quarta-feira, setembro 26, 2012

QUERIDINHA DA MAMÃE



POR LETÍCIA VIDICA

- Diana, você não vai acreditar em quem vai casar!!! – dizia minha mãe enquanto tirávamos a louça do tradicional almoço de domingo – A filha da Silvinha, aquela minha prima de Minas Gerais. Aquela que vinha aqui em casa e não abria a boca?! Vai casar! – pasmou minha mãe enquanto guardava as vasilhas.

- Poxa, que legal para ela, mãe.- comentei sem ânimo algum. Eu logo saquei que, em poucos segundos, começaria a sondagem.

- Legal?! É preocupante, minha filha. Tá todo mundo se ajeitando nessa vida. E você?! O que está acontecendo? Eu ainda quero te ver entrar na igreja vestida de noiva nessa vida.

- Vamos mudar de assunto, mãe! – eu não estava no clima para discutir a minha vida amorosa.

- Eu estou ficando preocupada de verdade. Até o Pierre já se arranjou de novo. O Pedro, pelo jeito, logo logo se arruma com uma gringa e você, Diana? Você tem que parar de ficar enfurnada naquele buteco toda sexta-feira e ir à caça. A idade tá passando, filha!!!

- Mãe, por favor, dá para parar de pegar no meu pé? – disse já puta da vida.

- Eu só estou falando a verdade. Esse seu jeito de mulher independente demais é o que
assusta... aposto!

- Mãe! – era Marisa que também já tinha percebido que minha mãe tinha passado um pouco dos limites.

- Chega! Eu estou cansada dos seus julgamentos, mãe. Por que você pega tanto no meu pé? Nada que eu faço tá bom!!! Eu ralo de segunda a segunda, saí de casa, conquistei minha liberdade, sou uma ótima profissional, mas nada tá bom?! A Marisa engravidou e casou com o primeiro otário que apareceu, vive um casamento infeliz, mas tá sempre tudo bem para ela. O meu irmão é um encostado, não consegue comprar uma chupeta para filha dele, mas a senhora continua alisando ele... e eu? Só levo tapa? Para mim, já deu. Cansei de ser a ovelha negra da família. – joguei o guardanapo no chão e ameacei sair da cozinha.

- Suzete, o que você fez? – era meu pai que entrara assustado na cozinha ao ouvir os meus berros.

Saí batendo as tamancas. Peguei minha bolsa na sala e fui para o carro. Antes que eu arrancasse, meu pai apareceu gritando para que eu ficasse.

- Diana, releve. Você não conhece sua mãe? Tente entender.

- Pai, eu te amo! Mas eu cansei de entender minha mãe e todo mundo... e eu? Quem me entende?

Fui para casa muito puta e em lágrimas. Eu odiava quando isso acontecia. E, de um tempo para cá, eu e minha mãe estávamos assim. Duas palavras e cinquenta socos. Eu sempre fui a queridinha do meu pai e sei que a Marisa e, principalmente, o meu irmão eram os xodós da minha mãe. Parecia até que ela gostava de me alfinetar por prazer.
Por um tempo (talvez na adolescência), eu gostava do fato de enfrenta-la, mas agora está perdendo a graça.

******

- Ixi, o que houve? Para transferir o Pedrão para o apê é porque alguma coisa tá feia. – dizia Betina que chegava no meu apartamento.

- Desculpem, meninas, mas eu não estava no clima de Pedrão hoje. – eu disse deitada no sofá.

- O que aconteceu, Di? – perguntava Lili.

- Minha mãe. Para variar, a nossa relação tá cada vez mais insustentável. A gente discutiu domingo passado mais uma vez. Eu estou cansada dela me pressionando. Acredita que teve a pachorra de dizer que até o Pierre desencalhou e eu continuo encalhada?!

- Diana, tenta pegar leve. É o jeito dela. Vai ver ela não faz por mal... – dizia Betina.

- Não faz por mal, mas faz toda hora. Parece que nada que eu faço está bom. A pamonha da Marisa engravidou do primeiro cara que transou aos 19 anos e tudo ficou lindo. O marido dela é um bunda mole que a trai, mas tudo está bem. O meu irmão não faz nada da vida e nem se preocupa em saber se fará algo nessa vida, mas minha mãe continua achando que tá tudo bem. E eu? Faço tudo certo e continuo a errada.

- Amiga, é difícil opinar. Mas acho bom se entender com a sua mãe logo. Aproveita enquanto você ainda pode. A minha morreu e eu deixei muitos mal entendidos. – desabafava Betina.

- Pode até ser, mas hoje eu estou muito puta ainda para dar o braço a torcer.

- Ah eu bem entendo. Falando em mãe, a minha vai fazer uma festa de aniversário amanhã. Ela não me procura o ano inteiro, mas quer que eu apareça na festa. Já não basta ter anunciado a festa na Caras? – bufava Lili – Vocês vão comigo né?

- Acho que uma festinha high society pode melhorar o meu astral. – brinquei.
Seguimos a noite tomando vinho, comendo pizza e a falar sobre nossos desentendimentos maternos.

*****

No dia seguinte, apesar do meu baixo astral, subi no salto quinze e fui para a festinha da mãe da Lili. Mais conhecida como Dona Leiloca Bittencourt, figurinha carimbada das colunas sociais. A Lili não gostava muito de comentar sobre o assunto, mas era impossível não ler. Ao pisar na festa, percebi que era coisa fina. Digna da presença de Amaury Junior. Acho até que ouvi a musiquinha...
Dona Leiloca estava completando 60 anos, mas com um pele de botox que a deixava uns 20 anos mais jovem.

- Filha linda do meu coração! Que bom te ver. – dizia ela beijando Lili, ao mesmo tempo que sorria e fazia poses para os fotógrafos, elegantemente equilibrando uma taça de proseco na mão. – Meninas, continuam lindíssimas hein? Que bom que vieram. Fiquem à vontade... cadê o emergente do seu namoradinho, Lili?

Dona Leiloca não fazia muito gosto pelo Tavinho. Achava que ele era um aproveitador e que ia roubar a herança da família. Tavinho sacando todo o amor que a sogra tinha por ele, saiu pela culatra e pulou fora da festinha.

- Gente, eu preciso respirar. Minha mãe me sufoca com essa falsidade. – dizia Lili brecando o garçom para emendar o segundo espumante.

- Sua mãe é uma fofa, Lili. Bonita, rica... sem contar que a festinha tá bombando hein?

- Quer trocar, Diana? Daria tudo para ter uma mãe normal como a sua... – reclamava Lili sobre a exuberância de Dona Leiloca.

- Falando em exuberância, quem é aquele garotão bonitão ali, hein? Apresenta o priminho para titia, Lili. – era Betina quem espichava o olho num morenaço que não passava dos 25 anos.

- Pode tirar o cavalinho da chuva, bonitona. Aquele ali é o meu novo padrasto. Mais uma das crias da minha mãe. Ridículo não?

Betina pediu desculpas pela gafe, mas não conseguiu desgrudar o olho do jovem. Ele era realmente um Deus grego. Mais tarde, descobrimos que ele era um top model de peso nas passarelas de Paris.

- Minha Barbie!!! Que bom te ver. Dá um beijo no papai. – dizia um sedutor senhor grisalho queimado de bronzeamento artificial que era o pai da Lili.

- Não seja ridículo, pai. Vai assustar minhas amigas. – ela dizia abraçando o pai.

- Meninas, esse é o meu tesouro! Falando em tesouro... pitchuca, vem cá! Quero que conheça a nova namorado do papai, ou melhor, futura esposa.

Assim como a mãe da Lili gostava de pegar garotinhos para criar, o pai dela também alimentava as garotinhas. Pela pose, logo vimos que os dois devem ter arrumado os companheiros no mesmo desfile em Paris.

- Tudo bem que a Lili tem seu quê de realeza, mas ela nem parece dessa família!!! – desabafava Betina enquanto fumávamos no jardim.

- Chega a ser hilário! Mas como ela mesmo diz: é muita pose né? Chega até dar saudade dos arranca rabos que tenho com a minha mãe. São mais verdadeiros!

Enquanto ríamos daquela declaração, Lili chegou de olhos marejados e maquiagem borrada.

- Vamos embora, meninas! Essa festinha já deu para mim. Já fiz o meu papel de boa filha. – dizia ela parecendo nervosa.

- O que houve? – perguntei.

- Flagrei meu pai e minha mãe brigando mais uma vez por dinheiro lá em cima. Fui me intrometer e ouvi o que eu não queria da minha mãe. Daí, ela disse que eu estava estragando a festa dela. Pois bem. Se eu estrago, eu vou embora. Cansei de ser enfeite.

O dinheiro era a maldição da família Bittencourt. Os pais de Lili sempre passaram a vida toda brigando mais pelo dinheiro do que dando atenção para a filha. Não era à toa que Lili se sentia mais feliz com suas duas amigas pé rapadas.

*****

Era domingo e, como eu ainda estava chateada com a minha mãe, resolvi fazer a minha própria macarronada. Bem na hora que a água começou a ferver, a campainha tocou. Me assustei quando vi minha mãe parada na porta do meu apartamento.

- Oi, Diana! Posso entrar? – dizia ela com um tom de quem vinha para hastear a bandeira branca da paz. – Cheirinho bom. Tá cozinhando?

- É. Resolvi me virar.

Enquanto eu terminava o almoço, minha mãe ficou me rondando na cozinha querendo dizer algo, mas não conseguia. Sondou sobre a minha semana e outros assuntos banais para me amolecer.

Só depois da macarronada que ela quis saborear comigo, ela finalmente entrou no assunto.

- Que orgulho, filha. Sua comida estava maravilhosa.

- Acho que sei me virar sozinha. – alfinetei.

- Minha filha, me desculpe. Eu sei que errei domingo passado. Fui dura demais com você.

- O problema não é só domingo passado, mãe. Eu só queria saber o que eu fiz ou o que eu não fiz para a senhora me cobrar tanto?! Chego até a pensar se eu não sou adotada.

- Não diga uma bobagem dessas. – batia ela três vezes na mesa. – Você é sangue do meu sangue. E é a mais parecida comigo, se quer saber. Acho que é isso. Somos muito iguais e, por isso, batemos de frente. Mas saiba que eu admiro a sua garra, a sua independência... eu sei que você é a mais forte de todos e, por isso, acho que exagero na cobrança. Mas é para o seu bem, minha filha. Eu só quero o seu bem. Você me perdoa?

- Você é a minha mãe, né? Vir até a minha casa já é um bom começo. Promete que vai pegar leve comigo?

Minha mãe levantou-se, deu-me um beijo na testa e um forte abraço. Selamos nosso acordo de paz, ou pelo menos, demos uma trégua. O bom de tudo foi que ganhei uma tarde de filha única com direito a ganhar bolinho de chuva no fim da tarde. Sei que ainda vamos nos atritar novamente, mas adorei aquelas horinhas de queridinha da mamãe.

PAPO DE CALCINHA: E, VOCÊ É OU NÃO A QUERIDINHA DA MAMÃE?

2 comentários:

Mirella disse...

Sou .. mas ao mesmo tempo era a mais cobrada!! E depois que parei de frequentar os barzinhos com ela e saí de casa pois não aguentava mais ver ela pagando vexame ela mudou meu posto. Hoje mal nos falamos.. infelizmente, mas a vida é assim ... Bjs

Anônimo disse...

Para a pessoa amada me ligar

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Data: 01/05/12 Share on orkutShare on facebookShare on liveShare on twitterShare on email





m.a.c. neste momento onde quer que você esteja. Neste exato instante você(mac) vai perder a concentração e seu pensamento vai se voltar para mim. Você(mac) vai entender que não pode viver sem mim. Neste exato momento você(mac) começará se desfazer do seu orgulho. Agora mesmo você está com muita saudade e com vontade de me ligar. Agora mesmo você está pensando em mim. Você vai tentar resistir. Não resista. Se vc não me ligar agora, vai me ligar mais tarde. Ou amanhã ou depois. Mas neste instante você tem a certeza de que vai me ligar. Você compreenderá que está apaixonado por mim e não consegue ficar sem a minha presença. Neste exato momento você vai pensar em mim. Eu invoco os três Santos Anjos, Miguel, Gabriel e Raphael para que iluminem o seu coração e desfaça qualquer dúvida. Que Miguel expulse de perto de você todo mau espírito, toda má influência. Que Gabriel anuncie a você o meu nome, que sopre em seus ouvidos a palavra amor e faça; lembrar de mim, que me anuncie ao seu anjo da guarda. Qu!
e Raphael use seu o bálsamo curador para curar a descrença; que se instalou no seu coração mas que mantenha aberta a cicatriz do amor e do desejo por mim. Que assim seja. Com todo o meu amor! Quando esta mensagem for publicada, em dois minutos você terá um desejo irresistível e incontrolável de me ligar. Ceda a ele que estou esperando por você!Amém!