sábado, junho 25, 2011

MULHER LEITE NINHO

Por Letícia Vidica


- Nossa, Betina, o que houve? Te liguei ontem o dia todo e você nem retornou!

- Aposto que estava com o Luquinha... – alfinetou a Lili

- Luquinha? Quem é esse gente? Que parte do babado eu perdi? Pode me atualizar! – reivindiquei.

- É o novo peguete da Betina, Di. – respondeu Lili.

Só pelo diminutivo do nome, pude constatar que o garoto ainda devia estar na fase das fraldas. Aliás, apesar de toda a seriedade e maturidade da Betina, minha amiga adorava um bezerrinho. Ou, se não adorava, pelo menos, sempre atraía um. Era incrível. Mas, para não acabar com sua fama de bruxa má, ela ia logo se justificando, usando de todos os seus argumentos advocatícios. Se defendendo quase que em um tribunal.

- Não consigo te entender, Bê. Toda cheia de teorias sobre os homens e não para com essa mania de pegar para criar? – eu dizia.

- Aí é que se enganam. O bom dos novinhos é que a imaturidade se justifica pela pouca idade. Coisa que eu não agüentaria num velho babão. Sem contar que eles são cheios de pique, divertidos e me tratam como uma rainha. Me sinto a Deusa da sabedoria.

- Só você mesmo ... – ria Lili.

Ao contrário da Lili, eu sempre preferi os homens mais velhos. Não sei porque mas eles me passam a (falsa) impressão de que são mais maduros. Porém, a cada relacionamento que tenho, quanto mais velhos eles são, parecem que mais imaturos são também. Estou começando a achar que a minha teoria da maturidade está indo por água abaixo. Mas, mesmo assim, ainda insisto em dar murro em ponta de faca, atraindo-me pelos maduros imaturos.

***

Porém, não é sempre que, nós, mulheres, somos fieis às nossas preferências e ideais. Quando bate a carência, esquecemos de tudo e renegamos até nossas origens, se preciso for, para matar essa sede. E era justamente o que começava a acontecer naquela fase terrível que começava a me assombrar de novo.

Eu estava sem namorar há um tempo, sem ficar com ninguém, nenhum chamego, nenhum lance, nenhuma transa...estava cada dia mais difícil suportar. E difícil também estava suportar as investidas sobre mim do auxiliar de almoxarifado lá da agência em que eu trabalho. Ele era uma gracinha, mas tinha um pequeno probleminha...era quase 10 anos mais novo do que eu.

- Será que hoje você aceita o meu convite para almoçar, gata? – dizia o auxiliar debruçado na minha mesa.

- Bruno, você é um gentleman, mas hoje não vai dar...eu estou atrasadíssima com uma campanha...

- Sempre me dando bota né? Mas eu sou insistente! Não vou desistir. – dizia ele, pegando a minha mão e dando um beijo com cara de safado.

Confesso que me arrepiei, mas tive de me conter. Eu e ele seria um crime. Mas, mesmo assim, ele realmente não desistia. Sempre me elogiava, ficava me olhando quando eu passava, insistia em me chamar para almoçar...e eu sempre negando. Primeiro porque queria evitar comentários na empresa de que eu era pedófila. E, segundo, porque eu não queria trair os meus princípios.

- Para de ser boba, Diana. Aproveita! Cai nas garras do gatinho e tira essa teia de aranha. – incentivava Betina.

- Bê, o menino é uma criança. Tem vinte anos. Mal saiu das fraldas.

- E daí? Agora vai ficar dando uma de Madre Teresa?

Antes que eu pudesse responder, fomos interrompidas por um carro com um som alto, tocando funk, que tinha parado na porta do bar do Pedrão. Coincidências ou não do destino, o Bruno desceu do carro. Tentei me esconder, mas não deu.

- Gata!!! Que surpresa maravilhosa! Será que hoje finalmente poderei pagar um chopp pra você?

- Claro, gatinho...pode sentar aí...e a primeira rodada é por minha conta...- respondia Betina.

Não tive como fugir. O Bruno sentou na mesa, junto com dois outros amigos, que deviam ter a metade da idade dele. Pedimos mais cerveja, petiscos e ficamos conversando na mesa. Ele até que me surpreendeu. Tinha um papo interessante, se mostrou um garoto interessado...foi até que divertido.

Na hora de ir embora, ele insistiu em me levar para casa, já que a Betina já tinha caído nas garras de um dos amigos dele.
No caminho...

- Porque você foge de mim? – perguntou.

- Eu não fujo. – disse suando frio, ao pensar que rumo aquela conversa tomaria.
- Tá sempre inventando uma desculpa para não sair comigo. Mas viu como Deus é bom? Nos encontramos hoje...e aí vai fugir?

Antes que eu pudesse responder, ele me prensou na capô do carro e me roubou um beijo. Como eu não era de ferro, não resisti. A carência extremada, misturada com o ardor da adolescência, resultou em uma noite calorosa e agitada de amor e com o Bruno amanhecendo na minha cama. Somente pela manhã, ao vê-lo na minha cama, foi que redobrei a consciência.

- Bruno, acorda! – chacoalhei ele.

- O que foi? – ele disse ao acordar assustado.

- Olha, esqueça tudo que aconteceu entre nós ok?

- Como assim? Foi maravilhoso. Você é uma loba... – dizia ele tentando me abraçar.
- Foi muito bom, mas foi só isso ok? Você tem idade pra ser meu...meu...sobrinho! E isso é um crime...

- Para de ser quadrada, Diana. Hoje em dia, esse lance de idade não tem nada a ver...
- Tem sim. Eu sou muito velha para você. Você tinha que se interessar pela estagiária lá da agência...e não por mim!

- Se quer saber, eu adoro mulheres mais velhas. Agora pára de besteira e vem aqui.
A campainha tocou. Me enrolei nos lençóis e fui atender. E tudo que eu menos queria aconteceu. Minha mãe tinha ido me visitar. Naquele momento de crise de identidade, era tudo que eu menos precisava.

- Mãe?! – eu disse assustada.

- Nossa, porque o susto? Te liguei mil vezes e você não atendeu...vim assim mesmo...estava tomando banho? – disse ela ao me ver nua enrolada no lençol.

- Não é que...

Antes que eu respondesse, o Bruno apareceu nu na sala. Minha mãe deu um grito e fechou os olhos. Ele correu para o quarto.

- Diana? O que é isso? O que está virando a sua casa? Quem é esse?

- É um amigo, mãe.

- Amigo? Diana, esse garoto é um moleque. Tá ficando louca? Isso é crime.

- Mãe, tudo que eu menos preciso agora é de sermão. Pode voltar outra hora?

Enquanto isso, o Bruno saiu todo sem graça. Pediu desculpas a minha mãe, me beijou e disse que me ligava. Resultado: minha mãe passou a tarde inteira dando sermão, como se eu ainda fosse uma adolescente.

***

- Gente, acho que fiquei louca mesmo...nunca vai dar certo isso.

- Agora que tá ficando bom, Diana! – dizia Betina – Para de ser boba.

- Não dá, Betina, eu bem que tentei. Ele é ótimo de cama, mas não dá. O garoto está no cursinho pré-vestibular, vive escutando aqueles funks no carro, outro dia, fui na casa dele e ele estava num campeonato de Playstation...sem contar que a mãe dele me fuzilou né? É demais para mim...

- Você não sabe o que está perdendo...

- Será?

Eu realmente não sabia. Acho que estava começando a ficar envolvidinha com ele. Ao contrário dele, que já estava de quatro por mim. Tudo que eu queria de um homem, mas que estava recebendo de um menino.

Outro dia, fomos passear no shopping e tive a impressão de que as pessoas nos olhavam. Eu mal conseguia pegar na mão dele e evitava os abraços. Me sentia uma pedófila.

- Diana, o que está acontecendo? – ele perguntou. – Tem algo te incomodando?

- Ai, tem. Você não vê, parece que tá todo mundo olhando para mim e me chamando de pedófila...

- Olha, gata, gosto muito de você...mas se você entrar nessa pilha de ficar enlouquecendo pela nossa diferença de idade não vai dar certo. Eu estou 100% nessa relação,mas e você?

Eu não soube responder. Apenas pedi um tempo para que eu pudesse absorver aquela idéia de namorar um garoto. Um pouco contrariado, ele aceitou. Começamos até a nos evitar de conversar no trabalho para não gerar assunto. Ele me ligava insistentemente, me deixava recados no Facebook, sempre me olhava discretamente na agência, e eu evitando todas as investidas. Afinal, eu ainda não sabia o que eu queria.

Até que, um dia, enquanto almoçava com uma amiga de trabalho, vi o Bruno chegando para almoçar com a estagiária da agência, uma paquitinha que não passava dos vinte anos. Fiquei bege. E, antes que eu dissesse algo, a Paloma, minha amiga de trabalho disse:

- Tá sabendo do novo casal da agência? Os dois estão ficando.

Eu não consegui esboçar reação. Apenas me calei, inventei uma desculpa qualquer e voltei para o trabalho. Então, ele já tinha colocado outra em meu lugar?

- Diana...- ouvi Bruno me chamar no estacionamento, enquanto eu pegava o meu carro.
- A gente precisa conversar.

- Sobre?

- Sei que você me viu com a Suzana lá no restaurante, é que a gente...

- Não precisa me dizer nada. Já entendi perfeitamente. E você está certíssimo...a gente não ia dar certo...você é jovem e merece alguém da sua idade...

- Mas, se você disser que me quer, termino com ela hoje mesmo.

- Não faça isso. Não quero magoar mais um coração.

Beijei-o na face, entrei no carro e parti aos prantos.

- Não creio que até o bebezinho me passou a perna? – eu reclamava e chorava.

- Pera lá, Diana. Vamos fazer jus aos fatos. O garoto estava de quatro por você e você? Fez doce. Ficou cheia de pudores. Queria o que? A fila anda né?

- Mas tinha que ser justo com a estagiária?

- Ué, não é você quem dizia que ele precisava de alguém da idade dele? Ele arrumou.
Agora, engole né?

E foi o que eu fiz tive que engolir.

PAPO DE CALCINHA: E, você, gosta de homens (mulheres) mais novos (as)?

5 comentários:

Patty disse...

Sempre tive mto (ainda tenho um pouco) preconceito com essa questão de diferença de idade. Nunca vi problema quando o homem é mais velho q a mulher, mas na situação inversa sempre fui totalmente contra. Hj namoro um rapaz q é 6 anos mais novo q eu e q tem mto mais maturidade q meu ex marido ou namorados mais velhos q tive. Me tem num pedestal e faz tudo por mim e minha filha. No início tbm relutei mto com o envolvimento, mas eu me sentia tão bem q comecei com o tempo a não me preocupar mais com isso e com a opinião dos outros. Evito ficar pensando mto na questão da idade e me foco nos momentos bons e na felicidade q estou sentindo. Tudo nessa vida passa tão rápido. Se não der certo pelo menos terei mais uma experiência de vida. :)

Rafael disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael disse...

E a fila anda, sempre anda... Nao tem como evitar. Eu no lugar dele faria o mesmo. A diferenca de idade e algo muito relativo. Ja tive experiencia com mulheres mais velhas do que eu, cheia de nao me toque, cheia disso e daquilo, no final nao beijava bem e era ruim de cama, e insegura.

Eu costumo aproveitar os momentos como se fossem os ultimos da minha vida, afinal quem garante que eu nao vou morrer na semana que vem ?

A vida e curta tem que aproveitar, o maximo que pode acontecer e dar errado. E como eu disse acima: a fila anda, sempre anda....

Rafael disse...

Respondendo a sua pergunta: eu gosto da mulher que gosta de mim, e que se mostra interessada, sem ficar fazendo doce.

Joyce disse...

Talvez, se fosse solteira e me interessasse por um cara bem mais novo, eu até daria uma chance, sim.

É mto relativo. Mesmo pq mtas mulheres de até 40 anos comportam-se como verdadeiras adolescentes, havemos de concordar!!