terça-feira, outubro 25, 2011

SEXO SEM COMPROMISSO



Por Letícia Vidica


- Nossa, sinto que alguém está radiante hoje hein? – eu dizia para a Paloma, minha amiga de trabalho, em nosso horário de almoço.

- Jura que não está dando para disfarçar? – dizia ela com cara de quem queria me dizer algo – Ai, Diana, eu preciso contar uma coisa para você. Promete que não vai contar para ninguém?

O negócio parecia tão sério que fui logo jurando por toda a minha família e por todos os santos.

- Tive ontem a melhor transa da minha vida!!! – dizia Paloma com quem joga a batata quente na mão de outro.

- Sabia que essa sua carinha não me enganava hein... Mas qual é o problema? – até então ter a melhor transa da sua vida não é um problema e sim uma solução!

- Eu estaria mais calma se eu não tivesse transado com um cara que ao menos sei onde mora, o que faz...foi tudo tão de repente. Fui num bar com minha amiga, nos olhamos, nos beijamos e transamos enlouquecidamente no banheiro da balada. E agora me sinto culpada por isso.

- Culpada, Paloma? Sai dessa! Qual é o problema? Você apenas seguiu os seus instintos e nada mais... Mas, olha quem fala né, eu te entendo já passei por isso e confesso que também me culpei por um tempinho... – revelei a ela que eu não era esse poço de segurança que eu queria passar.

- Jura? E aí como foi? – depois que dividi o meu ‘segredinho’ com ela, Paloma ficou curiosa e pareceu mais aliviada por descobrir que não era a única mulher na face da terra que tinha transado com um desconhecido por apenas uma noite e nada mais.

***

A minha ‘apenas uma noite e nada mais’ começou quando resolvi aceitar o convite (sob forte insistência e pressão) da Lili para ir a Maresias na casa de praia do canalha do Luis Otávio. Um julgamento complicado salvou a pele da Betina, mas a minha não. O jeito foi arrumar as malas e cair na estrada.

- Lili, se eu ficar de vela o final de semana todo, eu mato você hein? – eu comentava enquanto seguíamos para a praia.

- Relaxa, Diana. Confia no meu taco. Já pedi pro Tavinho levar uns amigos...e ele tem uns amigos bonitinhos viu...opção não vai faltar, mas em caso de dúvida...fica com todos! – dizia ela rindo.

- Ih, Lili, tô fora... não esqueça que quem curte um prazer coletivo aqui é você hein.

Resolvi então relaxar e curtir a viagem. Afinal de contas, a companhia da Lili sempre me garantia boas risadas. Chegando a tal casa, Luis Otávio já esperava pela ‘gatinha’ do lado de fora...porém sozinho! Sinal de que eu seria o ‘empata foda’ deles né?

- Diana, que prazer te ver aqui!!! Olha, fica a vontade. A casa é sua.

Fui logo tratar de conhecer o meu quarto, enquanto o casalzinho apaixonado foi fazer um check-up no deles, se é que me entendem. Enquanto desarrumava a minha mala, fui surpreendida por uma voz.

- Diana?? Que surpresa maravilhosa!!!

- William? Nossa, eu que diga – quase caí para trás quando vi que o gato do William seria a minha companhia naquele final de semana que, até então parecia infernal, mas agora havia sinais de que seria dos deuses. Bem, o William é um amigo do Luis Otávio que eu sempre paguei um pau, achava gatérrimo, mas até então não tinha tido nenhum oportunidade de conhecê-lo melhor. Seria o cupido me dando uma segunda chance?

- Cadê o casal apaixonado? – perguntou ele sentando na cama bem ao meu lado.

- Adivinha? Estão lá no ninho de amor deles.

- Então que tal a gente pegar uma praia? – dizia ele passando os braços pelos meus ombros. Acho que me arrepiei naquela hora.

- Só se for agora. – um convite desses a gente não recusa.

Me troquei e fomos à praia. No caminho, não sei se prestei muito atenção na conversa porque os músculos dele e aquele corpo moreno escultural tiravam a minha atenção.

- A Lili me disse que o Otávio ia trazer uns amigos, mas não esperava que fosse você.

- Decepcionada? – perguntava ele me dando um sorriso malicioso como quem diz ‘é o que tem para hoje, baby’.

- Eu? Jamais. Surpresa, vamos dizer assim. Mas, pelo menos, eu não serei a vela dos dois sozinha né? Porque, pelo jeito, eles vão passar o final de semana trancados naquele quarto.

- Até que não seria nada mal né? – ele disse piscando para mim e se levantando para ir dar um mergulho no mar.

Fiquei hipnotizada vendo aquele corpo moreno suado caminhar para a praia e imaginando mil loucuras que eu poderia fazer com ele. Ai, meu Deus, mas é muita areia para o meu caminhão. Só caí em mim, quando fui acordada pelos gritos da Lili.

- Nossa, achei que só ia te ver amanhã na hora de ir embora.- eu dizia.

- Vou deixar as damas fofocando um pouco e vou cair na água.- dizia Otávio.

- E aí? O que achou? O Will é uma companhia à altura?

- Lili, tenho que confessar que não podia ter feito escolha melhor. O cara é um Deus e você bem sabe que eu acho ele maravilhoso. Mas é só uma amizade...ele nem quer nada comigo.

- Diana, para de ser modesta. Tá na cara que o Will vai dar o bote logo mais. Escuta o que eu tô te falando. – apesar da Lili entender muito bem sobre investidas de homens, duvidei.

Passamos o resto da tarde na praia até o anoitecer, comendo, bebendo e rindo das besteiras do Will que, além de lindo, era super bem humorado. À noite, Tavinho resolveu atacar de cozinheiro e fez uma das suas gororobas especiais.

- Ai, gente, agora para o jantar ser perfeito só está faltando o Will tocar né? – dizia Lili.

- Tocar? – me assustei.

Para a minha surpresa, além de gostoso e engraçado, ele também tocava violão e tinha uma voz maravilhosa. Voz que me deixou embriagada (mais ainda do que o vinho que eu tinha tomado). As músicas e o vinho estavam servindo como um ótimo afrodisíaco. A cada canção, ele cantava olhando profundamente para mim e com um sorriso safado de enlouquecer qualquer mulher. O Will é do tipo desses caras que tem o dom hipnotizador sabe? Fiquei tão hipnotizada que nem percebi que a Lili e o Otávio tinham saído pela culatra e indo para o habitat natural deles – o quarto.

- A noite tá tão linda. O que acha de dar uma volta na praia? – sugeriu o Deus de Ébano.

Pegamos mais uma garrafa de vinho, o violão e fomos nos sentar à beira do mar. Enquanto eu detonava a garrafa de vinho, Will cantava para mim numa espécie de serenata particular. Vamos combinar: tem como resistir a uma preliminar dessas?

De repente, no fim de uma canção surgiu aquele silêncio mortal. Ele ficou me olhando e eu sorri sem graça. Não sabia o que dizer. E muito menos pensar. Eu só queria me deixar levar. Will se aproximou de mim, passou os dedos suavemente nos meus olhos, depois no meu nariz, acariciou meus lábios, cheirou o meu pescoço e começou a beijar suavemente o meu ombro até parar próximo aos meus seios. Eu já estava em Marte nessa hora, amiga.

Inconscientemente, agarrei ele e começamos a nos beijar. Daí, minhas amigas, foi deixar acontecer naturalmente. Transamos à beira mar. Como eu esperava, o Will tinha uma pegada incrível. Foi uma das melhores transas da minha vida e, o pior de tudo, foi com ele que tive um dos meus melhores orgasmos.

***

- Mas e aí? – perguntava Paloma, ansiosa pelo fim da história.

Aí que a transa que começou na beira da praia acabou no meu quarto. Foi a noite toda sem parar. Pela manhã, acordei ainda meio zonza (afinal tinha gastado muita energia) e o Will não estava mais lá.

- Bom dia, margarida!!! – era Lili que entrava sorridente. – A noite foi boa?

- Lili, eu não acredito. A gente transou. – eu disse colocando a mão na cabeça para retomar a consciência sobre o meu ato.

- Que maravilha! E aí? Foi bom?

- Foi ótimo. Uma das melhores, mas Lili...eu mal conheço ele e agora? O que ele vai pensar de mim? Mas eu não consegui me controlar...aconteceu...todo aquele vinho, aquele mar, aquela lua, aquela música, aquele homem...eu fiquei hipnotizada...não pude esboçar reação. – desabei na cama e fiquei olhando para o teto.

- Diana, querida, para de ser quadrada! Aconteceu e pronto. Foi uma transa sem compromisso. Relaxa. Você não é a única mulher do mundo que fez isso. Para de se culpar hein? Veste seu biquíni que os meninos nos esperam para ir a praia. – dizia Lili, em tom natural, afinal sexo sem compromisso é bem natural para ela.

- Eu não vou. Como eu vou olhar na cara dele?

Apesar da noite ter sido maravilhosa e de eu saber que, hoje em dia, sexo sem compromisso faz parte de algumas ficadas, me senti culpada. Todo o machismo da sociedade eu joguei sobre mim. O que ele vai pensar? Vai achar que eu sou dessas mulheres fáceis? Vou ser mais uma no seu álbum de coleção de transas de uma noite só?

- O que foi, gata, tá tão calada. Aconteceu alguma coisa? Depois de uma noite tão maravilhosa, achei que ia merecer mais né? – era William que tinha notado a minha tensão.

- Não foi nada, Will. Só uma dor de cabeça.- claro que eu menti. Eu não podia deixá-lo perceber que eu me sentia culpada.

- Então vem aqui. – dizia ele me abraçando.

***

- E vocês se viram depois? – perguntava Paloma.

- A gente até trocou telefone e tals, mas nunca mais rolou de sairmos de novo. Foi só naquele dia e pronto. O Will é do tipo de cara aventureiro sabe?

- E como você encarou isso? – perguntou ela insaciável por uma solução.

- Resolvi não me culpar, afinal eu também estava a fim de transar com ele naquela noite. Não fiz nada que eu não quisesse não é? E se ele me usou, eu também usei e abusei daquele corpinho maravilhoso. Claro que não saio dando logo para o primeiro que aparece ou fica comigo, mas sexo sem compromisso, transas de uma noite só acontecem... faz parte do jogo. E, como todo jogo, é preciso abrir exceções não é mesmo?

Paloma ficou me olhando, mas sorriu como quem entende o recado e acho até que naquela hora ela tocou o foda-se em todo o seu sentimento de culpa. Terminamos o almoço que já tinha virado sorvete e retornamos para o trabalho. Afinal, o sexo pode até ser sem compromisso, mas o trabalho não.

PAPO DE CALCINHA: Sexo sem compromisso também faz parte da sua história? O que acha de relacionamentos de uma noite só e nada mais? Encara numa boa?

Um comentário:

jeane disse...

menina adorei a historia, me senti vc heheheh