Chega de papo de cueca e de brejas em clubinhos de machos. Agora é a nossa vez! Vamos soltar a voz mulherada! Vamos aterrorizar a rapaziada! Para isso, bem vindo ao 'Papo de Calcinha'...um blog diferente que tenta desvendar o universo feminino. Aqui eu, Letícia Vidica, publico histórias sobre o universo feminino: suas angústias, dúvidas, coisas cotidianas, confusões que só os miolos femininos entendem, enfim, todo o blablablá feminino
sexta-feira, setembro 11, 2009
MAMÃE EU QUERO...SER?
Por Letícia Vidica
- Nossa, Lili, espero que seja algo muito importante que você tenha a dizer por que não foi nada fácil conseguir desdobrar o meu chefe... – eu disse toda esbaforida, suada e curiosa pelo que Lili tinha de tão importante a dizer que não pode esperar e nos escalou para um encontro de plantão no meio do expediente.
- Acho bom mesmo...não é porque eu sou autônoma que não tenho nada a fazer hein? – resmungou Betina
- Calma, gente...vocês não vão se arrepender.
- Então fala logo – gritamos eu e a Betina
- Eu acho que estou grávida!!! – disse Lili como uma criança que estava prestes a ganhar a tão esperada boneca da Xuxa de Natal. – Não é ótimo?
Fiquei tão surpresa que não consegui espantar reação. Deixei que o veneno da Betina falasse por mim...
- Como assim grávida? E o que você vê de ótimo nisso, Lili?!
- Vai ser o máximo...vocês vão ser titias – disse Lili batendo infantilmente palminhas e nos dando um abraço apertado
- Peraí, Lili...como assim ‘acha que tá grávida’...ou você está ou não está!
- É, Diana...faz um mês que minha menstruação está atrasada, ando me sentindo meio diferente, sabe...
- Mas você já fez o teste?
- Por isso mesmo que eu chamei vocês aqui.
- Agora tenho cara de mãe Diná por acaso? – disse Betina já vermelha de tanta raiva com a felicidade de Lili diante de notícia tão absurda.
- Chamei vocês aqui porque quero que venham comigo até a farmácia comprar um teste, daí a gente vai pro meu apê e fazemos o teste lá. Eu não poderia de deixar de dividir esse momento com vocês...eu sempre sonhei em ser mãe...e no Sim da maternidade, vocês tem que estar comigo...
- Amiga, eu adoraria estar com você...apesar de eu ainda estar tonta com tudo isso...fico muito feliz por você, mas se eu não chegar daqui a 30 minutos no meu trabalho, eu estou na rua! Bê...
- Já sei, já sei...lá vai a mãe Betina...vamos fazer assim, eu vou com você, Lili... a gente compra o tal teste e de noite a Diana passa lá na sua casa e fazemos o teste juntas ok?
Confesso que voltei para o trabalho e passei o resto do dia ainda um pouco tonta com a notícia da Lili ser mãe. Não sei se eu me espantava mais pelo fato dela ser mãe ou de eu me tornar titia...tão nova e sem casamento?! Seria esse o meu fim?
À noite, corri para a casa da Lili e ela estava ansiosíssima me esperando. A Betina já tinha fumado uns dois maços de cigarro de tanto nervoso com a falação da Lili e seus planos futuros com o bebê.
- Ainda bem que você chegou...eu não agüentava mais esse papo de fralda, mamadeira...
- Desculpa, gente, eu tentei saí o mais rápido possível. E aí fizeram o teste?
- Eu prometi que ia esperar vocês duas aqui. Vamos lá ao banheiro?
- ‘Peraí, Lili. E o pai da criança? Cadê? Quem é?
- Diana, deixa de ser ingênua...é claro que o pai do pivete é o cachorro do Luis Otávio.
- Lili do céu...ficar com o Otávio já era a maior merda da sua vida, agora engravidar dele é um cagaço total...como isso pode acontecer? Você não tava tomando pílula?
- Ai, gente, eu não sei...eu tô me prevenindo...mas sei lá vai ver a pílula é de farinha né? Mas não importa...vamos fazer o teste logo.
Trinta longos e intermináveis minutos depois, Lili saiu do banheiro cabisbaixa e silenciosa...
- E aí? Deu positivo?
...
- Fala logo, Lili
...
- Dá essa porra aqui logo...hmmmm...faixinha rosa, faixinha azul...hmmmm – Betina arrancou o teste da mãe da Lili
- Deu negativo... - disse
- Ufa, você não está grávida... – respirei aliviada
- Não estou para a porcaria desse teste, mas eu não vou desistir!!!!
- Como assim não vai desistir?!
- Amanhã mesmo vou ao laboratório fazer um teste ... sempre me disseram que esses testes nunca erram para o positivo, mas para o negativo...é de duvidar.
Não adiantou retrucar muito menos fazer com que minha amiga desencanasse da idéia de ser mãe. E parecia que o espírito materno tinha tomado conta do ar...
...era domingo, almoço de família na casa do Pierre. Os homens estavam na sala assistindo o tradicional jogo das quatro da tarde e as mulheres fofocavam no seu habitát natural, a cozinha...
- Nossa, mas que maravilha, Patrícia...um filho é sempre uma benção... – dizia Luzia, a tia do Pierre para a prima dele que estava grávida de dois meses e revelara naquele almoço para a família.
- E você, Diana, não pensa em ter um também? – essa era a pergunta que eu sabia que viria, mas que tinha a esperança de que não viesse
- Ainda não, tia Luzia. Tenho muitos planos ainda...
- Vai esperar até quando. minha filha?! Já tá quase com 30 anos nas costas. Se esperar mais vai virar mãe avó!!! – naquele momento saía uma resposta afiadíssima para aquela gorda da tia Luzia, mas minha querida sogra fez o favor de me interromper...
- Ah, eu adoraria ter um neto mesmo...e acho uma ótima idéia você e o Petico providenciarem isso... já passou da hora...todas as minhas amigas tem neto, menos eu...
Resolvi não encarar essa briga pela maternidade, mas saí de lá me sentindo um ser extraterrestre por querer ser normal e não compartilhar do mesmo espírito materno.
- Amor, sua mãe e sua tia me pressionaram hoje para que eu tivesse um filho!!! – disse ao Pierre enquanto assistiamos a um filme no sofá do meu apê.
- Jura?! Até que não seria má idéia? Eu sempre quis ter um pivete... – disse o Pierre como um garoto de 10 anos que abre seu presente de Natal – e se você quiser podemos fazer agora mesmo...
- Para, para Pierre, eu tô falando sério!!!
- Mas eu também ou você acha que eu tô brincando? Acho que poderíamos mesmo pensar em ter um filho....
- Você tá ficando louco né?
- Não entendo qual é o problema, Diana...a gente tá junto há um ano, somos adultos, crescidos, praticamente moramos juntos...
- Falou e disse praticamente, mas não somos casados. Mal consigo me sustentar...
- Já te falei que isso não é problema, mas pensa no assunto e depois a gente volta a falar disso.
E eu realmente pensei. Era o que eu mais pensava naqueles dias. “Eu deveria ser mãe agora?” Não estaria cometendo uma loucura? E para me deixar mais doida, a mãe do Pierre não parava de falar e sonhar com a idéia de ser avó e o Pierre, para ajudar, também viajou na idéia. Resolvi ligar para a pessoa que tem a maior sanidade do planeta...
- Bê...eu não sei mais o que eu faço...não aguento mais ouvir..’Você tem que engravidar’, ‘Eu quero um filho’, ‘Eu quero um neto’...tô ficando louca!!! Outro dia até esqueci de tomar meu anticoncepcional acredita?
- Relaxa, Diana... isso é normal...sua sogra tá empolgada com o sobrinho, mas daqui a pouco ela vê que não é bem assim...
- Espero. Teve notícias da Lili?
- Ai, nem me fala dela...tem me ligado todos os dias para falar da ansiedade do resultado...inclusive pediu que eu te ligasse porque quer todas juntas lá no laboratório...
- Minha nossa senhora, como a Lili é dramática.Já transformou a gravidez dela em reality show!
E o tão esperado dia do resultado chegou. Fomos as três para o tal do laboratório. Lili chegou tão nervosa que nem conseguiu buscar o envelope. Fui retirar no nome dela.
Como uma cena final de filme de suspense, Lili abriu o envelope. Respirou, suou frio, pensou e abriu...
- Eu NÃO acreditooooo!!!! – berrou
- Tá grávida?
- Não, Diana, eu não estou grávida!!! Como assim?
Enquanto a Lili se desconsolava, eu e a Betina comemorávamos.
- E vocês comemoram?
- Ai, Lili, relaxa...continua treinando, mas vê se com a pessoa certa. – eu disse
- Só vocês mesmas para verem graça nessa situação...eu queria tanto ser mãe...já tinha até comprado uma roupinha de bebê, pesquisei berços...jurava que eu estava grávida...
- Mas não está! E vamos bebemorar que a vida é bela. Vai ver foi um sinal de que o Otávio não te merece e muito menos merece ser o pai do seu filho. – disse Betina toda animada e aliviada por não ter mais que ouvir as ladainhas de mãe da Lili
Eu confesso que fiquei triste pelo fato da Lili não realizar o sonho de ser mãe, mas também me senti aliviada por tirar das minhas costas a sensação de que eu teria que ser a próxima, ou pior ainda, que eu teria que ser titia...
Papo de calcinha: E você pensa em ser mãe um dia ou já foi pressionada em ser?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Amei o texto! Sempre escuto a pergunta de quando virá o bebê, mas minha família e a de meu marido não pressionam, são mais os amigos e vizinhos que perguntam, e embora tenho adiado, vez ou outra quando vejo uma "fofurinha" e lembro que das amigas só falta eu, me sinto empolgada em antecipar.
Ahhhhhh ser mãe é tudo .. É a melhor e mais rica herança que uma mulher pode ter na vida ... É o que verdadeiramente nos faz seguir em frente firme e forte com os obstáculos da vida .. Massssssss !!!! Pranejamento é tudooooo pessoas !!!!
Adoro a Betina !!!
Vivi Lolis mãe duas vezes abençoada !
To achando que a Lili é meu espelho...... rs
Postar um comentário