terça-feira, julho 19, 2011

O REENCONTRO (PARTE II - A FILA ANDA)



Por Letícia Vidica


- Diana, respira. Mantenha a calma e presta bem atenção no que eu vou te dizer... – era Betina que se aproximava de mim no balcão do bar e tentando me acalmar de algum tsunami que estava por vir – O Pierre acabou de chegar na balada...

- O Pierre? O que ele tá fazendo aqui? Ele odeia esse lugar??? – nem preciso dizer que quase tive um treco.

- Pois é...e tem mais...ele tá acompanhado. – era Betina em tom de quem tinha jogado a bomba no meu colo e que se sentia mais aliviada sem ela.

Acho que fiquei sem respirar e meu coração parou de bater por alguns instantes. Era muita informação que eu precisava processar. Enquanto isso, pedi um whisky duplo ao barman. Como assim? Tudo que eu menos queria era encontrar o meu ex-namorado na balada. Pior ainda. Tudo que eu sempre temi e menos queria era encontrá-lo acompanhado.

Já fazia um tempo que a gente tinha terminado o relacionamento. E também fazia um bom tempo que a gente não se via desde aquele nosso encontro frio no supermercado. E vê-lo naquela noite – acompanhado da mulher do macarrão, a mesma que eu tinha visto no supermercado naquela madrugada* - seria como enterrar todas as minhas possíveis esperanças. *(não entendeu nada? Sugiro que pare a leitura e leia – O Reencontro (Parte I: Fria Intimidade). Espero você aqui!)

- Diana? Diana? Você tá bem? – perguntava e me sacudia Betina.

- Eu, eu? Eu tô ótima!!!

- Se quiser ir embora, tudo bem.

- Embora? Agora? Agora que a balada ficou boa? Os incomodados que se mudem né? –
respondi e respirei fundo tentando convencer a mim mesma de que eu ficaria bem e que não me importaria com aquele situação, mas ...

... eu não só queria ir embora, como queria sair correndo. Mas eu tinha que fingir para mim mesma que estava tudo bem. Dizendo e tentando acreditar que o Pierre era passado. Porém, a cada beijo trocado entre os dois, a cada olhar entre eles, um punhal cravava no meu peito. Minha vontade era ir correndo até a mesa dos pombinhos, puxar a vagaba pelo cabelo e exigir o que um dia foi meu por direito. Eu não sabia se estava mais incomodada com o fato do Pierre estar acompanhado ou com o fato de que eu estava solteirona e à caça naquela balada.

- Tanta balada para ele escolher por que vir justo na Club’s Ele sempre odiou esse lugar! Quantas vezes eu insisti para que ele viesse comigo e ele não queria. Agora trazer essa sirigaita aqui tudo bem? – eu desabafava enquanto bebia mais um copo de whisky duplo.

- Relaxa, Di. Ela nem é tão bonita assim!!! – era a doce Lili tentando me animar.

- Você tá certa, Lili! Sou mais eu né? – será que eu era mesmo? – E quer saber eu não vou estragar a minha noite por isso. E vou dançar com o primeiro Zé Mané que eu encontrar.

Saí em direção a pista e comecei a dançar com o primeiro que me olhou. O Pierre também estava na pista. Dançava com a talzinha. Ele tentava disfarçar, fingindo que não tinha me visto, mas era impossível não ver alguém dançando tão escandalosa como eu. Inconscientemente, eu queria que ele me visse dançando. Visse o quanto eu estava bonita, fatal, o quanto os homens me desejavam, o quanto eu estava bem livre dele, leve, solta , independente... Nossa, será que eu estava assim mesmo? Não, eu não estava. Eu estava péssima, mas eu não podia cair do salto logo agora né?

***

Porém, quando cheguei em casa, não só desci do salto como caí em prantos. Acho até que as bebidas que tomei ajudaram um pouco. Aquela cena do Pierre com outra que não era eu, não saía do meu pensamento. Pior do que encontrá-lo foi ver que outra ocupava o meu lugar.

- Diana, acalme-se! – era Betina que me acudia aos prantos – Você nem sabe se ela é namorada dele. Eles apenas estavam juntos. Pode ser apenas um casinho.

- Não era, Bê. Eu sei disso. Eu sinto. Eu conheço o Pierre. Além do mais, era a mesma menina do macarrão. E o jeito que ele olhava para ela, o jeito que ele dançava com ela...aquela quebradinha de pescoço para beijá-la...é sério!! Era tudo que ele fazia comigo.

- Tudo bem, eu desisto de tentar te convencer. Mas e se ele estiver namorando, qual é o problema? Você não vive dizendo que está em outra, que esqueceu do Pierre, que ele não te merece e blábláblá?

- Tá, Betina, não precisa me lembrar disso. Eu disse tudo isso, mas foi antes de comprovar com meus próprios olhos de que ele foi muito mais rápido do que eu. – eu lamentava.

No fundo, acho que o problema maior não era a nossa separação. E sim o fato de ele ter outra pessoa e eu não. Aquela mulher ao lado dele soava aos meus ouvidos como quem diz ‘Baby, a fila anda. E você ficou para trás’. Poxa, eu devo ter algum tipo de problema mesmo, se até o Pierre já se arranjou? O que há comigo? Será que é algum castigo, punição sei lá que eu estou pagando nessa vida? Eternamente solteira?

***

Se não bastasse aquela cena que não saía da minha cabeça, encontrei a mãe do Pierre no shopping num sábado. Bem no dia em que fui às compras justamente para afogar as mágoas causadas pelo filho dela.

- Diana, minha querida!!! – berrava minha ex-sogra no corredor do shopping – Que bom te encontrar.

Pena que eu não podia dizer o mesmo. Eu queria me livrar dela o mais rápido possível. Eu temia que, a qualquer momento, o Pierre e sua namoradinha chegassem.

- Você anda sumida...nem vai mais lá em casa...

- Desculpe. Eu ando meio corrida sabe? – o que eu iria fazer na casa dela? Ser vela
do filho dela?

- Sabe que sinto sua falta né? Esquece do Pierre, quero que você vá me visitar. Nossa, não fazem mais noras como você. Ah, você deve saber né, o Petico tá namorando umazinha aí, mas eu não fui com a cara dela. Sou muito mais você.

Tudo que eu já temia se comprovou. E na boca de fonte confiável. A mãe dele. Quase desmaiei quando ela disse aquilo. Confesso que deu até uma tontura que, depois de nos despedirmos, tive que correr pro banheiro para tomar um ar. Não havia mais dúvidas. A fila do Pierre não tinha andado...tinha corrido.

E, para o meu azar maior, enquanto eu andava sem rumo pelo corredor do shopping me deparei de frente com o Pierre e tal namoradinha. Parecia cena de novela. Nos olhamos profundamente, percebi que ele ficou sem graça e eu – queria sumir – ou melhor, queria voar no pescoço dela e no dele.

- Oi, Diana, tudo bem? Que surpresa! – disse Pierre todo sem graça.

- Nossa, digo o mesmo. Acabei de encontrar sua mãe.

- É, eu vim buscá-la.

Nossa, tá até buscando a mãezinha no shopping? A perereca dessa menina deve ser de ouro né? Quando era comigo não queria buscar nem um pão na padaria da esquina!!!

- Ops, desculpe, essa é a Olívia.

Eu lá quero saber o nome dessa aí? Sei muito bem quem é ela. Inventei uma desculpa qualquer para terminar com aquele papo furado e me despedi dos dois. Confesso que saí do shopping aos frangalhos e corri direto para o colo de quem me entendia...

- Bê, tá tudo acabado. O Pierre tá namorando mesmo. – eu dizia chorando no colo da Betina. – Se eu tinha alguma esperança com ele, aquela Olívia Palito enterrou todas.

- Diana, mais cedo ou mais tarde, você teria que encarar isso. É normal. O relacionamento de vocês acabou e a vida segue em frente né?

- Seguir é apelido né? A vida do Pierre saiu em maratona e a minha? Congelou né? E pensar que ele terminou comigo porque não estava pronto para se apegar a alguém. Que idiota que eu fui!

- Di, você viveu, foi bom e acabou. Bola para frente, nega. E você tá julgando só pelo seu lado, você sabe se ele tá tão bem assim com aquela garota?

- Aposto que está. Vou até me preparar para a chegada do convite de casamento. Ele tá diferente...aposto que ela mudou ele...até buscar a mãe no shopping ele tá indo agora!

- Di, a fila anda, amiga. Muda o disco. Deixa o Pierre para lá.

Por mais que minha amiga tentasse me animar, nada me animava. Era duro admitir que havia outra no lugar que um dia foi meu. Confesso que sempre desejei que ele morresse solteiro e que se alguém tivesse que arrumar outra pessoa, que esse alguém fosse eu.
Mas a vida é uma comediante né? Tá sempre nos aprontado uma pegadinha aqui, outra ali e rindo da nossa cara. E aquela era mais uma pegadinha da vida. Até agora eu não achei graça nenhuma, mas depois de um tempo decidi que também não ia chorar mais por isso. E se a fila anda, tenho mais é que fazer a minha andar né?

PAPO DE CALCINHA: E a sua fila já andou? Ou a do (a) ex andou primeiro? Como reagiu ao encontro?

8 comentários:

Rafael disse...

Querida Letícia, nao deixe o sentimento da perda te dominar. Tenho certeza que voce e mais forte do que isso. Homem e o que nao falta nesse planeta. Mergulhe de cabeca no novo e desconhecido, conheca novas pessoas. Enquanto voce nao encontra o homem certo, divirta-se com os errados. Afinal: Solteira(o) sim, sozinha(o) nao ;)

Joyce disse...

Acho que a maioria já teve um (ou vários) desses encontros 'inusitados'. Normal ficarmos balançadas ao darmos de cara com algum ex, afinal houve uma história com aquela pessoa. E há momentos em que a fila anda e há momentos em que ela fica parada, como é o caso da nossa Diana.

Mas eu torço para que ela encontre o par perfeito e esqueça logo o Pierre! E que Betina e Lili ajudem nessa busca :)

Aliás, a Lili ainda continua com o canalha do Luís Otávio? rsrs

Letícia Vidica disse...

Gente, eu também torço para que a Diana se encontre. Sinto que em breve ela vai encontrar um novo amor, mas ainda tem bastante coisa para resolver com o Pierre. Sobre a Lili, Joyce, ela continua sim com o Luis Otávio. Logo mais, dou uma atualizada na história dela.

Rafael, eu (Letícia Vidica), apesar de solteira, estou bem resolvida sim. Apesar de sempre estarmos esperando nosso príncipe né? Já a Diana...essa ainda tem muita história para contar.

Obrigada pelos comentários!!!
Voltem sempre.
Bjo Letícia Vidica

Rafael disse...

Ha desculpe acabei confundindo voce com a personagem, errei o nome, perdao :)

Nao entendi o "apesar de estar soleira" rsrsrs

Sugiro esquecer a historia do príncepe, pois eles so existem nos contos de fada ;)


Acho que as mulheres se machucarian menos se esperassem menos dos homens e compreendessem que os homens sao diferentes, veem o mundo de maneira dierente e principalmente nao pensam como as mulheres. :)

Joyce disse...

Rafael,

Concordo 100% contigo, mas há algumas ressalvas.

Ainda meninas, somos educadas para esperar por esse príncipe. Passamos parte da vida (mtas vzs longa!) mergulhadas em ilusões que são alimentadas por todos os tipos de fontes possíveis: TV, livros, filmes, outras mulheres, os próprios homens, a família, enfim, sendo mto difícil nos desprendermos dessas idealizações.

Há mtas mulheres que, apesar de terem sofrido mto, ainda esperam por esse príncipe. Mas acredito - e espero que sim! - que é crescente o número de mulheres que desencantam e entendem de uma vez por todas que os homens não são seres extraordinários que lhes trazem segurança e até a felicidade plena, mas são indivíduos comuns, com fraquezas, desejos e sonhos, procurando por uma agradável companhia, assim como elas (ou nós).

Rafael disse...

Joyce,

nos homens somos educados pra fazer sexo com tudo que e mulher que aparece pela frente, cantar todas as mulheres, nao recusar sexo, ser forte o tempo todo etc, etc. Mas chega uma certa idade que temos maturidade o suficiente para deixarmos para tras esses valores que a sociedade nos impoe...

Os homens sofrem muito tambem, pois muitas mulheres estao copiando o que os homens tem de pior, numa especie de vinganca e revanchismo... Pra mim isso nao e uma boa ideia.. enfim... eu corro dessas mulheres rsrs

Nao espere muito do homem mediano, afinal este perde a cabeca por uma bela bunda e um par de seios.. rsrs

Dani Fuller disse...

Letícia.. acabei de ler seu livro.. e vim correndo conhecer seu blog.. e vou confessar q estava torcendo para o Pierre aparecer mais e eles se acertarem.. mas caramba... q ruim foi ver q ele está em outra ihihih

Ahhh sempre a fila do outro q corre primeiro né... sempre é assim ñ tem jeito.. com todos os meus foram assim.. e é ruim demais encarar isso.. =(

Mas tive que me 'acostumar', pois sou uma eterna solteira.. e muito pior q a dona Diana q pelo menos tem uns carinhas bonitinhos na cola dela ihihih

bjss

http://danifuller.com

Isa disse...

Oi, é engraçado ver essa história pois comigo está acontecendo o mesmo, e exatamente como na história a fila dele andou e eu fiquei pra trás estacionada, com algumas paqueras e ficantes, mais nada sério, na real eu queria que pelo menos ele me visse conversando com alguém só pra ver a reação dele, nem que essa pessoa fosse apenas um amigo. Mas fazer o que né!? O jeito é seguir em frente, é eu que eu estou tentando fazer.