domingo, setembro 11, 2011

AMADO AMIGO: UMA NOVA CHANCE


Por Letícia Vidica


- Como assim a senhorita volta de viagem com o príncipe e nem nos aciona para contar nada? - essa era Lili com a Betina a tiracolo que tinham ido dar plantão na minha casa,uma semana depois da minha chegada de viagem com o Pedro.

- Achei que já soubesse o script da história de cor, ou melhor, pergunta para Betina que ela sabe direitinho como tramar essa história ... - eu dizia ainda furiosa com a armação da Betina e do Pedro.

- Peraí, gente, que parte da história eu perdi? - perguntava Lili.

- Não me mete no meio. - Betina, ainda tentando fingir que eu não sabia de nada.

- Não seja cínica, Betina. Sei muito bem que você armou com o Pedro essa palhaçada toda. Ele me contou. Então quer dizer que agora você fica bancando uma de cupido? E com que direito?

- Diana, eu só quis ajudar. Você vive reclamando que ninguém te ama, perdendo seu tempo como idiota do Pierre que não sabe se fode ou não ... enquanto isso, o Pedro, o maior partido da terra, de quatro por você...eu só achei que ia ajudar...

- Pois fique sabendo que você estragou tudo!!! Poxa, o Pedro é meu amigo. É assim que tem que ser...

- Vocês ficaram??!! - era o Tico e Teco da Lili funcionando meia hora depois...

- A gente se beijou sim. Mas a gente tava bêbado...aí o Pedro veio com umas histórias de que gosta de mim e tals, mas não é assim. Não pode ser isso.

- E por que não? Dá uma chance para ele, Diana. Para de ser boba. Se joga nos braços dele e seja feliz.

- Não sei, Betina. Não sei. E não adianta me aconselhar porque ainda estou muito furiosa com você.

Será que eu devia me jogar nos braços do Pedro? Essa foi a pergunta que mais me perseguiu por toda a semana. Falando nele, Pedro tinha sumido desde o nosso retorno. Se fosse um homem qualquer, poderia até dizer que tinha ficado bravo e me esquecido. Mas, sendo ele, sabia muito bem que o seu sumiço era um sinal de respeito ao meu momento. Porém, pensando bem, diante da minha indecisão, era até bom ficarmos um tempo sem nos falarmos.

Só que a vida é uma comediante e adora pregar peças na gente né? Adivinha o que aconteceu? Ao contrário da sua habitual atitude, Pedro foi me procurar uma noite dessas no meu apartamento.

- Pedro?! - disse assustada ao vê-lo parado na porta do meu apartamento.

- Vim em missão de paz. - ele dizia com os olhos tristonhos e parecendo até um pouco marejados.

Pedi que ele entrasse. Ofereci uma bebida, mas pude perceber que estava nervoso. Ficamos nos olhando um tempo. Ele suspirou, pegou nas minhas mãos, olhou nos meus olhos e dissemos:

- Desculpa!

Foi tão automático que logo caímos na risada. Incrível como eu não consegui ficar com raiva do Pedro.

- Preciso que me desculpe de verdade, Diana. Eu estraguei tudo, atropelei as coisas...

- Pedro, você não tem que se desculpar...eu é que tenho...fui uma grossa, mal educada com você. Você foi tão fofo, querendo me animar, me levou naquele hotel incrível, que amigo faria isso por alguém?

- Só um bobo apaixonado como eu. - ele disse num sopetão - É difícil admitir isso, Diana, mas você é muito mais que uma amiga para mim. Eu jamais quis te usar ou quis me aproveitar da sua amizade. Pelo contrário, esse sentimento nasceu muito depois disso. Mas você nunca me deu uma chance, uma abertura, achei que agora pudesse ser um bom momento...

- Pedro... eu ... - tetei dizer algo ainda um pouco tonta com tanta informação.

- Não precisa dizer nada. Não precisa se forçar a nada. Eu só achei que você tinha que saber disso. Cansei de levar esse sentimento no anonimato. Ah, e a Betina não tem culpa de nada. Fui eu quem pedi para ela me ajudar.

Antes que eu esboçasse qualquer tipo de reação, a campainha tocou. Para minha sorte ou azar, era o Pierre. Os dois lançaram olhares fuzilantes e eu fiquei ali me sentido a própria Gabriela com seus dois futuros projetos de marido. Dividida entre um amor do passado e o medo de um grande amor do futuro. Pedro se despediu de mim, como quem sai sorrateiramente de cena. Pediu que eu refletisse com calma tudo que ele tinha me dito e depois o procurasse.

- O que esse cara tava fazendo aqui? - perguntou Pierre com sua paciência ríspida.

- Primeiro lugar, esse cara é o meu melhor amigo. Segundo, a casa é minha e acho que não lhe devo mais satisfações né?

- Desculpe. É que você sabe que eu não vou muito com a cara dele... tenho minhas dúvidas sobre essa amizade, mas... te procurei final de semana passado...

- Eu viajei com o Pedro.

- Ah, agora tá até viajando com ele? Nossa!

- Pierre, se você veio até aqui para isso, pode ir embora.

- Não, não... eu vim te ver. Eu precisava te ver. E confesso também que preciso de uma resposta...

- Seu reloginho está correndo é? Pois fique sabendo que eu não tenho uma resposta... e não sei quando eu terei uma - ele não adorava jogar comigo? Pois agora será a minha vez!

Pierre me olhou com cara de cachorro sem dono.

- Diana, até quando a gente vai ficar longe um do outro? A gente se ama...vamos ser felizes. Eu te prometo, meu amor, vai ser diferente...agora é para valer.

Não sei por quê, mas eu não acreditava naquela promessa. De alguma forma, o Pedro tinha algo a ver com aquela minha desconfiança. Pela primeira vez, coloquei os dois na balança e estava disposta a pesar. Pedi para o Pierre respeitar o meu tempo e aguardar a minha resposta. E qual seria? Era isso que eu tentava buscar.

***

- Mãe, eu não sei o que fazer! - essa era eu choramingando no colo da pessoa que mais me entende no mundo. Mamãe! Eu tinha contado os últimos episódios do meu dramalhão mexicano para ela e agora pedia ajuda para dar um final digno àquela novela.

- Filha, você sabe o que eu acho sobre o Pierre. Gosto muito dele, mas acho que ele já brincou demais com você. Ele não é mais criança. Até quando vai viver de dúvidas? O Pedro, ah, o Pedro é como um filho para mim. Seria a maior alegria ter ele como genro. Ele é um bom moço e você merece uma nova chance, filha. Mas, você é grandinha e a decisão é sua. Só quero te ver feliz.

Mãe é tudo igual. Ajuda, mas só confunde a cabeça da gente. Que saudade dos tempos que ela decidia por mim. Era a saia rosa e não tinha choro. Agora, a decisão é minha. Oh, vida cruel.

Eu sei que não posso viver indecisa eternamente. Até porque corro o risco de ficar sem os dois passarinhos. Quem garante que eles vão me esperar? Porém, preciso me colocar à prova. Acho sim que minha mãe está certa...eu mereço uma nova chance. Basta saber se darei uma nova chance ao meu conforto inconstante com o Pierre ou a minha promessa de porto seguro com o Pedro. O certo ou o duvidoso? O amor ou a amizade? Jesus, me ajuda!

***

Resolvi apelar para um velho ditado que diz que o tempo cura e resolve tudo. Deixei nas mãos dele. O problema é que, mesmo que ele resolva, sempre dá um jeitinho de te avisar que o tempo está se esgotando.

- Di, como você está? - era Betina ao telefone.

- Estou ótima, na medida do possível.

- Já resolveu sua vida?

- Ainda não... estou deixando o tempo correr...

- Então acho bom se apressar...o Pedro me ligou hoje dizendo que vai voltar para o Rio amanhã... Você tem menos de 12 horas, amiga. Acho bom correr!

Foi o que fiz. Corri. Liguei para o Pedro e o convidei para jantar. Fiz uma comidinha gostosa (receita de mamãe), comprei uns drinks, me arrumei, me perfumei e coloquei tudo à prova.

- Nossa, como você está linda! - dizia ele ao chegar na minha casa - Só espero que não seja apenas uma despedida em grande estilo.

- Será que o senhor pode parar de querer adivinhar tudo? Entra!

Eu ainda estava um pouco nervosa com toda aquela situação. Era tudo muito novo. Ainda não me sentia à vontade com o fato de que eu tentaria dar uma chance para o meu melhor amigo. Prometi a mim mesma que ia deixar tudo correr e ver como aquela noite seguiria. Jantamos falando bobagens, rimos bastante e não trocamos uma única palavra sobre nosso possível romance.

- O jantar estava maravilhoso. Não sabia que você tinha dotes culinários. Parabéns! Mais uma surpresa....

- Você sabe que eu sou uma mulher surpreendente - eu disse me jogando no colo dele no sofá.

Ficamos em silêncio e Pedro acariciava os meus cabelos. De olhos fechados, me sentia como se o mundo tivesse parado. Engraçado que o Pedro fazia com que eu me sentisse uma adolescente apaixonada. E eu adorava toda aquela sensação.

- Não canso de dizer que você é linda! Pena que amanhã eu to indo embora...

- Disse certo. Amanhã. Então vamos aproveitar o hoje. - me desconheci, mas eu tinha dito aquilo. E nem vou ousar culpar o álcool.

Levantei, abracei o Pedro e o beijei. Eu queria sentir mais uma vez aquele beijo e testar se tudo aquilo que senti lá no chalé tinha sido real ou era apenas sensação etílica. Ledo engano, era real. O beijo dele era maravilhoso. Assim como o cheiro, o abraço, o perfume e... o sexo. Inevitavelmente, passamos a noite juntos. Me deixei levar. Ou, melhor, me dei uma nova chance. A noite foi maravilhosa. A cada toque, Pedro me tratava como seu eu fosse a coisa mais rara e valiosa do mundo.

***

- Diz que não foi um sonho? - Pedro me perguntava ao acordar.

- Não foi um sonho...foi mais real que tudo que já vivi nessa vida. Que coisa louca, Pedro. Eu e você? Quem diria?

- Eu e você? Então quer dizer que tenho chances? Tá certa disso?

- Pedro, você é a pessoa que mais me conhece no mundo. Eu não mentiria para você. Se vai dar certo, eu não sei. Mas eu estou a fim de tentar. Só quero que seja sincero se a gente descobrir no meio do caminho que estamos confundindo tudo. E, como tudo isso é novo para mim, você tá lá no Rio, acho melhor a gente ir devagar...

- O que você sugere? Sabe que faço tudo para ficar com você - ele dizia me beijando.

- Vamos nos conhecendo... vamos deixar rolar...preciso conhecer esse outro Pedro e você essa outra Diana, o que acha?

- Seja feita a vossa vontade...agora vem aqui que eu não quero perder um minuto a mais do seu lado.

Passamos a tarde toda trancados no meu apartamento tirando os anos de atraso e compensando a saudade que íamos sentir um do outro, quando ele partisse para o Rio. O mais incrível de tudo é que, por nenhum momento, eu lembrei do Pierre. Esse era outro problema que eu ia ter de enfrentar. Como dizer para ele que eu (agora) não queria mais?

***
- Betina, cuida da minha gatinha hein? Lembre-se que estamos separados apenas por uma ponte aérea. Logo mais, estou de volta.

Pedro me beijou, me abraçou, me cheirou, acariciou meus cabelos, me olhou fixamente...não queria largar!!!

- Desse jeito, você vai perder o voo. Vamos parar de melação? - brincava Betina.

Com muito custo, nos despedimos e Pedro entrou na sala de embarque. Naquele momento, meu coração doeu. Eu já estava com saudades e fiquei olhando ele partir com os olhos cheios de lágrimas.

- Amiga, você tá apaixonada!

- Ai, Bê, o pior é que eu estou - eu dizia rindo e chorando, ao mesmo tempo - E agora? O que eu faço?

- Seja feliz. Só isso já está bom demais.

Pois bem, é o que eu me propus a fazer não é?

PAPO DE CALCINHA: Você acha que a Diana fez a escolha certa?

3 comentários:

Aline disse...

Eu acho que ela fez a escolha certa... Pois ela precisa estar com quem realmente gosta dela, não da para ela viver com essas ocilações do Pierre.

Anônimo disse...

Adoro o blog!
Eu leio sempre, mas nem sempre comento. A Diana fez a escolha certa! Agora ela vai ser feliz. Bjos...
Ana Paula, MG

jeane disse...

COM CERTEZA!!!!! pierre e uma zica na vida da Diana, quando ta tudo dando certo o estrupicio aparece pra atraplhar.chuta que e macumba!!! hehehe