... vem dançar comigo vem. – Juca me puxava pelo braço e me levou para o meio da pista para dançar um funk no meio das garotas piriguetes da festa.

Deixei o álcool da cachola dançar por mim. Quando vi, eu estava rebolando até o chão e o Juca me admirava com carinha de safado sentado no sofá. Essa noite promete! Acho que vou ter liberar geral hein?

Depois de bancar a Valeska quase popozuda, dei uma fugidinha para a varanda, onde estavam Betina e seus fumantes. Minha amiga parecia bem enturmada por lá, praticamente, atracada em um menino que parecia cheirar leite e devia passar o dia todo compondo novos pancadões.

- E aí, Diana quebra barraco! Arrasou na sala hein? Para quem disse que não sabia mais dançar...

- Tem coisas que a gente nunca esquece, não é mesmo? – emendei.

- ‘Peraí, eu te conheço... eu vou lembrar... espera aí – dizia uma garota ruiva, enquanto emendava seu segundo cigarro fazendo força para lembrar de mim – Já sei!
Você é a garota do pneu... isso mesmo, a garota do pneu.

Eu não estava entendendo bulhufas, mas independente de onde ela me conhecia, o que eu menos queria era encontrar alguém que me conhecesse.

- Do casamento da Olívia e do Pierre. Isso mesmo. Como eu pude esquecer! Tudo bom? Prazer, eu sou a Paulinha. – dizia ela me puxando e me dando um beijo, enquanto eu permanecia estática prestes a ter um surto. – Eu sou prima da Olívia, praticamente irmã...

Pronto, fudeu. A minha máscara ia cair.

- ... e você... é a Diana não é mesmo? A ex do Pierre? Gente, essa garota é irada... não é que ela...

Antes que a bocuda da Paulinha terminasse a história, fomos interrompidas pelo Juca que chegava.

- Ahá, encontrei a minha Lady Di – dizia ela passando o braço sobre o meu pescoço e me dando um apertão – Não some não, gata. Tá tudo bem por aqui? Estão tratando a minha deusa bem? – dizia ela me dando um beijinho na bochecha e emendando um apertão.

- Jucaaaa – gritava a Paulinha – Você não vai acreditar. Eu conheço a Lady Di. A gente se encontrou no casamento da Olivinha...acredita?

- Olivinha, grande Olívia – suspirava Juca como se já conhecesse Olívia de outros carnavais – Mas como assim? Quer dizer que você não é exclusividade só minha, gata?

Paulinha ameaçou começar a recontar a história do pneu furado no dia do casamento do Pierre, mas antes que a galera – que já estava aflita pelo fim da história – soubesse que eu tinha ido espionar o casamento do meu ex, fomos interrompidas pelo Luis Otávio que chegara na festa. Eu quase surtei quando vi ele e o Juca se cumprimentando como velhos conhecidos.

- Diana? Betina? Ué, conhecem o Juca? A Lili tá aqui também? – ele perguntava assustado.

- A Lili? A Lili? – eu engasguei.

- Ela tá por aí... – completou Betina quase enfiando um maço de cigarros inteiro na boca.

Parecendo perceber o embaraço, Juca levou Tavinho para um drinque.

- Ferrou! Cadê a Lili? – eu perguntava.

- Não sei, Diana. Mas agora a casa caiu para ela.

Calmamente e arrumando os cabelos, Lili apareceu na varanda na maior cara lavada.

- Liliana Bittencourt, teu santo é forte! Onde você se meteu mulher?

- Calma, gente! Eu estava ótima... só estava relembrando alguns assuntos com o
Breno... e vocês estão curtindo a festa?

- A festa está ótima, mas pode azedar para você. Você não sabe quem acabou de chegar! Luis Otávio.

Lili ficou pálida e sem palavras. Parecia até que ia ter um treco.

- Oi, Lili! Tudo bem com você? – dizia Luis Otávio na varanda.

- Oi, Tavinho, que coincidência! Você conhece o Juca? – perguntou ela.

- Para você ver, gata. O mundo é um ovo. O Jucão aqui é um grande amigo do futebol. – dizia Tavinho abraçando Lili numa atitude suspeita de quem ia dar o bote.

Nessa hora, Breno apareceu na varanda com dois copos de caipirinha.

- Lili, tá aqui a sua bebida ...

Breno também pareceu se assustar com a cena e ficou parado com as bebidas nas mãos.

- Oi, Breno, TUDO BEM? – enfatizou Luis Otávio – Então, VOCÊ E A LILI já se conheciam? – alfinetou.

Um silêncio mortal pairou no ar. Eu esperei a hora em que os dois iam se atracar e alguém voaria da varanda. Juca percebendo a situação convidou todo mundo para ir à sala ouvir um de seus amigos tocar violão. O clima de luau no apê pareceu esfriar os ânimos.

Enquanto todos se distraíam com o violão na sala, Juca me puxou pelas mãos e saímos de lá sem ninguém notar.

- O que foi, Juca? ´- perguntei ainda um pouco ingênua ao entrar naquele quarto.

- Minha princesa merece um lugar mais reservado. – dizia ele trancando o quarto – Aqui é o meu castelo, gata. E eu quero você... – dizia ele me agarrando e me pressionando contra a porta.

- Calma, vai com calma – respondi, tentando me desvencilhar daqueles braços fortes e daqueles músculos todos. Confesso que me assustei um pouco com a reação. Depois de passar tanto tempo transando só com o Pedro, eu me sentia como uma virgem novamente.

- Relaxa, Lady Di! – dizia ele beijando o meu pescoço e tentando me beijar.

- Mas e todo mundo? As meninas vão sentir minha falta...

- E dai? Tá todo mundo bem distraído lá na sala e outra, aqui no meu castelo, mando eu...fica tranquila... agora relaxa e vem aqui.

Fui vencida pelo meu tesão, por aqueles músculos, pelo xaveco barato, pela aventura e pela minha enorme vontade de me disvirginar do Pedro. Caí na cama e nos braços do Juca.

***

Quando saímos do quarto, havia apenas meia dúzia de pessoas na sala. Saí arrumando o cabelo e ainda tentando disfarçar o que tinha acontecido. Não me dei conta, mas ficamos mais de uma hora trancados naquele quarto. Já eram quase cinco da manhã.

- Acho que é hora de criança ir para casa, não é mesmo? – era Betina quem fazia o chamado tentando se desvencilhar dos braços do MC Moleque dela.

- Que isso, gente. Tá cedo... vamos beber mais uma? – sugeria Juca cheio de ânimo.

- Acho melhor a gente ir mesmo – Lili concordava como quem quisesse se livrar do Tavinho. Ele não parecia com cara de bons amigos.

Depois de convencermos todos que era hora e de mais uma saideira de caipirinha, conseguimos escapar do apê. Mas eu ainda tive que prometer ao Juca que eu voltaria qualquer dia desses para uma visitinha íntima. Como se ele fosse lembrar quem sou eu no dia seguinte... abafa!

- Gente, que noite maluca! Mas a festinha foi sensacional... – eu dizia enquanto dirigia para casa. – Lili e o Tavinho? O que você disse para ele?

- Ai, gente, o Luis Otávio não está com essa moral toda para me cobrar fidelidade, vamos combinar né? Eu omiti algumas verdades, não contei que eu transei com o Breno, mas disse que a gente ficou sim. Afinal, o fofoqueiro do Juca já tinha contado para
ele.

- Adorei que você meteu um galho na cabeça do Tavinho. – ria Betina – Cornooo...

- E, você, hein bem? E aquele garotinho cheirando leite? E aí rolou? – eu perguntava.

- Ai, meninas, o menino estava com os hormônios à flor da pele. Me levou pro banheiro e tentou fazer o serviço, mas ele era péssimo... eu quase tive que ensinar?! – ria Betina. – Assim não dá, hein? Na próxima festinha, se ele estiver, eu estou fora!!!

- Gente, eu preciso contar um bafão para vocês... – confessava Lili – O Breno me contou que essa festinha foi a despedida de solteiro do Juca, acreditam?

Eu quase bati o carro. Freei com tanta força que faltou pouco para não entrar no poste.

- O QUÊ???? O Juca vai casar? O que é isso agora? Eu virei presente de despedida de solteiro? Que filho da mãe. E ele não me disse nada... mas ele não estava de aliança, estava?

- Pelo que o Breno me contou, a namorada dele mora no interior. Ele se casa daqui duas semanas... Diana, pensa pelo lado positivo, você foi praticamente a noiva...

Rimos para não chorar. Apesar de ficar pasmada com o fato do Juca ser noivo, resolvi dar um desconto já que ele tinha me proporcionado fortes emoções. E isso era tudo que eu precisava. Fomos para casa ansiosas pela próxima festinha no apê.

PAPO DE CALCINHA: E VOCÊ JÁ CURTIU UMA FESTINHA NO APÊ?

3 comentários:

Mirella Gurgel disse...

KKKKKKKKK .. Nossa senhora hein, isso é que é fortes emoções, adorei o Tavinho com cara de merda ao ver a Lili com outro.. quem sabe assim ele aprende !! Ah fazer o que se o cara vai casar?!Pelo menos vc se divertiu, mas sempre tem que ter uma FDP pra querer estragar a festa né, essa prima da Olivia, que chata !! Adoreeeei ...

Isa disse...

Que festa em! Seria trágico se ñ fosse cômico. Quase morri de rir qndo a Lili falou q era uma despedida de solteiro. E a Lili em, que maluca! Tenho uma amiga q é mto parecida com ela. Me divirto mto com suas aventuras, me faz lembrar q as vezs é bom cometer algumas loucuras. B-jus!

Anônimo disse...

Obrigada sempre....
faça um livro
amo ler as historiasss
nunca pareeeee