segunda-feira, fevereiro 25, 2008

O TEMPO PASSA E AS AMIGAS TAMBÉM!



Por Letícia Vidica

Louvado seja o inventor do Orkut. Amo e odeio essa pessoa ao mesmo tempo. Graças a ele, a gente reencontra um trilhão de pessoas que jamais imaginou rever na vida e até mesmo aquelas que não tiveram a capacidade de ligar para você, mas sabem muito bem te adicionar para colecionar mais uma gata na comunidade (que ódio!).

Bem, foi numa dessas navegadas que eu encontrei uma comunidade do Colégio Santa Rita, onde estudei no colegial. Foi incrível o número de pessoas que pertencia a ela e que eu jamais imaginei rever na vida. Dentre elas, reencontrei a Sâmara, minha amigassa de colegial. Daquelas de dividir segredos, dormir uma na casa da outra, andar juntas no colégio... Depois que a gente se formou, eu e a Sâmara ainda tentamos manter contato, mas como acontece com todo mundo, ela se perdeu na vida e eu na minha.

Ficamos trocando recados por quase um mês. Descobri que ela havia acabado de voltar da Flórida, onde foi estudar inglês por um ano (pelo menos ela tinha feito algo de emocionante da vida). Sâmara havia se formado em Marketing e era diretora de uma grande empresa. Além disso, descobri que minha amigona do passado era casada ... e olha que fizemos um pacto de bubballoo que seríamos solteiras a vida toda ... traidora!!!

Resolvemos nos reencontrar e a Sâmara aproveitou para marcar uma reuniãozinha na casa dela e chamou mais outras três amigas de colégio: a Bete, a Patrícia e a Rose que também faziam parte da nossa patota.


Ao chegar na casa da Sâmara, descobri que aquela nossa promessa de virar hippie tinha ido se perdido nos caminhos da Flórida, eu acho. Ela simplesmente morava num residencial fechado m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o!!!

- Diiiiiiiiiiiiiiiii!! – gritou aquela loira cheia de botox, silicone e tudo o mais que o dinheiro permitiu. Era a Sâmara. Fiquei estatizada sem reação. Eu no meu pobre jeans surrado. – que saudades, menina. Entre, fique à vontade. As meninas estão na sala de visitas.

Sala de visitas?! Essa era apenas uma parte do palácio em que minha ex-melhor amiga morava. Fui entrando e, enquanto ela me apresentava cada detalhe da casa, de repente uma mulher de cabelos curtos, gorda, com os dedos lambusados de brigadeiro correndo atrás de um garotinho, parou, me olhou e disse:

- Não creio... é você mesmo? A rainha das hippies?! Diana – ela logo veio e me deu um abraço lambuzado. Demorei para reconhecer, mas era ela mesma, a Bete. Não pude acreditar. A Bete era do tipo de garota que no colégio todos os garotos queriam namorar. Ela era linda e de causar inveja nas garotas (confesso que até eu tinha inveja dela, porém naquele momento me arrependi de um dia tê-la invejado)

- Bete bunduda??? Quem é esse príncipe? – perguntei

- É o Lucas, meu tesouro. Ah, hoje a babá precisou ir ao médico e não tive com quem deixá-lo.

Babá? ’Peraí...será que elas entraram num mundinho vip e esqueceram de me convidar? Estava me sentindo um peixe fora d’água, quando alguém gritou...

- Porra, vão ficar enrolando aí? – nem precisei adivinhar era a Patrícia com seu jeito debochado de sempre. A única coisa que havia mudado nela eram os cabelos que de castanhos cacheados viraram vermelho fogo.

Nos abraçamos e fomos todas para a sala de visitas.

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Ficamos à tarde toda a contar da vida e a nos empanturrar de vinho (porque cerveja é coisa de pobre) e de uns aperitivos que a empregada da Sâmara trouxe para nós. Foi uma tarde maravilhosa, porém ao mesmo tempo que éramos tão íntimas naquele ambiente, éramos tão estranhas e diferentes uma das outras.

A Sâmara estava casada há 5 anos com o Pepe, um nerd do colégio que a gente vivia zuando. Ela contou que eles se reencontraram numa festa e ele estava mudado, mais bonitão vamos dizer, e acabou rolando. Formada em marketing, hoje ela dirige uma multinacional e vive viajando para o Exterior. Filhos? Isso ela não quer nem ouvir falar. Disse que ainda tem muitos planos pela frente. (Também com o dinheiro e o marido dela até eu ia ter um trilhão de planos)

A Bete bunduda virou uma dona de casa perfeita. Engordou uns 20 quilos e hoje só se dedica a cuidar do Lucas e do marido (detalhe!) rico. Ela pode ter mudado de aparência, mas de esperteza, ham, isso não mudou nadinha. A não ser sua conversa que de garota liberal havia se transformado numa conversa chata de filhos, marido, dona de casa e cheia de pudores. Bete sim planejava ter muitos filhos. Disse que seu marido era um empresário renomado e que queria deixar muitos herdeiros para os seus negócios (isso mesmo, no plural.)

A Paty continuava a mesma locona de sempre. Depois de muitas desilusões amorosas e dois filhos, ela havia entrado para o meu clube – das solteiras. Atualmente, trabalhava numa galeria de arte e continuava falando as mesmas bobagens e palavrões de sempre. Contou que já fez de tudo na vida (tudo e mais um pouco), mas que agora a idade estava chegando e ela estava mais calma, porém não queria saber de homem não...

A Rose...ah, essa foi uma supresa...chegou atrasada ao nosso encontro por causa de uma reunião na igreja. Havia virado evangélica. Para falar a verdade, ela ficou a maior parte do tempo muda. Mas conseguimos arrancar algumas informaçõezinhas dela. A Rose no colégio era o tipo de amiga mãe, daquelas que ouvia conselhos de todo mundo, estava sempre pronta a ajudar. Aquela a quem tanto derramei minhas lágrimas de adolescentes, agora mais parecia uma estranha para todas nós. Rose estava noiva de um ‘irmão’ da igreja e trabalhava em escritório. Entrou para a igreja por causa da mãe dela e disse que estava bem mais feliz agora, porém como não podia se atrasar para o culto das seis, não ficou nem uma hora na nossa reuniãozinha.

E eu?! Fiquei sem saber o que dizer quando perguntaram o que eu fazia da vida. Podia dizer que estava namorando um homem maravilhoso, que estava cheia de planos, de dinheiro e com o emprego dos meus sonhos. Mas não...mesmo longe, aquelas eram minhas amigas (ou pelo menos um dia foram). Eu devia lealdade a elas. Contei que estava à procura do meu príncipe que sempre insiste em chegar de jumento, que morava sozinha num apê alugado e tinha arrumado um emprego recentemente numa agência, ou seja, era uma solteirona endividada.

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Ficamos na casa da Sâmara até o anoitecer nos lembrando dos bons tempos de colégio. Das pessoas, das azarações, revelando segredos antes jamais revelados. Sabe que eu descobri que a Sâmara gostava de um namoradinho de colégio meu e que depois que a gente terminou eles ficaram?!

Mesmo em mundos tão diferentes aquela tarde foi maravilhosa e deprimente também. É triste ver que o tempo passa, o tempo voa...


Papo de Calcinha: Já reencontrou alguma grande amiga (o) da época do colégio depois de tanto tempo? E aí como foi o reencontro?

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